*Arthur Teixeira Junior
Aquele menino chamava a atenção de todos no supermercado. Com seus 9 ou 10 anos, esbanjava saúde, cabelos lisos e longos, sorriso constante, caminhava de mãos dadas com o pai orgulhoso, demonstrando acima de tudo uma cumplicidade única entre pai e filho. Caminhavam logo a minha frente, rumo ao estacionamento no subsolo.
O pai abriu o portamalas daquele carro não muito velho, mas longe de ser um carro do ano. Guardadas as compras, pai ao volante e filho ajoelhado no banco da frente, com as mãozinhas sobre o painel, rosto encostado no parabrisas, ainda mais sorridente. O motorista arranca, cantando os pneus, e, em desabalada carreira, serpenteia perigosamente pelas colunas do prédio deixando o estacionamento e colocando em risco a integridade de outros compradores. Apesar do barulho do motor e dos pneus, podíamos ouvir as gargalhadas do inocente garotinho, vibrando com a irresponsabilidade do papai.
A princípio parece-nos uma cena sem a maior importância, inconseqüente. Entretanto, grande parte da violência e transtornos do caótico e perigoso trânsito de Teresina, vem desta origem: os filhos começam a aprender serem agressivos e desrespeitadores no trânsito com os próprios pais.
Comum vermos na porta dos colégios, principalmente os de alto padrão, pais dirigindo sem camisa, estacionando em fila dupla, buzinando freneticamente, desrespeitando a faixa de pedestres e discutindo aos berros com outros motoristas. Já na saída das escolas, os pais apressados desrespeitam semáforos, trancam cruzamentos, fazem conversões proibidas, exageram na velocidade. Tudo isso com seus filhos dentro dos carros, observando e, infelizmente, aprendendo.
Os filhos tem em seus pais o exemplo a ser seguido. “Filho de peixe, peixinho é.”, já dizia meu avô. E quando crescerem, tornando-se motoristas agressivos e infratores, nada mais estarão fazendo do que copiando o que viram os pais fazerem. E isto, não há autoescola que conserte. E nem multa que chegue.
Comum vermos cenas de pais chorando seus filhos, paraplégicos, sequelados ou estendidos na lápide fria, culpando o destino, Deus ou outro motorista qualquer. Mas, muitas vezes, os culpados são eles mesmos, que não souberam condicionar seus filhos, quando ainda crianças, a um convívio social harmônico e respeitoso.
Aquele sorridente garotinho do supermercado, quando de seus dezoito anos, certamente imitará o pai ziguezagueando em estacionamentos ou no trânsito, achando graça, até atropelar um inocente ou dar com a cara no poste.
Está mais do que na hora de nós, pais, darmos exemplos corretos a nossos filhos, diariamente, a toda hora, em todos os gestos. Ou estaremos multiplicando as vítimas de trânsito, os jovens desajustados, agressivos, bêbados e drogados. Depois, não adianta lamentar nossas vítimas.
Enquanto isso, fuja dos piores motoristas, segundo pesquisa não científica:
1. Idosos de chapéu;
2. Jovens sem camisa e com boné, com a aba virada para trás;
3. Senhoras com excesso de maquiagem (principalmente batom) e com bijuterias baratas em exagero;
4. Patricinhas com celular na orelha;
5. Motoqueiros com pés descalços e a chinela enganchada no guidão;
6. Motoristas sob chuva e com óculos escuros;
7. Com inscrições religiosas em letras garrafais em todos os vidros;
8. Com adesivos da faculdade, que supostamente freqüenta, no vidro traseiro;
9. Com adesivos no parabrisa dianteiro, bem a mostra, com os dizeres “Poder Judiciário”, “Polícia Rodoviária”, “OAB”, “Ministério Público”, e outros do gênero intimidatório;
10. Com os vidros todos fechados e com o som no último volume, mascando goma e saltitando no banco, feito um sagüi com Mal de Parkinson.
