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Juiz sequestra R$ 5 milhões dos 30 presos por fraude contra o Santander no Piauí

A decisão do juiz Valdemir Ferreira dos Santos, da Central de Inquéritos, foi dada dia 24 de agosto.

O juiz Valdemir Ferreira dos Santos, da Central de Inquéritos de Teresina, que decretou as prisões temporárias dos 30 alvos da Operação Prodígio, deflagrada nessa terça-feira (05), também determinou o bloqueio via Sisbajud e sequestro dos valores constantes em contas bancárias e aplicações financeiras de todos os presos de até R$ 5 milhões, que foi o prejuízo causado no banco Santander no Piauí. A decisão foi dada no dia 24 de agosto.

Na decisão, o magistrado autorizou ainda a extração de dados telefônicos e telemáticos, mídias sociais (facebook, whatsapp etc), inclusive dados deletados, bem como os dados armazenados em nuvens vinculadas às contas cadastradas nos referidos aparelhos celulares apreendidos, para fins de auxiliar nas investigações, bem como notebooks ou quaisquer aparelhos eletrônicos que armazenem dados, expedindo relatório de todo o material encontrado, bem como que tal conteúdo seja compartilhado em caso de necessidade em outros procedimentos policiais em curso ou a instaurar.


Foto: Reprodução/InstagramÂngela Terto e Anderson Ranchel
Ângela Terto e Anderson Ranchel

Foram presos o líder do grupo, Anderson Ranchel Dias de Sousa, a esposa dele, Ângela Terto, que denunciou o golpes, o empresário Ilgner Oliveira Bueno Lima e o pai dele, Raimundo Isaias Lima e outras 26 pessoas.

Conforme a Secretaria de Segurança Pública, os criminosos eram divididos em quatro grupos:

Grupo Vermelho formado por: Anderson Ranchel Dias de Sousa; Ângela Terto; Liedson Ribeiro da Costa; Marcelo Cristian Gomes Silva; Washington Silva de Santana; Ramon Vitor Lopes Gomes; Kamila Thayline de Oliveira Gomes e Taíse Nunes da Silva.

Grupo Azul: Deana Mayara da Costa Reis; Handson Ferreira Barbosa; Tiago De Carvalho Santos; Juliana Maciel Aires; Ariosvan Lopes Perera; Dimona Cibele de Andrade Miranda; Maria Aparecida da Costa Morais; Jose Lann da Penha Passos e Louise Raquel Cardoso de Sousa.

Grupo Verde: Vitoria Ferreira do Nascimento; Sávio Máximo de Sousa Andrade; Wanderson Santos Queiroz; Simplicio da Silva Santos; Vinicius de Morais Sousa; Eristay Cantuário Olivera; João Gabriel Vieira Leal dos Santos; Rafael Soares de Oliveira; Rennan Erick de Oliveira Sousa e Erisvelton Felipe Oliveira Santos.

Grupo Rosa: Ilgner Oliveira Bueno Lima, Raimundo Isaias Lima e Marcelo de Sousa Almeida.

Como funcionava o esquema

Ainda de acordo com o delegado, entre os “clientes” estavam pessoas jovens que faziam cadastro dizendo ser médicas, mesmo com pouca idade. “Meninas de 19 anos faziam cadastro dizendo que eram médicas obstetras, por isso o nome da operação é prodígio. Apresentavam renda mensal de R$ 30 mil, aí faziam movimentação nessas contas para o motor de crédito do banco acreditar que recebiam R$ 30 mil, e essa pessoa, por exemplo, adquiria crédito, pedia crédito pessoal de R$ 60 mil e pagava, então, o limite subia para R$ 90 mil, até que a organização criminosa acreditava que tinha chegado no máximo de score que o banco podia dar e fazia o chamado tombamento, pegava o máximo de crédito, tirava da conta usando empresas fantasmas que foram abertas com essa finalidade e, por fim, não pagava mais", explicou Anchieta Nery.

Foto: Alef Leão/GP1Delegado Anchieta Nery, diretor de Inteligência da SSP-PI
Delegado Anchieta Nery, diretor de Inteligência da SSP-PI

"A organização então movimentava o dinheiro pelas empresas fantasmas que na frente saia rateado, parte para os líderes, parte, talvez, para alguém da instituição financeira com envolvimento e parte para os clientes que quiseram participar do esquema", afirmou Anchieta Nery.

Criação de empresas fantasmas

O delegado Anchieta Nery revelou que o empresário Ilgner Bueno e o pai dele, Raimundo Isaías Lima, criaram empresas fantasmas para movimentar o dinheiro oriundo das fraudes cometidas pela organização criminosa. “Ele criou empresas fantasmas, algumas no nome do pai para movimentar o dinheiro dessa organização criminosa, desse esquema, inclusive, uma dessas empresas chegou a receber até meio milhão de reais no período da investigação”, pontuou o delegado Anchieta Nery.

Ainda conforme o delegado, Ilgner se apresentava como pré-candidato a vereador de Amarante. “Ele morava em Teresina, mas estava se apresentando em Amarante como pretenso candidato a vereador. Ele é um cara que desde cedo se associou ao líder da associação criminosa e que tem raízes familiares em Amarante, inclusive, o pai dele foi preso nessa operação policial. Ele é um cidadão bastante conhecido na cidade”, afirmou Anchieta Nery.

Foto: Reprodução/Redes sociaisIlgner Bueno
Ilgner Bueno

“O pai foi preso porque abriu empresas fantasmas para movimentar dinheiro do crime, foram apreendidos veículos comprados com dinheiro do crime, documentos relacionados a investigação ele colaborou integralmente com a investigação”, explicou o delegado.

Esposa foi "cobaia"

O delegado Anchieta Nery disse ainda que o líder do grupo, Anderson Ranchel, iniciou o golpe usando a esposa [Ângela Terto] e que após obter êxito deu continuidade arregimentando mais pessoas. "Anderson Ranchel era líder do esquema criminoso, ele se apresentava em Teresina como vendedor de iPhone importado, praticando o descaminho. Ele fez empréstimos fraudulentos primeiro para a esposa, deu certo, aí ele passou a arregimentar muita gente, na zona sul, no Lourival Parente, Parque Piauí, Vila Irmã Dulce, na cidade de Amarante, Floriano e região, como em Barão de Grajaú, no Maranhão", expôs.

Operação Prodígio

A Superintendência de Operações Integradas - SOI, em conjunto com as Diretorias de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil do Piauí, deflagrou nas primeiras horas desta terça-feira (05) a “Operação Prodígio” para dar cumprimento a 25 mandados de busca e apreensão e 30 mandados de prisão temporária nas cidades de Teresina, Floriano, Amarante e Nazaré do Piauí, contra um grupo acusado de atuar em um esquema de fraude bancária que causou prejuízo de R$ 19 milhões a uma instituição financeira.

Conforme as investigações, desse valor, R$ 5 milhões são relacionados a fraudes praticadas em contas bancárias de agências localizadas no Piauí. A fraude consistia na cooptação de pessoas para abrir contas bancárias com dados falsos que levassem o banco a aumentar o limite de crédito desse cliente. Uma vez aberta a conta, a associação criminosa simulava uma série de transações bancárias para “esquentar” a conta, de forma que o banco entendesse que aquela renda declarada era legítima.

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