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Política

João Vicente Claudino concede entrevista exclusiva ao GP1

O ex-senador recebeu a nossa equipe na sede de uma das empresas da família Claudino e a qual ele administra atualmente.

Afastado há meses dos meios de comunicação, João Vicente Claudino (PTB) quebrou o silêncio e recebeu a equipe de reportagem do Portal GP1, na última segunda-feira (23), na sede da Socimol, uma das empresas da família Claudino e a qual ele administra atualmente. Durante entrevista exclusiva, o ex-senador tratou sobre diversos temas que vão desde uma possível saída do PTB até os planos para as eleições de 2018. 

Em uma entrevista extensa, João Vicente analisou a conjuntura política atual do Piauí e do Brasil, além de externar seu posicionamento a respeito de temas polêmicos como a possível candidatura do senador Elmano Férrer a Prefeitura de Teresina no ano que vem.

GP1: O senhor vai sair do PTB para se filiar ao PMDB?

João Vicente Claudino:
Eu estou e permaneço no PTB e não conversei com nenhum partido sobre política, até porque eu acho que você só conversa quando tem a intenção em um curto prazo de mudar de sigla. Eu não tenho essa intenção, pelo menos até um prazo que eu determinei para mim mesmo, na minha justificativa de não ter disputado as eleições de 2014, que é voltar às minhas atividades. Isso se deu devido a uma cobrança familiar e, portanto, eu continuo nesse mesmo ponto.

GP1: Então, a saída do PTB não está descartada?

JVC: Não é descartada a possibilidade de eu sair do PTB. Agora não há nenhuma necessidade de pensar nisso. Só vou analisar a mudança de partido em março de 2018.
Imagem: Lucas Dias/GP1João Vicente Claudino(Imagem:Lucas Dias/GP1)João Vicente Claudino

GP1:
Houve conversas com o PMDB sobre se filiar ao partido?

JVC: Eu converso sempre com o deputado Themístocles e com João Mádison. Eu recebi sondagens, mas coloquei não só para eles como também para dirigentes de outros partidos, que eu não iria nesse momento tomar uma decisão dessa natureza. Então, eu só defino isso no ano eleitoral que é em 2018. A gente vai analisar os cenários estadual e nacional.

GP1: O senador Elmano Férrer pretende deixar o PTB?

JVC:
O Elmano é um amigo e eu sou eleitor dele. Hoje ele ocupa o cargo de senador e eu espero, assim como todo o Piauí, que na sua missão de senador, ele possa trabalhar bem e muito pelo estado do Piauí. Agora, o Elmano tem outras decisões também que talvez possam afetar uma definição mais premente para ele em curto prazo, que é a possibilidade de disputar ou não a eleição de Teresina. Esse assunto não está dentro da minha conjuntura política já que eu não tenho pretensão de disputar cargo municipal. Portanto, essa decisão do senador Elmano Férrer depende de certa conjuntura como, por exemplo, saber se o partido que ele é filiado hoje abraça essa candidatura ou se ele terá que buscar uma nova casa política para ser candidato. Mas, eu acho que tudo nasce da decisão dele de disputar ou não a eleição de Teresina. Dai é que surge qualquer outra decisão partidária.

GP1: Elmano Férrer deve ser candidato a prefeito em 2016?

JVC: Eu sou eleitor de Elmano e qualquer decisão que ele tome, de ser candidato ou não, estarei do lado dele. Porém, a decisão de candidatura passa pela análise de uma conjuntura daquele cargo que ele deve disputar. Essa é também uma decisão muito pessoal. O Elmano tem uma lista de serviços prestados na Capital muito grande. Ele implementou um estilo de administração muito forte, mesmo com apenas dois anos e nove meses à frente da prefeitura de Teresina, onde enfrentou desafios e encontrou soluções para problemas de décadas. Então, eu acho que essa identidade de trabalho com a cidade ele possui. O senador tem todas as credenciais para disputar uma eleição. Eu defendo que tudo seja analisado dentro de um entendimento político, da decisão dele, de achar que ficou um gosto de quero mais, de quero fazer e realizar mais. Se ele achar que esse sentimento ainda vibra e pulsa na veia, acho que é muito difícil você controlar. Agora, o primeiro ponto é de cunho pessoal, depois você vai observar todo o cenário porque sozinho você não vai a lugar algum. Inclusive, eu acho muito prudente do Elmano, hoje, não tomar essa decisão açodadamente.

