*Deusval Lacerda de Moraes
Todo governo que gera ações positivas e melhora a vida dos governados tem seus doutores na estrutura administrativa. É composto de sábios que auxiliam nos programas de vanguarda da sua época. E vem desde a Antiguidade. Revendo a História, quem não se lembra dos sábios da corte dos faraós no Antigo Egito? E na Grécia Clássica, os dos governos democráticos de Atenas? Em Roma, os imperadores eram rodeados de conselheiros. Na velha Jerusalém, nem se fala, foi território fértil para os sábios e os doutores da lei, que serviram de legado para as futuras gerações. Pois desde o passado remoto que os governantes se valem de pessoas oniscientes para assenhorearem-se das necessidades governamentais para atender as demandas do reino.
Nos tempos modernos não é diferente, no Ocidente, por exemplo, apenas a forma de governar na grande maioria dos países vem se aprimorando no enraizamento das instituições democráticas para cada vez mais satisfazer as necessidades da sociedade. E no sistema federativo brasileiro, o poder público ocorre nas três esferas administrativas, federal, estadual e municipal, mas todas imbuídas do princípio da promoção de políticas públicas que visem à felicidade dos administrados. E, nesse contexto, os governantes se compenetram desse desiderato e procuram formar equipes de gestores de excelência para bem servir a população.
Mas no Governo do Piauí não estamos seguindo à risca essa tradição. Vemos que alguns nomeados para desincumbir gestão eficiente não têm condições de atuar para que deles saiam decisões progressistas para a sociedade em geral. São alguns assessores contratados pelo Governo sem qualquer atribuição na máquina administrativa estatal e por via de consequência são agraciados com contracheques com valores estipulados em condições especiais de trabalho que na verdade não apresentam as mínimas condições técnicas, profissionais e intelectuais para o trabalho burocrático.
Tornou-se rotina na administração pública piauiense os governantes nomearem amigos e correligionários sem na prática exercerem função em benefício do Estado, bem como alguns políticos que no decorrer do mandato aderem ao governo para receber sinecuras e que não preenchem minimamente os pré-requisitos para o bom desempenho do serviço público (como políticos fracassados, derrotados, cassados, filhos de políticos, esposas de políticos ou esposos de políticas, políticos ficha suja, enfim, uma fauna diversificada agarrada ao erário prestando desserviço à sociedade), mas beneficiados como guardiões prontos a atender as necessidades eleitoreiras do governante em qualquer quadrante do Estado diante da eventual negação espontânea eleitoral originada do seu próprio fracasso governativo.
Entre tantos entraves prejudiciais ao nosso avanço, este é um dos que causam atraso crônico. Inclusive, no jargão político dos adversários do governante, é apelidado de “cala-boca”. Geralmente os contemplados ficam na moita, meio envergonhados de serem descobertos. Com não trabalham, não querem que os adversários locais saibam da mamata. Tempos atrás, só os curiosos do Diário Oficial sabiam. Mas hoje em dia, na era virtual, não tem jeito, todos sabem. Mas existem aqueles que mesmo sendo parasitas, acham-se importantes e passam a mostrar-se que têm livre acesso ao Karnak, pois se consideram influentes e fazem questão de serem palacianos para causar a impressão de onipotência por fazer parte dos amigos do mandatário.
Mas é nessa ciranda que o Piauí vem dançando há muito tempo, por não esboçar qualquer reação em prol do seu desenvolvimento. Observando bem, tal prática contradiz a retórica. Os nossos governantes, no discurso, acenam para certo desenvolvimentismo, mas no dia a dia da administração não abdicam desses costumes que ensejam forma antiquada de conduzir o Estado. E terminam caindo na vala comum de lotar o Karnak desses doutores que não estão em proveito da administração pública, mas das salvaguardas políticas que ao longo da história têm nos deixado na inação.
Assim, é impostergável mudança de postura. Ou mandamos os velhacos para as cucuias ou ficaremos nas cucuias dos velhacos. Não há saída, é uma coisa ou outra. O que não podemos é fazer de conta que estamos realizando governo moderno, ou seja, governo operoso, e acharmos que ainda dá para passar. A máscara cai. Tal estratagema já foi tentado várias vezes e não deu certo. Devemos cair na real para percebermos que não há mágica nisso ou continuaremos no marasmo governamental. Ninguém faz bom governo na improvisação. Na governança, no nosso meio, não se consegue angariar o apoio popular e o monopólio político concomitantemente, até porque a pluralidade é salutar à democracia para manter o governante sempre alerta das suas obrigações, o que não cabe é o hibridismo de ser grego e troiano ao mesmo tempo.
