Um dos acusados de invadir a residência da mãe do deputado federal Fábio Abreu (PSD) na última terça-feira (31), está passando por audiência de instrução e julgamento nesta quinta-feira (02), na Vara Única da Comarca de Altos. Luiz Bezerra Neto é acusado de tentar matar a namorada Lílian Mirele de Freitas, com um tiro na cabeça em fevereiro de 2021, em Altos.
Na denúncia, o promotor Paulo Rubens Parente Rebouças destacou que no dia 28 de fevereiro de 2021, após uma grave discussão que culminou em agressões físicas, Luiz Bezerra Neto tentou assassinar a namorada, Lilian Mireli de Freitas, aproveitando-se que a vítima retirava seus pertences pessoais da residência dele.
A irmã de Lilian afirmou em depoimento que no dia 27 de fevereiro de 2021 estava em um bar com Lilian e Luiz Bezerra Neto na cidade de Alto Longá, momento em que em razão de uma crise de ciúmes passou a agredir Lilian socos e pontapés, colocando-a a força dentro de seu veículo e saindo do local em alta velocidade, a fim de que a testemunha não interferisse. Logo depois, a irmã encontrou a vítima sozinha em um beco com o rosto sujo de sangue.
No dia seguinte, a irmã de Lilian então foi com ela até a residência de Luiz Bezerra, em Altos, buscar os pertences que lá havia deixado. Quando o acusado chegou em casa, ele se recusou a entregar o celular da vítima e pediu para que conversassem a sós no quarto. Minutos depois, a irmã de Lilian ouviu gritos dela, uma vez que Luiz Bezerra Neto voltou a agredi-la e logo após ouviu barulhos de disparos de arma de fogo. Ao entrar no quarto, a testemunha viu Luiz Neto com uma arma na cintura e sua irmã com a cabeça ensanguentada.
Em razão da gravidade do ferimento, Lillian precisou ser socorrida para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT), onde passou por cirurgia no crânio e ficou três dias internada na unidade de saúde.
Luiz Bezerra Neto foi denunciado por homicídio qualificado (por motivo torpe e feminicídio tentado). A denúncia foi recebida no dia 14 de janeiro de 2022 pelo juiz Ulysses Goncalves da Silva Neto e a audiência foi designada para às 9h desta quinta-feira (02).
Acusado respondia ao processo em liberdade
Luiz Bezerra Neto foi preso no dia 03 de março de 2021, por meio de mandado de prisão, mas foi solto no dia 17 de março de 2021, após decisão do juiz Ulysses Gonçalves da Silva Neto, que fez um desabafo em função da postura adotada pela Polícia Civil e também do Ministério Público e classificou como "estarrecedora", tanto a ausência de indiciamento por parte da autoridade policial, quanto a posição do Ministério Público do Piauí, que se manifestou pelo arquivamento do inquérito à época dos fatos.
“Estarrecedora, portanto, tanto a postura da autoridade policial, ao não indiciar o investigado, diante de tantas evidências, quanto a do parquet [Ministério Público] de, ignorando as testemunhas e documentos, promover o arquivamento”, declarou na sentença.
O juiz argumentou que o caso demonstra total desamparo sofrido por mulheres em situação de vulnerabilidade. “A situação vertente materializa o absoluto desamparo da mulher em situação de extrema vulnerabilidade, possivelmente alvo de agressões físicas e atentado à sua existência, não apenas existência digna, mas existência substancial, como ser humano vivo”, ressaltou.
O magistrado informou ainda que o fato de o Ministério Público não ter ingressado com ação penal impede a Justiça de adotar medidas cautelares de proteção à integridade da vítima.
Posteriormente, no dia 16 de dezembro de 2021, o Ministério Público voltou atrás e ofereceu denúncia contra Luiz Neto pelo crime de tentativa de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e feminicídio tentado).
Suspeito de invadir residência da mãe de Fábio Abreu
Luiz Bezerra Neto também é um dos suspeitos de invadir a residência da mãe do deputado federal Fábio Abreu (PSD), na última terça-feira (31). Ele foi preso na tarde dessa quarta-feira (01) junto com outro acusado, mas foi solto após pagar fiança de cinco salários mínimos.
Em entrevista ao GP1, o advogado Glênio Fontenele, que representa Luiz Bezerra Neto, afirmou que o delegado Gustavo Jung não encontrou indícios suficientes que comprovassem a prática do crime em desfavor do acusado e arbitrou fiança de 5 salários mínimos para que Luiz Bezerra Neto pudesse responder o procedimento em liberdade.
"O delegado entendeu que não tinham provas suficientes para a prisão ser homologada. Como ele estava com um carro roubado, ele foi atuado por receptação. Apenas o relato dos policiais não bastou para configurar o crime. Como receptação é afiançável na delegacia, o delegado arbitrou fiança de cinco salários mínimos para ele", explicou o advogado.
Luiz Neto foi solto às 22h15 dessa quarta-feira (01), cerca de seis horas após ser preso. Ele é neto do médico Mário Raulino.
Já o segundo suspeito, identificado como Mauro Ferreira da Silva Júnior, foi autuado por porte ilegal de arma de fogo. A ele também foi arbitrada fiança, no entanto, sem condições de realizar o pagamento, ele acabou ficando preso.
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