*Deusval Lacerda de Moraes
Os piauienses de boa-fé desejam imensamente que o Piauí irrompa da letargia político-administrativa que se encontra e, note-se, já faz muito tempo. Para tanto, esses abnegados vêm, cada um na sua área de atuação, tentando demonstrar que da forma como o Estado é governado suas ações acontecem a passos de tartaruga. Pois estamos cansados de saber que por trás de muitas decisões governamentais há sempre o interesse eleitoreiro para que se aproveite politicamente da situação.
Evidente que ao surgir alguma luz no fim do túnel todos ficamos esperançosos de que realmente algo positivo venha a ocorrer. A desconfiança gera quando as autoridades governativas comemoram em demasia algum fato, porque ficamos com a pulga atrás da orelha para sabermos se realmente o alarde é em prol dos piauienses ou se é para deleite dos políticos que antecipada e exageradamente festejam.
Lembramos que recentemente ocorreu leilão em que seis empresas arremataram os treze blocos para exploração de gás e petróleo do Piauí na 11ª Rodada de Licitações promovida pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) no Rio de Janeiro com a presença dos órgãos do setor da mineração. Como só foram realizados os levantamentos sísmicos e as análises geoquímicas do Plano Plurianual de Geofísica do Governo Federal essas empresas ainda farão investimentos nos próximos cinco a oito anos para saber realmente da capacidade exploratória de gás e da real existência petrolífera.
Mas cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Assim, a empresa OGX, de Eike Batista, que foi uma das vencedoras dos blocos da Bacia do Parnaíba, achava inicialmente que a reserva de gás natural de Capinzal do Norte (MA) tinha capacidade exploratória de 12 milhões de m3 dia, mas após pesquisas essa capacidade foi reduzida para 5 milhões de m3 e ainda está em fase de estudos que, por isso, a sua capacidade produtiva pode ser bem menor.
Segundo análises da área de combustíveis fósseis, existem a Bacia Hidrográfica e a Bacia Sedimentar do Parnaíba, mas o gás está na Bacia Sedimentar. Grosso modo, a sua formação geológica é a seguinte: há 500 milhões de anos o mar invadiu o continente pelo litoral Norte do Maranhão, formando a Grande Bacia, atualmente conhecida como Bacia Sedimentar do Parnaíba, com cerca de 450 mil km2, cobrindo principalmente os estados do Maranhão e Piauí. No centro ela apresenta cerca de 3.500 metros de sedimentos, que é considerado raso, e com intrusões de rochas ígneas oferece menor possibilidade para volumes expressivos de gás e óleo. Diferente, por exemplo, da Bacia Sedimentar de Tucano, na Bahia, que, embora com área mais restrita, apresenta 7.000 metros de sedimentos, favorecendo plenamente as condições geológicas de acúmulos abundantes de gás e óleo.
Por isso, antes de qualquer festança, seria de bom alvitre que essas autoridades esperassem que as empresas dos lotes piauienses fizessem as suas prospecções para constatar se haverá viabilidade de exploração em escala comercial das jazidas da Bacia do Parnaíba, para não ocorrer como disse o colunista Zózimo Tavares: “Nos últimos anos, os piauienses foram levados a comemorar à toa dois feitos dessa natureza. O primeiro foi o Biodiesel, apresentado em 2005 como a redenção econômica do Sul do Piauí. A Petrobrás estava envolvida no programa, lançado em Floriano pelo presidente da República. Não demorou o biodiesel se transformar em retumbante fracasso. Cinco anos depois, o Piauí seria sacudido pelo anúncio da instalação da Suzano. O tempo correu, a eleição passou e o bilionário investimento foi para o Maranhão” (Jornal Diário do Povo, Coluna Zózimo Tavares, edição de 16 de maio de 2013).
Queremos sinceramente o desenvolvimento do Piauí, mas gato escaldado tem medo de água fria. E como bem salientou Zózimo Tavares, nos casos do Biodiesel e da Suzano precederam os pleitos eleitorais de 2006 e 2010. No caso do gás, antecede também as eleições de 2014. Portanto, tal euforia só tinha razão de ser na ocorrência da produção e comercialização dos bens minerais. E o governo do Piauí para ser fiel a sua população, primeiro deveria esperar pelo resultado das prospecções que serão realizadas pelas empresas envolvidas na exploração. Segundo, equipar a Secretaria de Mineração, Petróleo e Energia Renovável do Estado para auxiliar em empreendimento de tamanha complexidade, porque do jeito que ela atualmente funciona não tem condições sequer de visitar a extensa Bacia Sedimentar do Parnaíba.
