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Ciência e Tecnologia

Elon Musk quer demitir 10% dos funcionários da Tesla

Em um email visto pela Reuters, Musk ainda pede para que unidades pausem a contratação de funcionários.
Por Estadão Conteúdo

Elon Musk afirmou, nesta quinta-feira, 2, que vai precisar cortar cerca de 10% do quadro de funcionários da Tesla, sua montadora de carros elétricos. A informação foi obtida pela Reuters, que teve acesso a um email enviado pelo presidente da empresa.

A mensagem, intitulada "pause todas as contratações em todo o mundo", veio dois dias depois que o bilionário disse aos funcionários para retornar ao local de trabalho ou se demitirem, e se soma a um crescente coro de alertas de líderes empresariais sobre os riscos de recessão.


Quase 100 mil pessoas estavam empregadas na Tesla e suas subsidiárias no final de 2021, mostrou um relatório anual da SEC, equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil. A empresa não estava imediatamente disponível para comentar.

Com a notícia, as ações da Tesla caíram quase 5% no pré-mercado dos EUA na sexta-feira, 3, e as ações listadas em Frankfurt caíram 3,6% após o relatório.

Musk alertou nas últimas semanas sobre os riscos de recessão, mas seu email ordenando um congelamento de contratações e cortes de pessoal foi a mensagem mais direta e explícita do chefe da montadora.

Até agora, a demanda por carros da Tesla e outros veículos elétricos permaneceu forte e muitos indicadores tradicionais de desaceleração – incluindo o aumento de estoques e incentivos de revendedores nos Estados Unidos – não se materializaram.

Mas a Tesla tem lutado para reiniciar a produção em sua fábrica de Xangai depois que os bloqueios da covid-19 forçaram interrupções financeiramente caras para a empresa.

"É sempre melhor introduzir medidas de austeridade em tempos bons do que em tempos ruins. Vejo as declarações como um aviso prévio e uma medida de precaução", disse Frank Schwope, analista do NordLB baseado em Hanover.

Muitas montadoras alcançaram lucros recordes em 2021, mas a situação econômica agora é mais incerta, observou ele.

A perspectiva sombria de Musk ecoa comentários recentes de executivos, incluindo o CEO do JPMorgan Chase & Co, Jamie Dimon, e o presidente do Goldman Sachs, John Waldron.

Um "furacão está logo ali na estrada vindo em nossa direção", disse Dimon esta semana.

A inflação nos Estados Unidos está chegando aos maiores valores em 40 anos e causou um salto no custo de vida para os americanos, enquanto o Federal Reserve enfrenta a difícil tarefa de amortecer a demanda o suficiente para conter a inflação sem causar uma recessão.

Musk, o homem mais rico do mundo de acordo com a Forbes, não detalhou as razões de seu "mau pressentimento" sobre as perspectivas econômicas no breve email visto pela Reuters.

Também não ficou imediatamente claro qual implicação, se houver, a visão de Musk teria para sua oferta de US$ 44 bilhões pelo Twitter. Os reguladores antitruste dos EUA aprovaram o acordo na sexta-feira, fazendo com que as ações do Twitter subissem quase 2% nas negociações pré-mercado.

Vários analistas reduziram as metas de preços para a Tesla recentemente, prevendo perda de produção em sua fábrica de Xangai, um centro que fornece veículos elétricos para a China e para exportação.

A China respondeu por pouco mais de um terço das entregas globais da Tesla em 2021, de acordo com divulgações da empresa e dados divulgados sobre as vendas no país. Na quinta-feira, a Daiwa Capital Markets estimou que a Tesla tinha cerca de 32 mil pedidos aguardando entrega na China, em comparação com 600 mil veículos da BYD, empresa rival de veículos elétricos naquele mercado.

O analista da Wedbush Securities, Dan Ives, disse em um tuíte que parecia que Musk e Tesla estavam "tentando estar à frente de uma rampa de entrega mais lenta este ano e preservar as margens antes de uma desaceleração econômica".

‘Pausa em todas as contratações’

Antes do aviso de Musk, a Tesla tinha cerca de 5 mil vagas de emprego no LinkedIn, desde posições em vendas em Tóquio e engenheiros em sua nova mega fábrica em Berlim até cientistas de deep learning em Palo Alto. Ainda, a empresa tinha programado um evento de contratação online para Xangai em 9 de junho, em seu canal do WeChat.

A exigência de Musk de que os funcionários retornem ao escritório já enfrentou resistência na Alemanha. E seu plano de cortar empregos enfrentaria resistência na Holanda, onde a Tesla tem sua sede na Europa, disse um líder sindical.

"Você não pode simplesmente demitir os trabalhadores holandeses", disse o porta-voz do sindicato da FNV, Hans Walthie, acrescentando que a Tesla teria que negociar com um sindicato os termos de qualquer saída.

Em um email de terça-feira, 31, Musk disse que os funcionários da Tesla precisavam estar no escritório por um mínimo de 40 horas por semana, fechando a porta para qualquer trabalho remoto. "Se você não aparecer, vamos supor que você se demitiu", disse ele.

Musk se referiu repetidamente ao risco de recessão em comentários recentes. Falando remotamente em uma conferência em meados de maio, em Miami Beach, ele disse: "Acho que provavelmente estamos em recessão e essa recessão vai piorar".

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