O desembargador Haroldo Rehem, do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, negou mandado de segurança impetrado pela defesa do capitão da Polícia Militar, Allisson Wattson da Silva Nascimento, assassino confesso de Camilla Abreu, contra decisão de juíza que indeferiu pedido para apresentação de rol de testemunhas.
A defesa argumentou que Allisson foi intimado, antes do recesso forense, para apresentar resposta à acusação, o que foi feito em 19 de janeiro de 2018, e analisada em 26 de janeiro do mesmo ano, ocasião em que a magistrada recebeu as razões de defesa, não tendo acatado, porém, a alegação de excludente de ilicitude e designando audiência para o dia 23 de fevereiro de 2018, intimando-o para, no prazo de cinco dias, especificar qual perícia pretendia que fosse realizada no aparelho da vítima, bem como para se manifestar sobre os documentos atestados aos autos.
- Foto: DivulgaçãoCamilla Abreu e capitão Allisson Wattson
Aduziu que a juíza indeferiu o rol de testemunhas, uma vez que foi apresentado fora do prazo previsto no art. 406, 5 3° do CPP, apesar de ter recebido todas as razões da resposta à acusação, aplicando a intempestividade apenas para a oitiva das testemunhas, dando, no mais, prosseguimento à instrução processual, decisão que não poderia ser efetivada, uma vez que o rol é parte integrante da peça da defesa, violando-se os princípios do contraditório e da ampla defesa.
Por fim, pediu a concessão de liminar para obrigar a magistrada a receber o rol de testemunhas e, no mérito, pela concessão da segurança, mantendo-se a liminar.
Na decisão de 20 de junho, o desembargador destacou que “o deferimento de provas pelo magistrado processante, é ato que se inclui na esfera da sua discricionariedade que poderá indeferi-las de forma fundamentada, quando entender protelatórias ou desnecessárias e sem pertinência com a instrução do processo. (...) Assim, inexiste desacerto na decisão impetrado que deferiu a produção de prova pericial e rejeitou, fundamentadamente, o rol de testemunhas apresentado”.
Relembre o caso
A estudante de direito, Camilla Abreu, desapareceu no dia 26 de outubro. Ela foi vista pela última vez em um bar no bairro Morada do Sol, na zona leste de Teresina, acompanhada do namorado e capitão da PM, Allisson Wattson. Após o desaparecimento, o capitão ficou incomunicável durante dois dias, retornando apenas na sexta-feira (27) e afirmou não saber do paradeiro da jovem.
A Delegacia de Homicídios, coordenada pelo delegado Barêtta, assumiu as investigações. O capitão foi visto em um posto de lavagem às margens do Rio Parnaíba, a fim de lavar seu carro sujo de sangue. Allisson disse ao lavador de carros que o sangue era decorrente de pessoas acidentadas que ele havia socorrido.
- Foto: Facebook/Camilla AbreuCamilla Abreu
Na tentativa de ocultar as provas do crime, o capitão trocou o estofado do veículo e tentou vendê-lo na cidade de Campo Maior, mas não conseguiu pelo forte cheiro de sangue que permanecia no carro.
Durante investigação, a polícia quis periciar o carro, mas Allisson disse ter vendido o veículo, mas não lembrava para quem. No dia 31 de outubro, o delegado Francisco Costa, o Barêtta, confirmou a morte da jovem. Já na parte da tarde, Allisson foi preso e indicou onde estava o corpo da estudante.
Na manhã de 1º de novembro, o corpo da estudante foi enterrado sob forte comoção no cemitério São Judas Tadeu. Laudo cadavérico da estudante Camilla Abreu concluiu que a jovem foi arrastada antes de morrer.
NOTÍCIAS RELACIONADAS
Negado novo pedido de Allisson Wattson para não ir a Júri Popular
Defesa de Allisson Wattson entra com novo pedido de liberdade no TJ
Wellington Dias encaminha ao TJ processo do PM Allisson Wattson
Processo de expulsão de Allisson Wattson da PM chega ao Karnak
Defesa de Allisson Wattson quer anular sentença de pronúncia
Juíza nega recurso do capitão Allisson Wattson contra Júri Popular
Juiz nega exame de insanidade mental ao capitão Allisson Wattson
Começa audiência de instrução do capitão Allisson Wattson no Tribunal do Júri
MP denuncia Allisson Wattson pelo assassinato de Camilla Abreu
Capitão Allisson Wattson é indiciado pela morte de Camilla Abreu
Allisson Wattson deve se entregar à Polícia Civil nesta terça-feira
Allisson Wattson se apresenta à Corregedoria e tem arma apreendida
Barêtta diz que tiro que matou Camilla Abreu não foi acidental
Perito diz que corpo de Camilla Abreu não tinha sinais de estupro
Vídeo mostra namorado de Camilla Abreu comprando banco de carro
Capitão da PM diz que matou Camilla Abreu acidentalmente
Corpo de Camilla Abreu é encontrado em estado de decomposição
Polícia prende capitão da PM suspeito de matar Camilla Abreu
Delegacia de Homicídios assume caso do desaparecimento de Camilla Abreu
Ver todos os comentários | 0 |