*Deusval Lacerda de Moraes
Pós-Graduado em Direito
Os piauienses de boa-fé desejam imensamente que o Piauí irrompa da letargia político-administrativa que se encontra e, note-se, já faz muito tempo. Para tanto, esses abnegados vêm, cada um na sua área de atuação, tentando demonstrar que da forma como o Estado é governado suas ações acontecem a passos de tartaruga. Pois estamos cansados de saber que por trás de muitas decisões governamentais há sempre o interesse eleitoreiro para que se aproveite politicamente da situação.
Evidente que ao surgir alguma luz no fim do túnel todos ficamos esperançosos de que realmente algo positivo venha a ocorrer. A desconfiança gera quando as autoridades governativas comemoram em demasia algum fato, porque ficamos com a pulga atrás da orelha para sabermos se realmente o alarde é em prol dos piauienses ou se é para deleite dos políticos que antecipada e exageradamente festejam.
Lembramos que recentemente ocorreu leilão em que seis empresas arremataram os treze blocos para exploração de gás e petróleo do Piauí na 11ª Rodada de Licitações promovida pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) no Rio de Janeiro com a presença dos órgãos do setor da mineração. Como só foram realizados os levantamentos sísmicos e as análises geoquímicas do Plano Plurianual de Geofísica do Governo Federal essas empresas ainda farão investimentos nos próximos cinco a oito anos para saber realmente da capacidade exploratória de gás e da real existência petrolífera.
Mas cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Assim, a empresa OGX, de Eike Batista, que foi uma das vencedoras dos blocos da Bacia do Parnaíba, achava inicialmente que a reserva de gás natural de Capinzal do Norte (MA) tinha capacidade exploratória de 12 milhões de m3 dia, mas após pesquisas essa capacidade foi reduzida para 5 milhões de m3 e ainda está em fase de estudos que, por isso, a sua capacidade produtiva pode ser bem menor.
Segundo análises da área de combustíveis fósseis, existem a Bacia Hidrográfica e a Bacia Sedimentar do Parnaíba, mas o gás está na Bacia Sedimentar. Grosso modo, a sua formação geológica é a seguinte: há 500 milhões de anos o mar invadiu o continente pelo litoral Norte do Maranhão, formando a Grande Bacia, atualmente conhecida como Bacia Sedimentar do Parnaíba, com cerca de 450 mil km2, cobrindo principalmente os estados do Maranhão e Piauí. No centro ela apresenta cerca de 3.500 metros de sedimentos, que é considerado raso, e com intrusões de rochas ígneas oferece menor possibilidade para volumes expressivos de gás e óleo. Diferente, por exemplo, da Bacia Sedimentar de Tucano, na Bahia, que, embora com área mais restrita, apresenta 7.000 metros de sedimentos, favorecendo plenamente as condições geológicas de acúmulos abundantes de gás e óleo.
Por isso, antes de qualquer festança, seria de bom alvitre que essas autoridades esperassem que as empresas dos lotes piauienses fizessem as suas prospecções para constatar se haverá viabilidade de exploração em escala comercial das jazidas da Bacia do Parnaíba, para não ocorrer como disse o colunista Zózimo Tavares: “Nos últimos anos, os piauienses foram levados a comemorar à toa dois feitos dessa natureza. O primeiro foi o Biodiesel, apresentado em 2005 como a redenção econômica do Sul do Piauí. A Petrobrás estava envolvida no programa, lançado em Floriano pelo presidente da República. Não demorou o biodiesel se transformar em retumbante fracasso. Cinco anos depois, o Piauí seria sacudido pelo anúncio da instalação da Suzano. O tempo correu, a eleição passou e o bilionário investimento foi para o Maranhão” (Jornal Diário do Povo, Coluna Zózimo Tavares, edição de 16 de maio de 2013).
Queremos sinceramente o desenvolvimento do Piauí, mas gato escaldado tem medo de água fria. E como bem salientou Zózimo Tavares, nos casos do Biodiesel e da Suzano precederam os pleitos eleitorais de 2006 e 2010. No caso do gás, antecede também as eleições de 2014. Portanto, tal euforia só tinha razão de ser na ocorrência da produção e comercialização dos bens minerais. E o governo do Piauí para ser fiel a sua população, primeiro deveria esperar pelo resultado das prospecções que serão realizadas pelas empresas envolvidas na exploração. Segundo, equipar a Secretaria de Mineração, Petróleo e Energia Renovável do Estado para auxiliar em empreendimento de tamanha complexidade, porque do jeito que ela atualmente funciona não tem condições sequer de visitar a extensa Bacia Sedimentar do Parnaíba.
*Deusval Lacerda de Moraes
Pós-Graduado em Direito
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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