GP1:  Elmano Férrer tem sido criticado por afirmar que vai definir uma possível candidatura somente em março de 2016, como o senhor vê essas críticas?


JVC:
Não há diferença de 2012 quando ele decidiu, no ano da eleição, ser candidato, inclusive, bem pouco tempo antes do processo faziam esse questionamento. A gente tem uma prática no Brasil e, principalmente no Nordeste, de acabar uma eleição, seja ela estadual ou municipal, e já começar a tentar desenhar um quadro político novo para dois anos depois. Dai começam as cobranças de campanhas antecipadas, de fechamento de coligações, até chegar ao ponto de dividir espaços do governo que nem existem ainda. O poder só se concretiza, de fato, quando você o conquista. Mas, dividir espaços administrativos dentro de uma acomodação de forças políticas, eu não acho salutar. Acho que para a boa a política antecipar todos esses fatos é prejudicial. Nós vivemos uma conjuntura econômica e política diferenciada com as crises. Você ficar apenas nas discussões de formações políticas ou viver eternamente em campanhas, eu acho um desserviço. Por isso, acho positiva a postura do senador e as críticas sempre existirão e isso faz parte da política.

GP1: E em relação a administração do prefeito Firmino Filho, qual sua avaliação?

JVC: O Firmino é um prefeito experiente que já está no terceiro mandato. Acho que tem sido um desafio imenso não só para ele como para os 223 municípios do Piauí. O momento econômico é desafiador e claro que a gente espera sempre, como morador da cidade, que os serviços estejam cada vez mais atendendo as nossas expectativas que são muito grandes. Eu acredito que ele esteja usando essa experiência para isso sim. Firmino tinha vivência na politica mesmo antes de ser prefeito. Ele foi gestor público e já ocupou diversas pastas. Eu não conheço a fundo os meandros da gestão municipal, mas um político com a experiência que ele possui deve usar isso para um bom resultado buscando as saídas que sabemos que são desafiadoras.

GP1: Há possibilidade de um retorno à presidência do PTB no Piauí?

JVC: De maneira alguma, isso é descartado. Eu não tenho nenhuma pretensão porque primeiro eu nunca quis me eternizar à frente do PTB, até porque aquele que faz isso passa a achar que um partido político é uma propriedade particular individual. Então, você começa a acreditar que é dono e eu tenho ojeriza dessa história, pois todos os filiados têm direitos sobre as decisões tomadas. Todos nós construímos o PTB com pessoas e lideranças que gostam do Piauí. Fizemos um partido forte e muito grande na representação com lideranças, e principalmente municipais. Elegemos dois deputados federais e continuamos com uma cadeira no Senado, além de cinco deputados estaduais, prefeitos, vices e vereadores. Foi uma vitória política grande e com um segundo número de filiados dentro do estado ficando atrás apenas do PMDB. Eu nunca quis, por entender que não é profissão é missão, me tornar dono do PTB. A ideia de deixar a presidência do PTB não nasceu agora em 2015. Em outros momentos, eu já quis transferir a presidência para o próprio deputado Paes Landim e para o senador Elmano Ferrer, inclusive, isso foi publicado na imprensa. A alternância na direção oxigena o partido. Às vezes, de estilos diferentes, as boas divergências partidárias enriquecem o debate interno. Passei 12 anos à frente do partido e hoje não tenho nenhuma pretensão de voltar ao cargo.

