Pedro Oliveira
Na noite de sábado, o TikTok foi retirado do ar nos Estados Unidos, menos de duas horas antes que uma proibição prevista pela legislação entrasse em vigor. Essa suspensão impediu o acesso ao popular aplicativo de mídia social, que contava com 170 milhões de usuários americanos.
Ao tentar acessar o aplicativo, os usuários se depararam com a mensagem: “Desculpe, o TikTok não está disponível no momento. Uma lei proibindo o TikTok foi aprovada nos EUA. Infelizmente, isso significa que você não pode usar o TikTok por enquanto.”
A medida acontece após o Supremo Tribunal dos EUA, na sexta-feira, ter confirmado a proibição que havia sido amplamente apoiada no Congresso e sancionada pelo presidente Joe Biden em abril. A legislação impede empresas americanas de fornecerem ou hospedarem conteúdo do TikTok, a menos que a plataforma seja vendida para uma companhia dos EUA ou de um de seus aliados.
No entanto, o TikTok pode não ficar fora do ar por muito tempo. A empresa indicou que o serviço poderia ser restabelecido em breve, possivelmente já na segunda-feira. "Temos a sorte de que o presidente Donald Trump indicou que trabalhará conosco para reintegrar o TikTok assim que assumir o cargo", afirmou a empresa em uma mensagem para os usuários que acessaram o aplicativo no sábado à noite. "Por favor, fiquem atentos!"
Trump, presidente eleito, afirmou que "provavelmente" adiará a proibição do TikTok por 90 dias após tomar posse, embora tenha dito que ainda não tomou uma decisão final em uma entrevista telefônica com a NBC News no sábado.
"Essa é, certamente, uma opção que estamos considerando. A extensão de 90 dias é algo que provavelmente acontecerá, pois é apropriado. Precisamos avaliar isso com cuidado, pois é uma situação muito grande", disse Trump.
O fechamento do TikTok, seguido pela sugestão de que ele poderia voltar em breve, é apenas mais um capítulo de uma novela que dura meses, deixando o futuro do aplicativo incerto.
Além do TikTok, outros aplicativos da ByteDance, como CapCut, também desapareceram da App Store da Apple e da Google Play Store, com mensagens semelhantes de indisponibilidade.
A legislação foi criada com base no argumento de que os laços do TikTok com a China e seu acesso a grandes volumes de dados representam uma ameaça à segurança nacional. Muitos usuários nos EUA, incluindo influenciadores e pequenos empresários, temiam que o fim do TikTok significasse o fechamento de suas fontes de renda, embora ainda nutrissem esperança de que uma solução fosse encontrada.
A decisão do Supremo Tribunal, no entanto, frustrou essas expectativas.
Empresas que operam lojas de aplicativos e servidores de dados estavam preocupadas com as consequências legais da proibição e se comprometeram a interromper o serviço para evitar multas, segundo fontes ouvidas pela CNN.
Trump, que já havia expressado preocupações sobre os riscos do TikTok há cinco anos, passou a se posicionar como o possível salvador da plataforma. Recentemente, ele usou suas redes sociais para compartilhar dados de sua popularidade no TikTok e questionou: "Por que eu iria querer acabar com o TikTok?"
O CEO do TikTok, Shou Chew, se encontrou com Trump em Mar-a-Lago nas semanas que antecederam a aplicação da proibição e deve comparecer à posse de Trump na segunda-feira.
Possível extensão da proibição?
A lei aprovada no ano passado permite que o presidente adie a implementação da proibição por 90 dias, desde que haja provas de que o processo de venda do TikTok para uma empresa americana esteja em andamento. No entanto, a ByteDance, dona do TikTok, recusou ofertas de compra, destacando sua popularidade nos EUA e seu valor para pequenas empresas.
Após a decisão unânime do Supremo, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, indicou que a administração Biden não aplicaria a lei no último dia de seu mandato, com a responsabilidade de tomar as medidas recaindo sobre a próxima administração.
Contudo, o TikTok não ficou satisfeito com essa posição. Alguns prestadores de serviços como Google e Apple alertaram que poderiam ser responsabilizados pela continuidade do acesso ao TikTok após a aplicação da proibição, o que levou o aplicativo a ser retirado do ar. Diante disso, o TikTok optou por suspender o serviço temporariamente.
Além disso, a ação do TikTok e a menção de Trump em sua mensagem podem aumentar a pressão sobre o presidente eleito para negociar uma solução nos próximos dias ou semanas.
A empresa informou aos funcionários que a situação era "desapontadora", mas que estava trabalhando para encontrar uma solução. "Sabemos que isso é desapontador para vocês, não apenas como funcionários, mas como usuários. Estamos trabalhando incansavelmente para trazer o aplicativo de volta aos EUA o mais rápido possível", afirmou a mensagem enviada aos colaboradores.
Segundo a CNN, fontes da Casa Branca garantiram que não haverá multas aplicadas pela administração Biden por manter o TikTok ativo até domingo.
Últimos momentos do TikTok
Na noite de sábado, a Casa Branca qualificou a reação do TikTok de "truque". "Não vemos razão para que o TikTok ou outras empresas tomem ações nos próximos dias, antes que a administração Trump assuma", disse Jean-Pierre. "A responsabilidade de implementar essa lei será da próxima administração. Portanto, o TikTok e outras empresas devem discutir qualquer preocupação com eles."
No mesmo dia, a startup Perplexity AI, especializada em inteligência artificial e com sede em São Francisco, confirmou que fez uma proposta à ByteDance para se fundir com o TikTok.
Com as declarações de Trump sobre o TikTok, qualquer "apagão" do serviço pode ser temporário. A expectativa é que a questão seja resolvida com uma possível ordem executiva de Trump para pausar a proibição e buscar uma solução a longo prazo.
Enquanto isso, o futuro do TikTok nos EUA permanece incerto, com pressão política de ambos os lados. Alguns senadores republicanos continuam a apoiar fortemente a proibição, enquanto analistas acreditam que a plataforma pode eventualmente permanecer online.
Em meio a essa disputa, outros aplicativos semelhantes ao TikTok, como o Lemon8 (também de propriedade da ByteDance), começaram a ganhar popularidade, mas enfrentam o mesmo risco que o TikTok de serem retirados do ar no futuro.
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