O Ministério Público do Estado do Piauí recebeu uma denúncia de omissão de socorro a um paciente que se automutilou nas dependências da Clínica Villa Vida, especializada no tratamento de dependentes químicos e pacientes psiquiátricos, com sede no bairro Socopo, zona leste de Teresina.
De acordo com o relato da denunciante ao MP, em maio de 2018, o paciente narra ter sido chamado até a coordenação da casa para prestar esclarecimentos acerca de um possível relacionamento com um dos moradores da clínica. Na denúncia, ele afirmou que o coordenador da instituição falou de forma alterada, chegando a gritar, fato que lhe ocasionou um surto em razão da Síndrome de Borderline.
Em virtude disso, o paciente relatou que automutilou as pernas e a clínica se omitiu em encaminhá-lo ao hospital. Ainda segundo o relato da denúncia ao MP, a família só foi notificada acerca dos fatos ao final do dia, após os ferimentos terem sido parcialmente regenerados.
Depois isso, o paciente recebeu alta médica da Clínica Villa Vida, dois dias após ter sido internado e não frequentou mais a instituição. Além da Síndrome de Borderline, ele também sofre com transtornos mentais e depressão.
Inquérito
Em face da necessidade de aprofundar as investigações, o Ministério Público enviou a denúncia ao delegado Sebastião Escócio, titular da Delegacia de Direitos Humanos, solicitando a abertura de inquérito policial para que ouvisse as partes envolvidas e prosseguisse com os procedimentos sobre o caso.
Em entrevista ao GP1, o delegado Sebastião Escócio informou que o inquérito foi aberto pelo MP no mês passado e que o prazo de trinta dias proposto pelo órgão para que ele continuasse as investigações e apresentasse o resultado se expirou, antes de ouvir as partes.
“O MP requisitou e a gente abriu o inquérito policial no mês passado, intimou para que [o denunciante] prestasse as declarações. Agora a gente está colhendo mais informações e pediu um maior prazo para Justiça, porque já havia encerrado os 30 dias [do inquérito] e estamos aguardando a resposta. Assim que o Ministério Público nos der esse retorno, a gente vai ouvir as testemunhas indicadas. Nós vamos colher informações de pessoas que trabalham lá, os responsáveis, coordenadores, para que eles prestem depoimento e o interrogatório das pessoas que ela indicou como supostos omissos, que são a enfermeira e o diretor”, explicou o delegado.
Outro lado
O GP1 buscou contato com a direção da Clínica Villa Vida na manhã da última quinta-feira (02). De acordo com Jean, responsável pela gestão administrativa da instituição, a casa de reabilitação tem seus residentes divididos por sexo, de acordo com cada unidade terapêutica. No entanto, ele afirmou não ter conhecimento sobre o caso e que iria buscar informações com a unidade responsável pelo acolhimento da paciente.
A reportagem fez um novo contato com a direção da clínica na manhã desta sexta-feira (03), no entanto, as ligações foram rejeitadas.
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