Os três policiais militares do Maranhão que participaram da ação que deixou ferida a adolescente Geovanna Gabriely de Sousa Conrado, irmã da cantora Aline Conrado, em agosto deste ano, em Teresina, foram indiciados pelo crime de tentativa de homicídio.
Foram indiciados o cabo Patrick Aurélio dos Santos, o sargento James Alyssonn Leão e o tenente Javan de Sousa Arraes, apontado como sendo o autor dos disparos que atingiram Geovanna Gabriely.
A informação foi repassada, nesta quarta-feira (01), pelo delegado Bruno Ursulino, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela investigação. “Os três policias investigados nesse caso foram indiciados pela tentativa de homicídio qualificado contra as três pessoas que estavam no carro”, afirmou.
O delegado explicou ainda que mesmo os disparos tendo sido efetuados por apenas um deles, todos responderão pelo crime de tentativa de homicídio. “Eles estavam juntos no acompanhamento tático, lógico que no momento que aconteceu a abordagem, ela foi realizada pelos três. Nós estamos aguardando ainda a perícia das armas, mas pelo relato dos policiais um deles assumiu a posição de atirador, já os outros atuaram como co-autores a partir do momento que se encontraram no apoio logístico onde um dirigia o carro e outro auxiliava na abordagem”, pontuou Bruno Ursulino.
O delegado criticou ainda a forma como os policiais, que estavam a serviço, realizaram a abordagem ao carro da família da cantora. "Eles estavam de serviço, mas o que a gente lamenta foi apenas a escolha e a forma como foi abordada aquela família, e a lei determina que os culpados recebam o devido tratamento. Infelizmente, durante a abordagem se utilizou a forma errada e totalmente desastrosa no momento em que se optou por efetuar os disparos. Graças a Deus esses disparos não causaram a morte da família inteira, então, todas as três pessoas foram vítimas, então eles foram indiciados pela tentativa de homicídio contra as três pessoas", declarou Bruno Ursulino.
"O inquérito foi enviado à Justiça onde o promotor vai analisar e, caso entenda pela necessidade de novas diligências, aí a nossa equipe estará à disposição para realizá-las. O procedimento segue agora na fase judicial", completou o delegado Bruno Ursulino.
Sobre o argumento do policial de que os tiros foram efetuados em direção aos pneus, o delegado refutou tal informação baseado na perícia. “Quando a perícia foi realizada no veículo verificamos que o carro foi atingido desde a roda passando pelo porta-malas com disparos que perfuraram o teto do carro. O PM que efetuou os disparos disse que tentou acertar os pneus, mas a partir do momento que se utiliza de um fuzil 556 que tem a clara competência de atravessar a lataria de um carro, e se atira na direção de um veículo fica claro que não se tinha uma posição ideal de disparo mas que ainda assim foram efetuados os disparos. O perito conseguiu enumerar pelo menos oito disparos que atingiram a lataria”, explanou Bruno Ursulino.
Entenda o caso
De acordo com o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), o caso aconteceu no dia 26 de agosto de 2023, na BR 343, no cruzamento da Avenida Principal do Dirceu com a rodovia BR 343, no bairro Dirceu, zona sudeste de Teresina.
Estavam no veículo o pai, a mãe e a irmã da cantora Aline Conrado, Geovanna Gabriely. Eles voltavam de Timon, onde a cantora havia se apresentado, quando foram abordados por policiais militares do Batalhão de Timon, que estavam à paisana.
“As pessoas vinham de Timon, em um Siena, havia inclusive instrumentos musicais no carro. Estavam o marido, a esposa e a criança de 12 anos, quando, já na altura do Dirceu, esse carro fez abordagem. As pessoas do Siena pensaram que era assalto e quando tentaram sair foram atingidos com vários disparos de arma de fogo, e um dos projéteis chegou a atingir essa criança na região do abdômen”, detalhou o delegado Barêtta.
O GP1 apurou que o carro foi alvejado com pelo menos oito tiros, sendo a maioria de fuzil 556.
Policiais foram afastados
Por decisão do comando do 11º Batalhão da Polícia Militar do Maranhão, os policiais envolvidos na abordagem foram afastados das atividades desde a última segunda-feira, 28 de agosto.
Além do afastamento, a Polícia Militar do Maranhão instaurou um inquérito policial militar para apuração dos fatos. A medida ocorre após determinação do Comando-Geral da PM-MA, que designou um oficial da mais alta patente para se dirigir à Timon e realizar os procedimentos de apuração.
Na esfera criminal, o caso está sob responsabilidade do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), sob titularidade do delegado Bruno Ursulino, que já ouviu várias testemunhas e está com as investigações bastante adiantadas.
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