A Procuradoria-Geral da República (PGR) fez um acordo com o deputado federal André Janones (Avante-MG) e optou por não processá-lo por desvio, um crime relacionado à “rachadinha”, prática de desvio de dinheiro público. Em resposta, a ONG Transparência Internacional — Brasil fez duras críticas, afirmando que a corrupção foi "normalizada" no país.
Em uma postagem publicada na noite da última sexta-feira (7), a Transparência Internacional questionou a situação do Brasil, destacando que a corrupção parece ter se tornado algo aceitável e até institucionalizado. A organização, que elabora anualmente o Índice de Percepção da Corrupção (IPC), enfatizou a normalização de condutas ilícitas, como o peculato — popularmente conhecido como "rachadinha" — e citou a impunidade de figuras políticas como o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Além disso, a ONG apontou o fato de Janones, após admitir o crime, ter recebido um acordo com a PGR que resultou em uma multa acessível, paga em 12 parcelas, sem que houvesse prisão.
O Brasil registrou o pior desempenho da série histórica no Índice de Percepção da Corrupção, publicado hoje pela Transparência Internacional.
— Transparência Internacional - Brasil (@TI_InterBr) February 11, 2025
O IPC avalia 180 países e atribui notas entre 0 (quando o país é percebido como altamente corrupto) e 100 (quando o país é percebido como… pic.twitter.com/uwzgQstFOH
Em tom crítico, a organização afirmou: "Alguma dúvida de que a corrupção foi normalizada no Brasil?". A crítica também incluiu uma referência ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmando que não existe um projeto eficaz de combate à corrupção e que o desmonte da Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contribui para a sensação de impunidade. “Retrato do Brasil em 2025: o presidente só pronuncia a palavra ‘corrupção’ para criticar o seu combate”, declarou a Transparência Internacional, ressaltando que, enquanto alguns acusados de corrupção, como Janones, enfrentam punições brandas, outros como Lira e Bolsonaro sequer são responsabilizados.
Retrato do Brasil em 2025: o presidente só pronuncia a palavra “corrupção” pra criticar o seu combate, o tribunal constitucional do país anistia corruptos em série, peculato tem apelido carinhoso de “rachadinha”, um representante do povo no Parlamento confessa esse crime e ao…
— Transparência Internacional - Brasil (@TI_InterBr) March 7, 2025
Brasil no pior desempenho da história no índice de percepção da corrupção
A crítica da ONG ocorre em meio à divulgação do Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2024, que mostrou o pior desempenho da história do Brasil no ranking. O país ficou na 107ª posição, empatado com outras nações como Nepal, Argélia, Malauí, Níger, Tailândia e Turquia. Esse é o pior resultado desde o início da série histórica do IPC, em 2012. O relatório destacou que a queda na pontuação do Brasil foi influenciada por fatores como o silêncio do presidente Lula em relação à corrupção, bem como pela permanência do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no cargo, mesmo após ser indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, fraude em licitação e organização criminosa.
Desde 1995, o IPC avalia a percepção de corrupção em 180 países e territórios, atribuindo notas de 0 a 100 para medir a integridade do setor público. Enquanto o Brasil permanece em um patamar baixo, países como Dinamarca, Finlândia, Cingapura e Nova Zelândia continuam a liderar o ranking, com notas que ultrapassam os 80 pontos.
Além dos casos mencionados, o relatório da Transparência Internacional também fez referência ao retorno da influência de empresários que confessaram envolvimento em irregularidades, como os irmãos Joesley e Wesley Batista, do Grupo J&F. Em maio de 2024, ambos participaram de uma reunião no Palácio do Planalto, com a presença de Lula.
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