*Arthur Teixeira Junior é articulista e escreve para o GP1
Aquele menino chamava a atenção de todos no supermercado. Com seus 9 ou 10 anos, esbanjava saúde, cabelos lisos e longos, sorriso constante, caminhava de mãos dadas com o pai orgulhoso, demonstrando acima de tudo uma cumplicidade única entre pai e filho. Caminhavam logo a minha frente, rumo ao estacionamento no subsolo.
O pai abriu o portamalas daquele carro não muito velho, mas longe de ser um carro do ano. Guardadas as compras, pai ao volante e filho ajoelhado no banco da frente, com as mãozinhas sobre o painel, rosto encostado no parabrisas, ainda mais sorridente. O motorista arranca, cantando os pneus, e, em desabalada carreira, serpenteia perigosamente pelas colunas do prédio deixando o estacionamento e colocando em risco a integridade de outros compradores. Apesar do barulho do motor e dos pneus, podíamos ouvir as gargalhadas do inocente garotinho, vibrando com a irresponsabilidade do papai.
A princípio parece-nos uma cena sem a maior importância, inconseqüente. Entretanto, grande parte da violência e transtornos do caótico e perigoso trânsito de Teresina, vem desta origem: os filhos começam a aprender serem agressivos e desrespeitadores no trânsito com os próprios pais.
Comum vermos na porta dos colégios, principalmente os de alto padrão, pais dirigindo sem camisa, estacionando em fila dupla, buzinando freneticamente, desrespeitando a faixa de pedestres e discutindo aos berros com outros motoristas. Já na saída das escolas, os pais apressados desrespeitam semáforos, trancam cruzamentos, fazem conversões proibidas, exageram na velocidade. Tudo isso com seus filhos dentro dos carros, observando e, infelizmente, aprendendo.
Os filhos tem em seus pais o exemplo a ser seguido. “Filho de peixe, peixinho é.”, já dizia meu avô. E quando crescerem, tornando-se motoristas agressivos e infratores, nada mais estarão fazendo do que copiando o que viram os pais fazerem. E isto, não há autoescola que conserte. E nem multa que chegue.
Comum vermos cenas de pais chorando seus filhos, paraplégicos, sequelados ou estendidos na lápide fria, culpando o destino, Deus ou outro motorista qualquer. Mas, muitas vezes, os culpados são eles mesmos, que não souberam condicionar seus filhos, quando ainda crianças, a um convívio social harmônico e respeitoso.
Aquele sorridente garotinho do supermercado, quando de seus dezoito anos, certamente imitará o pai ziguezagueando em estacionamentos ou no trânsito, achando graça, até atropelar um inocente ou dar com a cara no poste.
Está mais do que na hora de nós, pais, darmos exemplos corretos a nossos filhos, diariamente, a toda hora, em todos os gestos. Ou estaremos multiplicando as vítimas de trânsito, os jovens desajustados, agressivos, bêbados e drogados. Depois, não adianta lamentar nossas vítimas.
Enquanto isso, fuja dos piores motoristas, segundo pesquisa não científica:
1. Idosos de chapéu;
2. Jovens sem camisa e com boné, com a aba virada para trás;
3. Senhoras com excesso de maquiagem (principalmente batom) e com bijuterias baratas em exagero;
4. Patricinhas com celular na orelha;
5. Motoqueiros com pés descalços e a chinela enganchada no guidão;
6. Motoristas sob chuva e com óculos escuros;
7. Com inscrições religiosas em letras garrafais em todos os vidros;
8. Com adesivos da faculdade, que supostamente freqüenta, no vidro traseiro;
9. Com adesivos no parabrisa dianteiro, bem a mostra, com os dizeres “Poder Judiciário”, “Polícia Rodoviária”, “OAB”, “Ministério Público”, e outros do gênero intimidatório;
10. Com os vidros todos fechados e com o som no último volume, mascando goma e saltitando no banco, feito um sagüi com Mal de Parkinson.
*Arthur Teixeira Junior é articulista e escreve para o GP1
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
Ver todos os comentários | 0 |