Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, negou que o Brasil tenha vivido uma ditadura militar entre 1964 e 1985. “E não considero que houve uma ditadura (no Brasil). Houve um regime forte, isso eu concordo”, afirmou o ministro da Defesa. “Cometeram excessos dos dois lados, mas isso tem que ser analisado na época da história de Guerra Fria e tudo o mais. Não pegar uma coisa do passado e trazer para os dias de hoje. Se houvesse ditadura, talvez muitas pessoas não estariam aqui”.
O ministro também negou o discurso sobre o “papel moderador” dos militares. “O País tem somente Três Poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, que têm de estar harmônicos e independentes. A Força Armada trabalha com o que está em cima do artigo 142 (da Constituição Federal). É isso, sem especulações e sem ilações”, declarou o general na sessão conjunta das comissões de Relações Exteriores, Fiscalização e Trabalho da Câmara.
O titular da Defesa disse, ainda, que não vinculou a realização das eleições de 2022 à aprovação do voto impressso. Em 22 de julho, o Estadão mostrou que no dia 8 daquele mês o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), recebeu duro recado de Braga Netto, por meio de importante interlocutor político. Na ocasião, o general pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022 sem aprovação do voto impresso, à época em tramitação na Câmara. A proposta foi rejeitada depois tanto na comissão especial que analisava o tema quanto no plenário da Casa.
“Reitero que não enviei ameaça alguma, não me comunico com presidente dos Poderes por intermédio de interlocutores. No mesmo dia, ainda pela manhã, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, confirmou publicamente que não houve esse episódio”, afirmou Braga Netto na audiência pública. “Considero esse assunto resolvido, esclarecido e encerrado.”
Nesta terça-feira, no entanto, o general disse que não daria opinião sobre voto impresso, embora tenha defendido mudanças nas urnas eletrônicas. “Eu não vou dizer se sou a favor ou não. Não estou aqui para emitir opiniões. Estou aqui para esclarecer as posições dadas pelas Forças Armadas”, respondeu Braga Netto, quando questionado sobre o assunto. “Acredito que todo cidadão deseja a maior transparência e legitimidade no processo de escolha de seus representantes no Executivo e no Legislativo, em todas as instâncias.”
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