O juízo do 5º Núcleo Regional de Custódia e de Inquérito - Sede em Sobral – manteve a prisão temporária da enfermeira Isabelle Cristina Simplício Brandão acusada do duplo homicídio ocorrido em Parnaíba na última terça-feira (14). Ela foi presa em Camocim, no Ceará. A decisão foi dada durante audiência de custódia realizada nessa quinta-feira (16).
Na decisão, o membro da magistratura não homologou o flagrante alegando que não foi devidamente comprovada nos autos a situação de flagrância e que “o simples fato de ter sido encontrada com a arma” não é o suficiente, além de considerar o decurso temporal entre os fatos e a prisão sem que tenha sido demonstrada a existência de perseguição incessante, sobretudo porque há notícia nos autos de que as advogadas da acusada estavam negociando com a autoridade policial a apresentação da mesma.
Mesmo não tendo homologado o flagrante, a Justiça manteve a prisão da enfermeira em virtude do mandado de prisão temporária. “Não havendo situação de flagrante, outra alternativa não há senão o relaxamento da prisão em flagrante da custodiada, devendo, contudo, ser mantida presa em razão do cumprimento do mandado de prisão expedido pelo Juízo da 1ª Vara Criminal da Comarca de Parnaíba/PI”, pontuou.
Por fim, foi declinada da competência em razão da inexistência de flagrante e do local em que o crime foi praticado, Parnaíba (PI), e determinado o envio dos autos para a 1ª Vara Criminal da Comarca de Parnaíba.
Entenda o caso
Uma enfermeira identificada como Isabelle Cristina Simplício Brandão foi presa no dia 15 de fevereiro sob acusação de duplo homicídio ocorrido na cidade de Parnaíba, no Litoral do Piauí. Ela foi localizada na Praia do Maceió, em Camocim, estado do Ceará.
De acordo com as informações repassadas pela Polícia Militar do Ceará, a prisão ocorreu após os policiais cearenses receberem a informação da Polícia Militar do Piauí que uma mulher acusada de ter matado duas pessoas e ferido uma terceira pessoa, teria fugido, juntamente com sua mãe, para a cidade turística de Camocim, no Ceará. Então, as equipes da PM do Ceará começaram as diligências pela cidade e conseguiram localizar e efetuar a prisão em flagrante da acusada Isabelle Cristina Simplício Brandão, que confessou o crime.
Dívida de R$ 12 mil
O GP1 apurou que a família da acusada realizou um empréstimo com uma das vítimas, que era agiota, mas, para tanto, deixou um veículo modelo Hilux como garantia. Contudo, em razão da demora para a quitação da dívida, a vítima afirmou que iria negociar o carro da família, a fim de sanar a dívida que havia sido feita, no valor de R$ 12 mil, o que motivou a ira de Isabelle Cristina Simplício Brandão.
Isabelle então marcou um encontro com o agiota na tarde do dia 14 de fevereiro, sob a alegação que iria pagá-lo, porém quando a vítima chegou até a Rua Boa Vista, no bairro São Benedito, em Parnaíba, Isabelle sacou a arma e atirou, atingido dois homens, que morreram na hora, além de uma terceira pessoa identificada como Pedro, que foi socorrida para o Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA).
Logo após o crime, ela retornou para casa e empreendeu fuga na madrugada do dia 15 para o município de Camocim-CE, onde acabou sendo presa pela Polícia Militar do Estado do Ceará. Após a prisão, ela manteve-se em silêncio e não revelou detalhes do crime.
Vítimas tinham sido presas um dia antes de morrer
O superintendente de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do Piauí, Matheus Zanatta, afirmou que as duas vítimas (Deoclécio Rodrigues Silva de Souza e José de Maria Vieira Lira) haviam sido presas pela Polícia Rodoviária Federal um dia antes de serem executados.
Eles foram abordados e flagrados com R$ 84 mil entre dinheiro e folhas de cheques. Na ocasião, os dois foram conduzidos para a Central de Flagrantes de Parnaíba, os valores foram apreendidos e os suspeitos foram liberados posteriormente.
“Das três pessoas, duas delas já têm passagens, inclusive, por crimes violentos, e existem indícios de que eles tivessem envolvimento com organização criminosa. Essa pessoa que sobreviveu é o Pedro, ele está internado e não corre risco de morrer. Nós ainda não o ouvimos, mas o fato é que a acusada estava devendo as vítimas, que foram cobrá-la. Há uma informação de que as vítimas estavam com uma Hilux, que seria da família da Isabelle, mas isso precisa ser confirmado na instrução do inquérito”, completou.
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