De foto no espelho, segurando um Samsung Galaxy S6, em 2020, a um bem-sucedido vendedor de iPhone importado, em meados de 2023, o líder do grupo que causou um rombo de R$ 5 milhões no Banco Santander, Anderson Ranchel, ostentava nas redes sociais uma vida para poucos.
Em pouco tempo, Anderson Ranchel ascendeu financeiramente. Na mesma velocidade em que realizava transações do dinheiro obtido de forma ilícita para empresas de fachadas, ele trocou as viagens que fazia para Guadalupe, no interior do Piauí, e passou a realizar várias viagens aos Estados Unidos da América, mais precisamente, por 12 vezes, sem contar com viagens a outros países da América Latina.
Durante as investigações realizadas pela Diretoria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Piauí, chefiada pelo delegado Anchieta Nery, em conjunto com a Diretoria de Inteligência da Polícia Civil do Piauí, capitaneada pelo delegado Yan Brayner, foi possível justificar a ascensão sem medidas em tão pouco tempo.
Par dar uma virada de chave na vida, Anderson Ranchel teve a ideia de arregimentar a própria esposa, a fonoaudióloga Ângela Terto, que serviu de cobaia para que o vendedor de iPhones montasse uma estrutura criminosa com nada mais nada menos que 117 pessoas envolvidas, diretamente, na fraude de obtenção de crédito financeiro junto ao Banco Santander.
Entenda como Anderson Ranchel assimilou a engenharia social do Santander
Para conseguir realizar o golpe milionário contra o Santander, Anderson Ranchel buscou entender a engenharia social que permeava o aplicativo do banco. A partir daí ele conseguiu a obtenção dos valores tão somente através do app, sem passar por nenhum funcionário ou atendente da instituição bancária.
Os detalhes de toda a execução criminosa perpetrada por Anderson Ranchel foram expostos pelo delegado Anchieta Nery. “O aplicativo de um banco tem alguns mecanismos de segurança, que solicitam o seu documento, um uma selfie, por exemplo, mas o mote desses criminosos sempre era dar um passo à frente da instituição financeira e descobrir uma vulnerabilidade, para que pudesse levar a instituição a erro. Então eles abriam contas com informações falsas, por exemplo, uma profissão que eles não exerciam, uma renda que eles não tinham, porque você ganhava um status, um score comercial do banco, quando se apresentava determinada profissão, como por exemplo, um médico. Então se informava uma renda declarada de 25 mil reais, mas só informar não bastava, era necessário apresentar que essa renda existia. Para isso, eles esquentavam a conta, faziam transferências entre contas do esquema fraudulento. Uma vez que se elevava o score ao máximo de um determinado membro do grupo, ele precisava tirar o dinheiro da conta, mas o líder da organização criminal não confiava nos demais membros e a maior parte do crédito ele pegava em cartão de crédito. Então o grupo abria empresas fantasmas, que não existiam na realidade para passar a maquineta de cartão e, assim, obter o dinheiro nas contas bancárias de determinada empresa de fachada”, explicou o delegado.
Dessa forma, os policiais conseguiram chegar até o núcleo de 30 pessoas, que tiveram suas prisões decretadas e cumpridas em 100% na manhã desta terça-feira (05).
O próximo passo agora é finalizar o inquérito policial e a expectativa é que a Polícia Civil remeta o relatório final da investigação com 117 pessoas indiciadas pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica e associação criminosa.
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