O Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta, em seu relatório trimestral Perspectiva Econômica Mundial, publicado nesta terça-feira, 26, que existe “uma série” de riscos de baixa para o crescimento global. Entre aqueles de “particular preocupação”, ele menciona a guerra na Ucrânia e seus efeitos, o quadro de desaceleração econômica na China, a inflação persistente e o aperto monetário dos bancos centrais para conter a trajetória dos preços.
A guerra da Rússia na Ucrânia pode levar mais para cima os preços de energia, diz o FMI. Ele vê ainda “muita incerteza” na oferta de gás russo para a Europa, neste ano e no próximo, e adverte que um corte total nessas entregas se refletiria em mais inflação global. Na Europa, haveria potencialmente racionamento de gás e um forte impacto no Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro.
A inflação, por sua vez, está “teimosamente elevada” e deve retornar aos níveis pré-pandemia no fim de 2024. Vários fatores, porém, fazem com que ela mostre mais força e perdure mais, aponta o Fundo, como a própria guerra na Ucrânia, além dos mercados de trabalho aquecidos.
Outro risco é que o processo para conter a inflação está se mostrando “mais custoso que o esperado”, com riscos de impacto ainda maior, a depender do nível de aperto dos bancos centrais. O FMI vê o risco de que condições financeiras mais restritas possam provocar problemas na dívida em economias emergentes e em desenvolvimento.
Existe igualmente a possibilidade de que o crescimento fraco da China persista. Como risco de baixa para esse país, há a chance de novos lockdowns ante surtos da covid-19, diz o FMI.
O Fundo menciona ainda que a alta nos preços de energia e alimentos provoca mais dificuldades para as pessoas, potencialmente causando dificuldades mais disseminadas, fome e distúrbios.
Como último desses riscos mais importantes no quadro atual, o FMI menciona que a economia global pode se tornar mais fragmentada, no médio prazo. A guerra na Ucrânia pode contribuir para isso, adverte, acrescentando que essa fragmentação reduziria a eficácia da cooperação global para lidar com as mudanças climáticas, aumentando também o risco de que “a atual crise alimentar possa se tornar a norma”.
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