O senador Omar Aziz PSD-AM) deve ser o presidente da CPI da Covid no Senado Federal. Embora tenha uma atuação considerada independente, mudando de posição de acordo com seus interesses, Aziz tem o apoio do Palácio do Planalto para ocupar a função. Pelo acordo entre os partidos, Renan Calheiros (MDB-AL) assumirá a relatoria do colegiado. Os nomes ainda precisam ser confirmados em eleição na primeira reunião da CPI, mas a escolha costuma ser combinada antes.
Aziz chegou a defender o adiamento da CPI e já adotou posições favoráveis ao governo em outros momentos. Coube ao senador, por exemplo, relatar a indicação de Jorge Oliveira, ex-ministro de Bolsonaro, a uma vaga no Tribunal de Contas da União.
"Não tem governo, seja de direita, centro ou esquerda, que não tenha cometido equívocos nessa pandemia. Em todos os Estados, está tendo morte. O João Doria (PSDB, governador de São Paulo) é 100% contrário ao pensamento do Bolsonaro. São Paulo, por acaso, está vivendo um mar de rosas? Esse discurso (eleitoral) não vai acontecer dentro da CPI", declarou Aziz ao Estadão/Broadcast Político.
Aziz concorreu ao governo do Amazonas em 2018, mas foi derrotado por Wilson Lima (PSC). Hoje, porém, os dois são aliados. O Estado é um dos principais focos da CPI após colapso na rede de saúde em janeiro, quando pacientes de covid-19 morreram asfixiados após estoques de oxigênio nos hospitais se esgotarem.
Inicialmente com foco apenas nas ações e omissões do governo de Jair Bolsonaro, a CPI teve seu escopo ampliado para Estados e municípios após pressão de governistas. Dos 11 titulares, porém, o governo é minoria, com quatro senadores declaradamente aliados, dois de oposição e 5 com atuação considerada independente.
O líder do DEM, senador Marcos Rogério (RO) elogiou Omar Aziz e disse que ele seria um bom nome para coordenar a CPI. No entanto, o senador de Rondônia ressaltou que a definição do cargo ainda não está decidida e que hoje qualquer um dos 11 titulares teria condição de assumir o posto. "Omar tem conversado com senadores, falado, mas esse tipo de situação é normalmente decidido na última hora. Isso passa pelo presidente do Senado e pelos partidos", declarou.
Marcos Rogério confirmou que o amazonense é o nome que mais tem se movimentado para ser presidente da comissão e que tem ligado para para senadores em busca de votos. Porém, o líder partidário acredita que até o dia da eleição para o comando da CPI pode haver uma mudança de cenário. O político do DEM afirmou ser impossível que a CPI seja instalada na semana que vem, que vai ser marcada por sessões do Congresso e o feriado de Tiradentes, e espera que a primeira reunião aconteça entre o final de abril e começo de maio.
"Omar é um grande nome, pessoalmente eu gosto dele, mas não é assim que funciona. Nesse tipo de situação às vezes o próprio candidato de última hora chega na comissão e fala: 'não, eu não quero isso'. Muda todo o cenário. O momento agora é de dialogar, dialogar à exaustão para poder chegar no final e ter um nome que reúna o consenso ou pelo menos que tenha a compreensão de que é o melhor quadro para presidir a comissão", declarou Rogério.
Relator
No caso da relatoria, o nome de Renan Calheiros deve ser confirmado após o líder do MDB, Eduardo Braga (AM), telefonar para Aziz na manhã desta sexta-feira abrindo mão da função.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição, ainda disputa a presidência, mas deve ficar com a vice, se o acordo que está sendo costurado no momento se concretizar. Aliados de Bolsonaro vão apoiar a eleição de Aziz.
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