*Fenelon Rocha
Costumamos buscar os rótulos para definir as pessoas. E essa busca se faz mais forte quando se trata de quem parte desta para outra dimensão. Pensei nisso quando soube da morte do jornalista Carlos Augusto de Araújo Lima. Não tive dificuldades para encontrar uma definição clara sobre o perfil do velho jornalista. Carlos era um homem apaixonado.
Ver Carlos Augusto como um homem apaixonado não é uma percepção de hoje, após o desfecho de toda vida. Não. O jornalista encheu meus ouvidos de menino, através das ondas da Pioneira, que meu pai ouviu religiosamente. Logo mais, encheu minhas lembranças, quando passei anos distante do Piauí, mas segui ouvindo os ecos de suas palavras. Mais adiante, encheu minha retina, nos comentários de TV, nas entrevistas como deputado ou comentando a política piauiense. Por fim, encheu meu coração de prazer, nas conversas – não tão freqüentes mas sempre ricas – que tivemos, cara a cara.
Nesses diversos momentos, havia Carlos Augustos distintos: às vezes governo, outro momento oposição. Mas, em qualquer circunstância, havia um único Carlos: apaixonado em seu jeito de fazer política, decidido e informado na defesa de suas posições e sempre, sempre, norteado pelo prazer de ser jornalista. Foi político a vida toda, mas sem nunca deixar de ser jornalista.
Talvez tenha sido o jornalista mais influente de toda a história do Piauí, quando apresentava o radiojornal da Pioneira. Era uma repercussão fenomenal. Tanto que, em 1972, o jornalista conseguiu se eleger vereador de Teresina com uma votação acachapante – mais de 7 mil votos: tão acachapante que foram necessários mais de 30 anos para ser superada.
Olhando para trás, podemos dizer sem medo de errar: poucos tiveram o lugar tão privilegiado que Carlos teve nos últimos 50 anos. Ou talvez seja mais certo dizer: ninguém, ninguém mesmo, teve lugar tão privilegiado como Carlos Augusto de Araújo Lima.
Foi assessor ou conselheiro de todos os governadores do Piauí desde Petrônio Portela, no início dos anos 60. Era quase um menino, mas já estava lá, no Palácio, atrás de uma máquina de escrever, distribuindo informações para Deus e o mundo. Naquela época, a Secretaria de Comunicação era coisa de um homem só. E esse homem era Carlos Augusto.
Trabalhava com um prazer sem medida. E deixava essa paixão transparecer.
Por ser tão apaixonado, era um grande debatedor. Discutiu tudo. O tempo todo. Levantava a voz, ficava na ponta dos pés, gesticulava e rodopiava em torno dos próprios pensamentos. Muitas vezes desnorteava o interlocutor.
Quando se discutia com Carlos, os gestos largos pareciam indicar uma briga, uma batalha feroz. Mas, não: era só a manifestação de uma paixão, qualquer que fosse a daquele momento. Porque, apesar da voz elevada e dos argumentos poderosos, nunca fazia da discussão um caminho para a animosidade.
Carlos viveu apaixonadamente, sem escamotear posições ou opiniões.
Também deve o cuidado de preservar os amigos. Muitos amigos. Em todos os lados da esfera política. Com eles travava discussões apaixonadas. Mas, também com eles, desfrutava de uma amizade sem limites.
*Fenelon Rocha Jornalista e Professor da UFPI
Costumamos buscar os rótulos para definir as pessoas. E essa busca se faz mais forte quando se trata de quem parte desta para outra dimensão. Pensei nisso quando soube da morte do jornalista Carlos Augusto de Araújo Lima. Não tive dificuldades para encontrar uma definição clara sobre o perfil do velho jornalista. Carlos era um homem apaixonado.
Ver Carlos Augusto como um homem apaixonado não é uma percepção de hoje, após o desfecho de toda vida. Não. O jornalista encheu meus ouvidos de menino, através das ondas da Pioneira, que meu pai ouviu religiosamente. Logo mais, encheu minhas lembranças, quando passei anos distante do Piauí, mas segui ouvindo os ecos de suas palavras. Mais adiante, encheu minha retina, nos comentários de TV, nas entrevistas como deputado ou comentando a política piauiense. Por fim, encheu meu coração de prazer, nas conversas – não tão freqüentes mas sempre ricas – que tivemos, cara a cara.
Nesses diversos momentos, havia Carlos Augustos distintos: às vezes governo, outro momento oposição. Mas, em qualquer circunstância, havia um único Carlos: apaixonado em seu jeito de fazer política, decidido e informado na defesa de suas posições e sempre, sempre, norteado pelo prazer de ser jornalista. Foi político a vida toda, mas sem nunca deixar de ser jornalista.
Talvez tenha sido o jornalista mais influente de toda a história do Piauí, quando apresentava o radiojornal da Pioneira. Era uma repercussão fenomenal. Tanto que, em 1972, o jornalista conseguiu se eleger vereador de Teresina com uma votação acachapante – mais de 7 mil votos: tão acachapante que foram necessários mais de 30 anos para ser superada.
Olhando para trás, podemos dizer sem medo de errar: poucos tiveram o lugar tão privilegiado que Carlos teve nos últimos 50 anos. Ou talvez seja mais certo dizer: ninguém, ninguém mesmo, teve lugar tão privilegiado como Carlos Augusto de Araújo Lima.
Foi assessor ou conselheiro de todos os governadores do Piauí desde Petrônio Portela, no início dos anos 60. Era quase um menino, mas já estava lá, no Palácio, atrás de uma máquina de escrever, distribuindo informações para Deus e o mundo. Naquela época, a Secretaria de Comunicação era coisa de um homem só. E esse homem era Carlos Augusto.
Trabalhava com um prazer sem medida. E deixava essa paixão transparecer.
Por ser tão apaixonado, era um grande debatedor. Discutiu tudo. O tempo todo. Levantava a voz, ficava na ponta dos pés, gesticulava e rodopiava em torno dos próprios pensamentos. Muitas vezes desnorteava o interlocutor.
Quando se discutia com Carlos, os gestos largos pareciam indicar uma briga, uma batalha feroz. Mas, não: era só a manifestação de uma paixão, qualquer que fosse a daquele momento. Porque, apesar da voz elevada e dos argumentos poderosos, nunca fazia da discussão um caminho para a animosidade.
Carlos viveu apaixonadamente, sem escamotear posições ou opiniões.
Também deve o cuidado de preservar os amigos. Muitos amigos. Em todos os lados da esfera política. Com eles travava discussões apaixonadas. Mas, também com eles, desfrutava de uma amizade sem limites.
*Fenelon Rocha Jornalista e Professor da UFPI
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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