Nayrana Meireles
O veículo Ford Ka de cor preta que foi apreendido com Luiz Bezerra Neto e Mauro Ferreira da Silva Júnior, acusados de invadir a residência da mãe do deputado Fábio Abreu (PSD) na última terça-feira (31), havia sido roubado de um representante comercial no bairro Gurupi, zona sudeste de Teresina, no dia 30 de maio. Luiz Bezerra Neto foi preso no dia 01 de junho, mas foi solto após pagar fiança de R$ 6 mil. Já Mauro Ferreira, continua preso, por não ter condições de pagar a fiança.
Consta no Boletim de Ocorrência registrado pela vítima, que por volta de 20h30 do dia 30 de maio, ela foi abordada na Rua Altari, no bairro Gurupi, por três indivíduos a pé e armados, que anunciaram o roubo, lhe fizeram refém e a obrigaram a dirigir por cerca de um quilômetro de distância.
O representante comercial acredita que durante esse trajeto, foram executados pelo menos dois roubos, inclusive de uma motocicleta. Após quarenta minutos sendo mantida refém, a vítima foi liberada na Avenida Noé Mendes, próximo ao R Carvalho e seu veículo foi levado pelos criminosos.
Invasão à casa da mãe de Fábio Abreu
Cerca de 24 horas após o roubo do veículo Ford Ka de cor preta, três indivíduos armados invadiram residência da mãe do deputado federal Fábio Abreu com intuito de fazer um arrastão, no entanto, a tentativa foi frustrada com a chegada de um vizinho que é policial.
O vizinho atirou contra os criminosos, que revidaram, mas ainda conseguiram fugir. Os bandidos não conseguiram levar nenhum pertence da casa, mas quebraram um aparelho de televisão, na tentativa de roubar.
Prisão de dois suspeitos
Dois suspeitos de invadir a residência da mãe do deputado federal Fábio Abreu foram presos na tarde dessa quarta-feira (01), no município de Altos, distante 42 km de Teresina. Tratam-se de Luiz Bezerra Neto e Mauro Ferreira da Silva Júnior.
Em entrevista ao GP1, o tenente-coronel Galvão, diretor de inteligência da Polícia Militar do Piauí, informou que há provas suficientes de que os dois são responsáveis pela tentativa de assalto a casa da mãe de Fábio Abreu. Eles foram presos com o veículo Ford Ka de cor preta, utilizado na série de assaltos realizados na noite anterior e com uma arma de fogo.
“Nós identificamos o veículo na região de Altos, mandamos nossas equipes junto com a equipe da Força Tarefa e lá conseguimos localizar o veículo, que é roubado, e prendemos os dois indivíduos com uma arma de fogo. Temos provas de que eles são os autores dos arrastões realizados na noite de terça em Teresina”, detalhou o tenente-coronel.
Um dos suspeitos foi solto após pagar fiança
Luiz Bezerra Neto, neto do médico Mário Raulino, foi solto após pagar fiança no valor de R$ 6.060,00 (seis mil e sessenta reais). Em entrevista ao GP1, o advogado Glênio Fontenele, que representa Luiz Bezerra Neto, afirmou que o delegado Gustavo Jung não encontrou indícios suficientes que comprovassem a prática do crime em desfavor do acusado e arbitrou fiança de 5 salários mínimos para que Luiz Bezerra Neto pudesse responder o procedimento em liberdade.
"O delegado entendeu que não tinham provas suficientes para a prisão ser homologada. Como ele estava com um carro roubado, ele foi atuado por receptação. Apenas o relato dos policiais não bastou para configurar o crime. Como receptação é afiançável na delegacia, o delegado arbitrou fiança de cinco salários mínimos para ele", explicou o advogado.
Luiz Bezerra Neto foi solto às 22h15 dessa quarta-feira (01), cerca de seis horas após ser preso.
Já o segundo suspeito, identificado como Mauro Ferreira da Silva Júnior, foi autuado por porte ilegal de arma de fogo. A ele também foi arbitrada fiança, no entanto, sem condições de realizar o pagamento, ele acabou ficando preso.
Luiz Bezerra Neto é réu por tentar matar namorada
Luiz Bezerra Neto passou por uma audiência de instrução e julgamento nesta quinta-feira (02), na Vara Única da Comarca de Altos. Ele é acusado de tentar matar a namorada Lílian Mirele de Freitas, com um tiro na cabeça em fevereiro de 2021, em Altos.
