A balança comercial brasileira deve encerrar 2024 com um superávit entre US$ 75 bilhões e US$ 78 bilhões, conforme aponta o Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Apesar do resultado positivo, o relatório alerta para incertezas no comércio mundial em 2025 devido à eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, que pode intensificar tensões globais com medidas protecionistas e alterações nas tarifas de importação.
Entre as principais medidas anunciadas por Trump, estão a elevação das tarifas para produtos chineses em até 60%, além de aumentos de 10% a 20% para outros países e 25% para o México, dependendo de negociações sobre imigração. A FGV prevê efeitos como aumento da inflação, elevação das taxas de juros nos EUA e valorização do dólar, o que poderá impactar negativamente o Brasil, reduzindo as margens para cortes nas taxas de juros. Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações brasileiras, com uma participação de 11,6% entre janeiro e outubro deste ano, enquanto a China lidera com 29,3%.
No acumulado de 2024, as exportações brasileiras para os Estados Unidos cresceram 11,5%, enquanto as remessas para a China aumentaram 3,9% e para a Argentina registraram queda de 24,1%. A diversificação da pauta de exportações para os Estados Unidos foi destacada pela FGV, com os cinco principais produtos representando 34% do total exportado, contrastando com a dependência de três itens – soja, petróleo e minério de ferro – que somaram 77% das exportações brasileiras para a China no mesmo período.
O relatório também destacou a relevância da indústria de transformação nas exportações para os Estados Unidos, que cresceram 7,9% em outubro de 2024, comparado ao mesmo mês de 2023. Apesar disso, a participação dessa indústria nas exportações brasileiras caiu de 81,6% em 2001 para 54,3% em 2022. O documento alerta para os riscos de medidas protecionistas de Trump afetarem produtos siderúrgicos e aeronaves, que têm os EUA como mercado principal, mas lembra que o Brasil tem capacidade de buscar mercados alternativos para produtos competitivos como café, carne e celulose.
Em outubro, o Brasil registrou um superávit comercial de US$ 4,3 bilhões, alcançando US$ 63 bilhões no acumulado do ano. O impacto das medidas de Trump na balança comercial dependerá das tarifas aplicadas e da capacidade de o Brasil redirecionar suas exportações. No entanto, a FGV alerta que, em um cenário global mais protecionista, a diversificação do comércio poderá enfrentar dificuldades, mesmo para itens em que o Brasil apresenta vantagens competitivas.
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