Ismael Silva, atual secretário de Educação de Teresina, tem gerado descontentamento entre os professores, especialmente aqueles que confiaram o voto nele nas últimas eleições. O motivo dessa insatisfação está nos posicionamentos adotados por ele, que, enquanto vereador, se alinhavam com as reivindicações da categoria, mas que agora, como chefe da Secretaria Municipal de Educação (SEMEC), são vistos como contraditórios. Durante seu mandato como parlamentar municipal, entre 2021 e 2024, Ismael frequentemente usou a tribuna da Câmara Municipal para defender o reajuste salarial cobrado pelos servidores, que reivindicavam 20,8% no ano passado.
Um exemplo dessa mudança de discurso, resgatado pela Coluna, pode ser observado na sessão de 19 de março de 2024. Nesse dia, Ismael subiu à tribuna e criticou o projeto de reajuste enviado pela Prefeitura de Teresina, que propunha apenas 5%. Na ocasião, a Câmara aprovou reajuste de 20,08%, que foi vetado pelo prefeito Dr. Pessoa e que, posteriormente, teve veto mantido pelo legislativo. “Toda vez que chega um projeto de lei nessa casa, se diz assim: nós estamos obedecendo ao que o TCE determinou e por que não obedecer ao que o TCE determinou em 2023?”, questionou o vereador.
No entanto, em um vídeo recente, já como secretário de Educação, cargo que assumiu em 2 de janeiro, Ismael aparece comemorando o anúncio do Projeto de Lei Complementar nº 27/2025, que prevê um reajuste de apenas 6,5%, bem distante dos 22,07% pleiteados pelos professores. A matéria foi inclusive votada em regime de urgência, aprovada e já sancionada.
O acórdão em questão é o de número 219 do ano de 2023, do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, que trouxe em seu dispositivo determinação de reajuste de 20,08% à época. Já para 2025, a correção necessária, conforme o TCE-PI, é de 22,07%.
“Ele contradisse tudo que ele defendeu”
Sinésio Soares, coordenador-geral do SINDSERM, avaliou, durante conversa com a Coluna nessa quarta-feira (19), que Ismael, ao assumir uma posição de poder, contradisse tudo o que defendeu enquanto vereador. Por fim, afirmou que ingressará com uma ação no TCE-PI contra o secretário, por descumprimento do acórdão.
“Nós alertamos à categoria que não é bom confiar em pessoas que, momentaneamente, estão na oposição e se posicionam ao nosso lado apenas para ganhar mídia. Inclusive, alguns profissionais da educação votaram no Ismael acreditando que ele continuaria se posicionando em favor da categoria, mesmo em uma situação de poder. Aí, a realidade ensina... Ele mostrou que, quando tem poder, contradiz tudo o que defendeu. Mas, para nós, que somos mais experientes, não há nenhuma surpresa. Agora, vamos entrar com ações contra o secretário Ismael e contra o prefeito Sílvio Mendes no Tribunal de Contas, pelo descumprimento do acórdão”, afirmou Sinésio.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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