GP1: Mas, o senador Elmano Férrer defende seu retorno para presidência do PTB

Imagem: Lucas Dias/GP1João Vicente diz que fica feliz com reconhecimento em relação ao trabalho à frente do PTB(Imagem:Lucas Dias/GP1)João Vicente diz que fica feliz com reconhecimento em relação ao trabalho à frente do PTB
JVC: Eu fico feliz, pelo reconhecimento do esforço e do trabalho. Eu não fiz um monólogo político, nós construímos isso dialogando, conversando e com muitas mãos. Tivemos a determinação e forças de lideranças. Eu fico lisonjeado com o trabalho que nós fizemos à frente do PTB, mas, isso é uma decisão pessoal e eu acho que cumpri a minha missão. Eu acho que o partido. Agora tem condições de caminhar tranquilamente sob a responsabilidade de outras lideranças do PTB.

GP1: O PTB deve continuar sob o comando do deputado Paes Landim?

JVC:
Eu digo sempre que conduzir um partido político não é fácil. Mas, o deputado Paes Landim é um homem muito experiente. Tem uma folha de serviços prestados ao Piauí muito grande e é de uma respeitabilidade no Congresso Nacional muito reconhecida, além de grandes amizades. Quando a pessoa vai construir ou continuar a construção de algo, demanda uma cobrança muito grande. Agora quem deve definir o tipo de trabalho e os rumos partidários é o próprio Paes Landim juntamente com as lideranças. Particularmente, eu acho que ele tem condições de fazer um grande trabalho. 
Imagem: Lucas Dias/GP1João Vicente Claudino diz que Paes Landim tem condições de fazer um grande trabalho no PTB(Imagem:Lucas Dias/GP1)João Vicente Claudino diz que Paes Landim tem condições de fazer um grande trabalho no PTB

GP1: Como anda sua relação com a presidente nacional Cristiane Brasil?


JVC: Eu não tenho contato até porque o contato nasce do exercício do mandato, da missão política como presidente. Quando você não tem o mandato, de certo modo, fica mais distante desse convívio do dia-a-dia, da relação politica mais estreita. Não ficou ressentimento algum, eu não guardo mágoas e faço o que puder fazer. O certo é que não me arrependo de nada que fiz para conseguir construir o PTB.

GP1: Qual sua avaliação da ida de Marcelo Castro para o Ministério da Saúde?

JVC: Primeiro é um cargo de muito prestígio para o Piauí e para ele próprio. Ao mesmo tempo traz uma responsabilidade imensa, pois ser gestor público no Brasil e pegar um ministério tão cobrado é uma missão árdua. Se fizermos qualquer pesquisa veremos que os dois maiores problemas da sociedade brasileira são a segurança pública e a saúde por serem emergenciais. Quando se busca um posto, uma unidade básica, um hospital você quer a resolução do problema imediatamente. A segurança segue o mesmo caminho. O ministro Marcelo Castro terá uma cobrança nacional e também, maior ainda, no Piauí. O último ministro da Saúde que nós tivemos foi o Valdir Arcoverde. Então, é uma oportunidade única para o Estado. Espero que o ministro atenda, se não na totalidade, mas dê um impulso maior, pois precisamos de muito investimento no setor e agora é o momento de tirarmos esse atraso.

GP1: O senhor é favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff?

JVC:
De maneira alguma. O impeachment não contribui em nada até porque não há base legal para isso. Nós vimos ministros, professores de direito, dizendo que não há base porque isso tem que ser feito dentro de legalidade. È necessário que se comprove um crime que a presidente possa ter cometido no uso do seu mandato e dentro da própria legislatura. Eu não vejo isso comprovado em nenhuma denúncia que já foi colocada contra ela.

GP1: Como o senhor analisa a administração da presidente Dilma Rousseff?

