O juiz de direito Carlos Hamilton Bezerra Lima, respondendo pela 2ª Vara do Júri, negou pedido de instauração de incidente de insanidade mental requerido pela defesa do capitão da Polícia Militar do Piauí, Allisson Wattson da Silva Nascimento, réu confesso da morte da estudante Camilla Abreu. A decisão é desta segunda-feira (05).
Na decisão, o juiz destacou que não vê elementos que evidenciem razoáveis dúvidas quanto à integridade mental do militar, de modo a justificar, o deferimento do incidente suscitado pela defesa.
- Foto: Instagram/Allisson WattsonAllisson Wattson
“Note-se que o fato do acusado fazer tratamento com psiquiatra e tomar remédios controlados, por si só, não significa dúvida razoável de que ao tempo da ação o mesmo se afigurava destituído da capacidade de compreender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento”, concluiu.
Expulsão da PM
A Corregedoria da Polícia Militar do Piauí concluiu o processo administrativo contra o policial e o considerou culpado, sendo pedida a sua expulsão da corporação. O processo seguiu para o Tribunal de Justiça do Estado do Piauí. A decisão final caberá ao governador Wellington Dias, caso o TJ confirme o entendimento do conselho.
Audiência
No dia 23 de fevereiro foi realizada a audiência de instrução e julgamento do capitão, que se recusou a falar. Foram apresentadas 8 testemunhas pelo Ministério Público e nenhuma por parte do capitão.O promotor de Justiça, Benigno Filho, pediu que seja realizada a reconstituição do crime, enquanto o advogado Pitágoras Veloso requereu a revogação da prisão preventiva de Allisson.
- Foto: Lucas Dias/GP12ª Vara do Tribunal do Júri
A magistrada determinou que, após as vistas dos autos ao advogado para se manifestar sobre o pedido de reconstituição requerido pelo promotor de justiça, seja dado vistas aos autos para que Benigno se manifeste sobre o pedido de revogação. A juíza vai analisar os dois pedidos e decidir pelo deferimento ou não deles.
Relembre o caso
A estudante de direito, Camilla Abreu, desapareceu no dia 26 de outubro do ano passado. Ela foi vista pela última vez em um bar no bairro Morada do Sol, na zona leste de Teresina, acompanhada do namorado e capitão da PM, Allisson Wattson. Após o desaparecimento, o capitão ficou incomunicável durante dois dias, retornando apenas na sexta-feira (27) e afirmou não saber do paradeiro da jovem.
A Delegacia de Homicídios, coordenada pelo delegado Barêtta, assumiu as investigações. O capitão foi visto em um posto de lavagem às margens do Rio Parnaíba, a fim de lavar seu carro sujo de sangue. Allisson disse ao lavador de carros que o sangue era decorrente de pessoas acidentadas que ele havia socorrido.
- Foto: Facebook/Camilla AbreuCamilla Abreu
Na tentativa de ocultar as provas do crime, o capitão trocou o estofado do veículo e tentou vendê-lo na cidade de Campo Maior, mas não conseguiu pelo forte cheiro de sangue que permanecia no carro.
Durante investigação, a polícia quis periciar o carro, mas Allisson disse ter vendido o veículo, mas não lembrava para quem. No dia 31 de outubro, o delegado Francisco Costa, o Barêtta, confirmou a morte da jovem. Já na parte da tarde, Allisson foi preso e indicou onde estava o corpo da estudante.
Na manhã de 1º de novembro, o corpo da estudante foi enterrado sob forte comoção no cemitério São Judas Tadeu. Laudo cadavérico da estudante Camilla Abreu concluiu que a jovem foi arrastada antes de morrer.
O capitão virou réu na Justiça depois que a juíza de direito Maria Zilnar Coutinho Leal, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, recebeu denúncia do Ministério Público.
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