*Deusval Lacerda de Moraes
Pós-Graduado em Direito
Todo governo que gera ações positivas e melhora a vida dos governados tem seus doutores na estrutura administrativa. É composto de sábios que auxiliam nos programas de vanguarda da sua época. E vem desde a Antiguidade. Revendo a História, quem não se lembra dos sábios da corte dos faraós no Antigo Egito? E na Grécia Clássica, os dos governos democráticos de Atenas? Em Roma, os imperadores eram rodeados de conselheiros. Na velha Jerusalém, nem se fala, foi território fértil para os sábios e os doutores da lei, que serviram de legado para as futuras gerações. Pois desde o passado remoto que os governantes se valem de pessoas oniscientes para assenhorearem-se das necessidades governamentais para atender as demandas do reino.
Nos tempos modernos não é diferente, no Ocidente, por exemplo, apenas a forma de governar na grande maioria dos países vem se aprimorando no enraizamento das instituições democráticas para cada vez mais satisfazer as necessidades da sociedade. E no sistema federativo brasileiro, o poder público ocorre nas três esferas administrativas, federal, estadual e municipal, mas todas imbuídas do princípio da promoção de políticas públicas que visem à felicidade dos administrados. E, nesse contexto, os governantes se compenetram desse desiderato e procuram formar equipes de gestores de excelência para bem servir a população.
Mas no Governo do Piauí não estamos seguindo à risca essa tradição. Vemos que alguns nomeados para desincumbir gestão eficiente não têm condições de atuar para que deles saiam decisões progressistas para a sociedade em geral. São alguns assessores contratados pelo Governo sem qualquer atribuição na máquina administrativa estatal e por via de consequência são agraciados com contracheques com valores estipulados em condições especiais de trabalho que na verdade não apresentam as mínimas condições técnicas, profissionais e intelectuais para o trabalho burocrático.
Tornou-se rotina na administração pública piauiense os governantes nomearem amigos e correligionários sem na prática exercerem função em benefício do Estado, bem como alguns políticos que no decorrer do mandato aderem ao governo para receber sinecuras e que não preenchem minimamente os pré-requisitos para o bom desempenho do serviço público (como políticos fracassados, derrotados, cassados, filhos de políticos, esposas de políticos ou esposos de políticas, políticos ficha suja, enfim, uma fauna diversificada agarrada ao erário prestando desserviço à sociedade), mas beneficiados como guardiões prontos a atender as necessidades eleitoreiras do governante em qualquer quadrante do Estado diante da eventual negação espontânea eleitoral originada do seu próprio fracasso governativo.
Entre tantos entraves prejudiciais ao nosso avanço, este é um dos que causam atraso crônico. Inclusive, no jargão político dos adversários do governante, é apelidado de “cala-boca”. Geralmente os contemplados ficam na moita, meio envergonhados de serem descobertos. Com não trabalham, não querem que os adversários locais saibam da mamata. Tempos atrás, só os curiosos do Diário Oficial sabiam. Mas hoje em dia, na era virtual, não tem jeito, todos sabem. Mas existem aqueles que mesmo sendo parasitas, acham-se importantes e passam a mostrar-se que têm livre acesso ao Karnak, pois se consideram influentes e fazem questão de serem palacianos para causar a impressão de onipotência por fazer parte dos amigos do mandatário.
Mas é nessa ciranda que o Piauí vem dançando há muito tempo, por não esboçar qualquer reação em prol do seu desenvolvimento. Observando bem, tal prática contradiz a retórica. Os nossos governantes, no discurso, acenam para certo desenvolvimentismo, mas no dia a dia da administração não abdicam desses costumes que ensejam forma antiquada de conduzir o Estado. E terminam caindo na vala comum de lotar o Karnak desses doutores que não estão em proveito da administração pública, mas das salvaguardas políticas que ao longo da história têm nos deixado na inação.
Assim, é impostergável mudança de postura. Ou mandamos os velhacos para as cucuias ou ficaremos nas cucuias dos velhacos. Não há saída, é uma coisa ou outra. O que não podemos é fazer de conta que estamos realizando governo moderno, ou seja, governo operoso, e acharmos que ainda dá para passar. A máscara cai. Tal estratagema já foi tentado várias vezes e não deu certo. Devemos cair na real para percebermos que não há mágica nisso ou continuaremos no marasmo governamental. Ninguém faz bom governo na improvisação. Na governança, no nosso meio, não se consegue angariar o apoio popular e o monopólio político concomitantemente, até porque a pluralidade é salutar à democracia para manter o governante sempre alerta das suas obrigações, o que não cabe é o hibridismo de ser grego e troiano ao mesmo tempo.
*Deusval Lacerda de Moraes
Pós-Graduado em Direito
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
Ver todos os comentários | 0 |