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*Deusval Lacerda de Moraes

Imagem: Divulgação/GP1Clique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes (Imagem:Divulgação/GP1)Deusval Lacerda de Moraes
O governador Wilson Martins (PSB) depois das eleições de 2010 conseguiu outra proeza: unir novamente o Partido dos Trabalhadores (PT). Só que desta vez contra ele. Pela primeira vez na história do PT do Piauí, em 33 anos do partido, todas as tendências decidiram por uma única candidatura à sua direção regional, a da suplente de senadora Regina Sousa, que foi apresentada no último dia 9 pelo partido, e que está imbuída da candidatura do senador Wellington Dias ao governo do Estado, que tem o apoio das bases populares do Piauí.

Reflexo também da viagem do senador Wellington Dias (PT) com o senador João Vicente Claudino (PTB) ao aniversário dos 142 anos de Amarante, no último dia 4 de agosto, que selou o acordo dessas agremiações partidárias visando à chapa majoritária das eleições de 2014. E que deixou o Palácio de Karnak atônito, porque o senador petista, político de reconhecida densidade eleitoral, abandonou o barco governista, em razão do que disse o governador Wilson Martins no dia 21 de junho nos festejos de São João do Piauí, terra natal da deputada Rejane Dias, que o seu candidato a governador sairia das fileiras do PMDB. Aglutinação esta que deixou os petistas felizes, como se estivessem se libertado do jugo de terrível opressão.

Pois já era sabido que nas eleições de 2010 o governador do Piauí foi eleito com o respaldo eleitoral do ex-governador Wellington Dias, somados aos do presidente Lula e da eleição presidencial de Dilma Rousseff, juntamente com a militância petista em Teresina e no interior do Estado. Inclusive, em condições normais, o governador jamais seria candidato apoiado pelo PT ao governo do Piauí, mas como vice-governador de Wellington Dias, impôs tal situação. E com o afastamento do então governador para disputar o Senado Federal, abocanhou o seu governo com a maioria dos aliados que gravitava ao seu redor para sair vitorioso no referido pleito eleitoral. Se não fosse assim, o PSB jamais chegaria ao governo do Estado, pois não tem cabedal eleitoral para eleger governador da sigla sucessor do governante do seu próprio partido.

Sabia-se que Wilson Martins fora ferrenho adversário de Wellington Dias nas eleições de 2002, presidindo o PSDB numa aliança com a oligarquia, e que depois sem qualquer justificativa plausível abandonou os companheiros tucanos para aderir às hostes governistas, que até o reino mineral sabia dos antagonismos políticos-ideológicos existentes entre ambos. E ninguém em sã consciência não preveria que a vitória de Wilson Martins ao governo do Piauí, nessas circunstâncias, representaria o rompimento das bandeiras progressistas na composição da equipe e na administração do Estado, por ensejar acomodação de alguns oligarcas no poder, responsáveis pela inércia piauiense.

E ficou comprovado o descompasso político do atual governador do Estado com o petismo piauiense nas eleições municipais de Teresina em 2012, quando em vez de apoiar irrestritamente a candidatura a prefeito de Wellington Dias, pelo contrário, preferiu lançar candidatura própria do seu partido com postulante improvisado sem qualquer referência político-administrativa para enfrentar os graves problemas de Teresina, pois somente possuía experiência de apresentador de programa televisivo, como ficou demonstrado nos debates que discorreram sobre as soluções viáveis para as demandas cruciais da população da Capital.

Mas depois da viagem a Brasília no último dia 6, o governador chegou falando em candidatura da base governista para postulante melhor avaliado em pesquisa de opinião pública. Volvendo aos fatos políticos ocorridos nas eleições de 2010, está gravado na memória dos piauienses que ficou certo entre os pretendentes que sairia candidato da base aliada do governo o candidato melhor posicionado em pesquisa, e o pré-candidato Wilson Martins que sempre ficou atrás nas pesquisas foi o agraciado do Palácio de Karnak, desacreditando, portanto, qualquer embuste dessa natureza que serve apenas para empurrar com a barriga até a última hora as dissensões políticas existentes entre eventuais candidatos oficiais.

Como escolha de candidato situacionista por pesquisa virou lorota, pois ninguém mais acredita, Wilson Martins disse que é irresponsável antecipar discussão sucessória sobre 2014 (Emanuela Pinto, Portal Acessepiauí em 13/08/2013). Esqueceu-se que como vice-governador do Piauí tratou disso no seu mandato. Depois, Wilson Martins reclamou da campanha eleitoral extemporânea que o PT e o PMDB estão fazendo antes do período de definição das candidaturas e coligações (Jornal Diário do Povo de 17 de agosto de 2013). Esqueceu-se também que no começo deste ano quis a vitória do presidente da APPM do seu partido, disse no dia 21 de junho em São João do Piauí que a vez de governar o Estado é do PMDB, já acatou os candidatos da família para o pleito de 2014 e chegou de Brasília falando em pesquisas para escolher o seu candidato sucessor. Quer dizer: democracia só se for para ele, ou seja, pode tudo, contanto que seja bom para ele. Isso tem nome, é antigo e muitos “políticos” ao chegarem ao poder gostariam que fosse só assim, chama-se autocracia. Em resumo, são individualistas ou familiaristas travestidos na democracia de coletivistas.


*Deusval Lacerda de Moraes
Pós-Graduado em Direito


*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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