Fechar
GP1

Economia e Negócios

Deputado quer estender isenção da conta de luz para famílias de baixa renda

Deputado quer ampliar até agosto benefício que valeria apenas entre abril e junho para as 9,4 milhões de famílias atendidas pelo programa Tarifa Social; projeto tem de ser votado na Câmara.

O relator da Medida Provisória 950/2020, deputado Léo Moraes (Podemos-RO), vai propor a extensão, por mais dois meses, da isenção na conta de luz das famílias de baixa renda cadastradas no programa Tarifa Social. No texto original da MP enviada pelo Executivo ao Congresso, a ampliação do desconto dos beneficiários valeria apenas por três meses, entre abril e junho, como forma de amenizar os efeitos da crise provocada pela pandemia de covid-19. Em seu relatório, Moraes vai propor que a benesse continue a vigorar em julho e agosto.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Moraes disse que pretende apresentar o relatório da proposta até, no máximo, quinta-feira, 16. A MP 950/2020 foi editada em 8 de abril pelo Executivo e perde validade em 5 de agosto caso não seja aprovada até lá na Câmara e no Senado. Segundo o parlamentar, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria manifestado um compromisso de pautar a MP rapidamente.


Com foco em 9,4 milhões de famílias de baixa renda, o programa Tarifa Social concede benefícios escalonados na conta de luz, entre 10% e 65%, até o limite de 220 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Para contribuir no enfrentamento da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, o governo ampliou, temporariamente, esse desconto para 100%, no período entre 1º de abril e 30 de junho.

Moraes afirmou que sua ideia inicial era estender o benefício até 31 de dezembro, enquanto vigorar o estado de calamidade pública devido à covid-19. Segundo ele, porém, há muita resistência por parte do governo em relação a essa medida.

O Tarifa Social já onera a conta de luz dos demais consumidores em R$ 2,594 bilhões anuais. Para isentar as famílias de baixa renda, o Tesouro aceitou, pela primeira vez em cinco anos, contribuir com os gastos do programa, para a qual destinou R$ 900 milhões - quantia que já era insuficiente para bancar todo o custo por 90 dias, estimado em R$ 1,2 bilhão. O restante, de acordo com o Ministério de Minas e Energia, seria coberto com sobras de fundos setoriais.

A estimativa é que ampliar a isenção demande algo entre R$ 600 milhões e R$ 800 milhões adicionais. O deputado afirmou que sua proposta é que o dinheiro também venha de fundos setoriais. "Esticamos a corda ao máximo. Recursos existem", afirmou. Se não houver novo aporte da União, esse custo adicional pode recair sobre a conta de luz dos demais consumidores do País.

Procurado, o Ministério de Minas e Energia informou que não há nenhuma decisão tomada em relação à possível prorrogação da isenção.

O relatório de Moraes deve propor ainda a proibição de cortes no fornecimento de energia por inadimplência até 31 de dezembro. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) suspendeu os cortes por falta de pagamento entre 24 de março e 31 de julho e avalia uma regra de transição que vigore de 1.º de agosto até o fim do ano.

O deputado quer, ainda, proibir a aplicação de reajustes ordinários e extraordinários pelo mesmo período. "Essa é uma medida que tem cunho social e repercussão muito grande", afirmou. Reajustes anuais e revisões extraordinárias, no entanto, são direitos das distribuidoras, estabelecidos em contrato de concessão e regulados pela Aneel.

Moraes disse que seu parecer não vai tratar da operação de socorro ao setor elétrico, conhecida como Conta-Covid. O financiamento para distribuidoras tinha um teto de R$ 16,1 bilhões, mas as empresas manifestaram interesse por R$ 14,8 bilhões. O empréstimo foi autorizado por decreto que regulamentou a MP 950 e já foi regulamentado pela Aneel, antes mesmo da aprovação da medida provisória.

O custo da Conta-Covid, de CDI mais 3,9%, foi considerado elevado e será rateado por empresas e consumidores, em processo ainda em análise na Aneel. A possibilidade de revisões tarifárias extraordinárias em razão da pandemia também está em avaliação no órgão regulador.

Programa

O Tarifa Social funciona de forma escalonada, como o recolhimento de Imposto de Renda. Exemplo: uma família com consumo mensal de 250 kWh paga os primeiros 30 kWh com 65% de desconto; a faixa entre 31 kWh e 100 kWh com 40% de desconto; a parcela entre 101 kWh e 220 kWh com 10% de desconto; e a parte acima de 220 kWh sem desconto algum.

Indígenas e quilombolas têm 100% de desconto caso consumam até 50 kWh; 40% entre 51 kWh e 100 kWh; 10% de 101 kWh a 220 kWh; zero a partir de 221 kWh.

Para ter direito ao benefício, é preciso estar inscrito no Cadastro Único do Ministério da Cidadania. A família precisa também comprovar renda per capita de até meio salário mínimo. Por ano, cada família recebe, em média, R$ 200 de subsídio.

Além de apoio às famílias de baixa renda, a medida ajudou as distribuidoras de energia. Isso porque, ao bancar as despesas em nome das famílias, o Tesouro reduziu os efeitos da inadimplência sobre as concessionárias nesse período. Assim, o dinheiro entrou direto no caixa das empresas.

NOTÍCIA RELACIONADA

Governo Federal vai bancar conta de luz de famílias de baixa renda

Governo estuda isentar conta de luz de consumidores de baixa renda

Mais conteúdo sobre:

Ver todos os comentários   | 0 |

Facebook
 
© 2007-2024 GP1 - Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do GP1.