JVC: A gestão ainda está patinando. Acho que o governo tenta implementar medidas para equacionar os problemas da economia, mas ao mesmo tempo, é atrapalhado pelos impasses da crise política que existe. Com todas essas operações promovidas pela Polícia Federal, os inquéritos que estão sendo arrolados, as denúncias que o Ministério Público já encaminhou ao Tribunal Federal, o próprio clima do Congresso Nacional, tudo faz com que a gestão da presidente e as medidas que possam ser sugeridas sejam atrapalhadas nas votações. Tudo fez com que o ano de 2015 ficasse praticamente perdido dentro da busca de saídas econômicas que o Brasil precisa urgente. A crise econômica se agrava e precisamos de decisões mais claras para que possa aparecer uma luz no fim do túnel e ver onde o Brasil pode chegar.

GP1: E a situação de Eduardo Cunha?

JVC: Não é fácil. As acusações contra ele são graves e o vejo perdendo aliados que estavam com ele no início. A situação dele no início do ano era uma e agora é outra. Vislumbra-se um processo de cassação no Conselho de Ética. Isso enfraquece a figura de um presidente de um poder. Não sei como ele vai navegar nesse mar tão revolto, para conseguir sair de uma maneira incólume desse processo. A situação é muito complicada.

Imagem: Lucas Dias/GP1João Vicente Claudino não descarta candidatura em 2018(Imagem:Lucas Dias/GP1)João Vicente Claudino não descarta candidatura em 2018

GP1: Há pretensão de candidatura para as eleições de 2018?


JVC:
Vamos analisar o cenário politico estadual e nacional. Eu acho que a decisão de uma candidatura parte de definições pessoais. Mas, parte também de chamamentos da sociedade. Se realmente a gente puder contribuir em alguma coisa em prol do Estado, nós já temos a tranquilidade de termos servido. Representei os interesses do Piauí com um espírito público acima de tudo. Nós não fomos para o Senado defender ideias pessoais e nem familiares. Eu sempre disse e muitos duvidaram que para mim política era missão e não profissão. Quando eu deixei de disputar a reeleição em 2014, muitos políticos me ligaram e acharam da minha parte um ato de muita coragem. Mas, eu não me senti mais corajoso do que ninguém. Eu tomei essa decisão de maneira tranquila, com a serenidade necessidade, com a alma de dever cumprido e sem ter envergonhado ninguém. Não fizemos do nosso mandato questionamentos éticos, morais e que não pudessem denegrir a imagem do meu estado. Fizemos isso com a pureza de alma, da maneira mais clara e transparente possível, eu acho que tudo isso nos deixa tranquilo.

GP1: Caso decida encarar as eleições de 2018, qual cargo pretende disputar?

JVC: Tudo isso nasce da conjuntura do momento. Eu sempre me coloquei a disposição, mas, a vontade sua tem que casar com a das pessoas. Eu tenho a vontade de sempre ajudar o meu Estado e quem se nega a um chamamento abdica de discutir e contribuir para o futuro do povo. Isso não é uma atitude das mais relevantes. Não podemos falar em cargos, pois não sabemos como estará o cenário daqui até lá. O certo é que hoje eu acredito que tenho contribuído muito mais com o Piauí exercendo as atividades empresariais.

GP1: O senhor assumiu o comando do Grupo Claudino?

JVC: Eu estou aqui na empresa retornando às atividades porque passei oito anos no mandato de senador. Nesse período, eu me afastei totalmente de todas as atividades [empresariais]. Eu nunca misturei negócio com política. A gente termina enferrujando um pouquinho, então, eu estou voltando para as atividades na direção de duas empresas do grupo. Ao retornar ao ritmo normal eu posso assumir outras atividades. Mas, o grande comandante do grupo é o meu pai, o seu João Claudino. Esse é o grande comandante e chefe de todo o conglomerado e o espelho de todos nós. Vamos assumindo os desafios que aparecerem e estamos prontos para enfrentar o que vier a frente.
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