A Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol) emitiu uma nota em resposta ao levantamento do Instituto Sou da Paz, divulgado nesta quarta-feira (03), que informou que apenas 37% dos homicídios cometidos em 2019 no Brasil foram devidamente esclarecidos.
A Adepol ressaltou que os dados e metodologias divulgados pela instituição são alheios ao padrão adotado por diversas polícias e o mais recente levantamento da Adepol demonstrou índice médio de 68% de resolutividade dos homicídios no país.
“A Adepol do Brasil publicou novamente os índices de elucidação de inquéritos policiais em pesquisa realizada a partir de dados oficiais, encaminhados pelas Polícias Civis no Brasil em relação a inquéritos de homicídio, que demonstram índice médio de 68% e mais de 80% de violência doméstica e feminicídio. A pesquisa realizada pela ADEPOL DO BRASIL a partir de requerimento da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado se baseou estritamente nos dados e indicadores fornecidos pelas próprios departamentos das Polícias Civis e da Polícia Federal, sem qualquer modificação ou alteração”, diz um trecho da nota.
A associação ainda lamentou o levantamento publicado pelo instituto Sou da Paz. “Lamentamos que o Instituto Sou da Paz - que foi contactado tempos atrás, não tenha sequer levado em consideração o estudo oficial realizado com a Presidência da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados”, completou a nota.
Confira a nota na íntegra
Em resposta ao Instituto Sou da Paz, a Adepol do Brasil, entidade ao qual o Sindpesp faz parte, informa que os dados e metodologias divulgados pela Instituição são absolutamente alheios ao padrão adotado por diversas polícias em vários continentes.
É levado em consideração como critério de cálculo de aferição a proporção de inquéritos policiais instaurados e elucidados com conclusão.
A Adepol do Brasil publicou novamente os índices de elucidação de inquéritos policiais em pesquisa realizada a partir de dados oficiais, encaminhados pelas Polícias Civis no Brasil em relação a inquéritos de homicídio, que demonstram índice médio de 68% e mais de 80% de violência doméstica e feminicídio.
A pesquisa realizada pela ADEPOL DO BRASIL a partir de requerimento da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado se baseou estritamente nos dados e indicadores fornecidos pelas próprios departamentos das Polícias Civis e da Polícia Federal, sem qualquer modificação ou alteração promovida pela ADEPOL DO BRASIL e pela equipe técnica da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados. Portanto, trata-se de uma pesquisa documental e baseada em dados oficiais, não havendo inferências ou modelação dos dados apresentados por determinada métrica ou fórmula.
Ademais, lamentamos que o Instituto Sou da Paz - que foi contactado tempos atrás, não tenha sequer levado em consideração o estudo oficial realizado com a Presidência da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados.
Levantamento do Instituto Sou da Paz
Apenas um em cada três homicídios cometidos em 2019 no Brasil foi esclarecido até o final de 2020. De 41.635 vítimas de assassinatos no País naquele ano, só 15.305 tiveram alguma resposta dos órgãos de polícia e Justiça para os crimes no espaço de ao menos um ano, segundo levantamento do Instituto Sou da Paz. O estudo, com base em dados dos Ministérios Públicos e Tribunais de Justiça de 19 Estados, revela que o índice de 37% de homicídios esclarecidos piorou em relação ao levantamento anterior, com números de 2018, quando 44% tinham sido denunciados até o final do ano seguinte. A média mundial de elucidação de assassinatos é de 63%.
No Brasil, mesmo com os números de homicídios em queda, ao menos 40 mil pessoas são assassinadas por ano, 76% com uso de arma de fogo. Conforme o instituto, o planejamento conjunto dos órgãos que compõem o sistema de segurança pública e Justiça criminal para melhorar os índices de esclarecimento dos crimes contra a vida é importante, não apenas para reduzir a sensação de impunidade, como para dar uma resposta eficaz aos familiares e amigos das vítimas.
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