Na denúncia, o promotor Paulo Rubens Parente Rebouças destacou que no dia 28 de fevereiro de 2021, após uma grave discussão que culminou em agressões físicas, Luiz Bezerra Neto tentou assassinar a namorada, Lilian Mireli de Freitas, aproveitando-se que a vítima retirava seus pertences pessoais da residência dele.
A irmã de Lilian afirmou em depoimento que no dia 27 de fevereiro de 2021 estava em um bar com Lilian e Luiz Bezerra Neto na cidade de Alto Longá, momento em que em razão de uma crise de ciúmes passou a agredir Lilian socos e pontapés, colocando-a a força dentro de seu veículo e saindo do local em alta velocidade, a fim de que a testemunha não interferisse. Logo depois, a irmã encontrou a vítima sozinha em um beco com o rosto sujo de sangue.
No dia seguinte, a irmã de Lilian então foi com ela até a residência de Luiz Bezerra, em Altos, buscar os pertences que lá havia deixado. Quando o acusado chegou em casa, ele se recusou a entregar o celular da vítima e pediu para que conversassem a sós no quarto. Minutos depois, a irmã de Lilian ouviu gritos dela, uma vez que Luiz Bezerra Neto voltou a agredi-la e logo após ouviu barulhos de disparos de arma de fogo. Ao entrar no quarto, a testemunha viu Luiz Neto com uma arma na cintura e sua irmã com a cabeça ensanguentada.
Em razão da gravidade do ferimento, Lillian precisou ser socorrida para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT), onde passou por cirurgia no crânio e ficou três dias internada na unidade de saúde.
Acusado respondia ao processo em liberdade
Luiz Bezerra Neto foi preso no dia 03 de março de 2021, por meio de mandado de prisão, mas foi solto no dia 17 de março de 2021, após decisão do juiz Ulysses Gonçalves da Silva Neto, que fez um desabafo em função da postura adotada pela Polícia Civil e também do Ministério Público e classificou como "estarrecedora", tanto a ausência de indiciamento por parte da autoridade policial, quanto a posição do Ministério Público do Piauí, que se manifestou pelo arquivamento do inquérito à época dos fatos.
“Estarrecedora, portanto, tanto a postura da autoridade policial, ao não indiciar o investigado, diante de tantas evidências, quanto a do parquet [Ministério Público] de, ignorando as testemunhas e documentos, promover o arquivamento”, declarou na sentença.
O juiz argumentou que o caso demonstra total desamparo sofrido por mulheres em situação de vulnerabilidade. “A situação vertente materializa o absoluto desamparo da mulher em situação de extrema vulnerabilidade, possivelmente alvo de agressões físicas e atentado à sua existência, não apenas existência digna, mas existência substancial, como ser humano vivo”, ressaltou.
O magistrado informou ainda que o fato de o Ministério Público não ter ingressado com ação penal impede a Justiça de adotar medidas cautelares de proteção à integridade da vítima.
Posteriormente, no dia 16 de dezembro de 2021, o Ministério Público voltou atrás e ofereceu denúncia contra Luiz Neto pelo crime de tentativa de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e feminicídio tentado). A denúncia foi recebida no dia 14 de janeiro de 2022 pelo juiz Ulysses Goncalves da Silva Neto e a audiência foi designada para às 9h desta quinta-feira (02).
Promotor pediu prisão preventiva de Luiz Bezerra Neto
O Ministério Público do Estado pediu a prisão preventiva de Luiz Bezerra Neto, acusado de tentar matar a namorada Lílian Mirele de Freitas, com um tiro na cabeça em fevereiro de 2021, em Altos. O pedido foi assinado pelo promotor Paulo Rubens Parente Rebouças, às 12h02 desta quinta-feira (02).
Segundo o promotor, Luiz Bezerra Neto é um indivíduo de elevado grau de periculosidade e está respondendo a inúmeros processos, inclusive sendo um dos acusados de invadir a casa da mãe do deputado federal Fábio Abreu (PSD) na última terça-feira (31) e praticar uma série de assaltos em Teresina.
"O acusado é pessoa de elevado grau de periculosidade, está respondendo há inúmeros processos penais e, no dia de ontem (01), foi preso em flagrante delito pela prática do crime de porte ilegal de arma de fogo e receptação, quando no centro de Altos transitava em veículo roubado e na companhia de terceira pessoa armada. Contudo, foi arbitrada fiança e o ora denunciado foi posto em liberdade", escreveu o promotor.
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