Um único arranhão em uma panela antiaderente é o suficiente para liberar milhões de microplásticos tóxicos em alimentos, é o que revela estudo realizado por cientistas da Universidade de Newcastle, na Austrália e publicado na revista científica Science of The Total Environment.
As substâncias que podem ser liberadas se chamam "per-e polifluoroalquil (PFAS)", também conhecidas como “produtos químicos eternos”. Estas substâncias tóxicas podem ser encontradas em embalagens de alimentos, na água potável e em utensílios domésticos com teflon, usado para revestir frigideiras e fritadeiras elétricas. Estas substâncias levam quase uma década para se decompor no corpo humano e nunca se decompõem no meio ambiente. Nos últimos anos, elas têm sido associadas a uma série de problemas de saúde, incluindo vários tipos de câncer, autismo e infertilidade.
Os cientistas, através de imagens Raman – técnica que utiliza ondas de luz para monitorar a quantidade de partículas microscópicas e a interação delas - conseguiram identificar a quantidade presente de PFAS nas panelas revestidas com teflon. Eles perceberam que apenas um arranhão de cinco centímetros feitos com uma espátula ou colher, liberou cerca de 2,3 milhões de microplásticos.
Usando imagens microscópicas, os cientistas puderam observar milhões dessas partículas sendo expelidas pela panela, permitindo que entrassem nos alimentos cozidos no prato.
“Isso nos dá um forte aviso que devemos ter cuidado ao selecionar e usar utensílios de cozinha para evitar a contaminação dos alimentos”, afirma o professor e pesquisador Youhong Tang em comunicado.
Apesar dos riscos, não existem regulamentações federais nos EUA sobre a quantidade de PFAS que pode estar na superfície de produtos manufaturados. Os pesquisadores australianos recomendam que as pessoas evitem o uso de panelas antiaderentes, especialmente as que contêm teflon.
“A presença da PFAS é uma grande preocupação, já que essas micropartículas de teflon em nossos alimentos podem causar problemas de saúde. Não sabemos muito sobre esses contaminantes emergentes e é preciso investigar”, explica o pesquisador Cheng Fang.
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