* Deusval Lacerda de Moraes
Há fatos, acontecimentos, personagens, objetos, edificações, enfim, uma variedade de feitos, passagens, comportamentos e vicissitudes que apesar da distância no tempo ou no espaço parece ou se repete na atualidade. Por isso a importância do estudo da História, para se distinguir ou realçar os dados passados com os fatos presentes tendo em vista a perspectiva futura. Mas tudo dentro do panorama em que a pessoa humana se harmonize com a permanente evolução da sociedade, que se denomina também de busca incessante do aprimoramento da civilização.
Seguindo nesse diapasão, nada mais alvissareiro do que relembrar o vulto político piauiense do brigadeiro Manuel de Sousa Martins. E para retratarmos tão emblemática figura da historiografia mafrensina, volvemos ao livro do engenheiro-historiador Cid de Castro Dias: “Piauhy – Das Origens à Nova Capital”. Personagem marcante da política do Piauí, o brigadeiro também era chamado de Né de Sousa. Na fase colonial, exerceu os cargos de Comandante das Armas e Tesoureiro Geral da Junta da Capitania do Piauí.
O autor reporta que o brigadeiro, também nobiliárquico visconde da Parnaíba, governou o Piauí por vinte anos, ou mais precisamente de 1823 a 1829, na primeira vez, e de 1831 a 1843, na segunda governadoria. Foi personagem decisiva na Adesão da Província do Piauí à Independência do Brasil em 1822 e no enfrentamento da Balaiada (1839-1841). Afastado do cargo por vontade própria, seus adversários diziam que por sua longa permanência no poder teria adquirido muitos bens e se tornado homem rico.
Na dúvida, Cid de Castro Dias transcreve Clodoaldo Freitas: “A voz das ruas dava como fonte principal dessa grande riqueza (de Manuel de Sousa Martins) o latrocínio mais vergonhoso. Semelhante acusação, uma das muitas em que são férteis os seus inimigos, não é digna de crédito. Fora injusta e temerária uma afirmativa tão grave e cruel para a memória de um homem que, apesar do muito que fez de mal, honrou nossa terra natal por atos de verdadeiro patriotismo (pag. 207)”.
O governador Manuel de Sousa Martins foi pródigo em amparar a sua família. Protegeu o sobrinho e genro major Manuel Clementino de Sousa Martins. Elegeu o sobrinho Francisco de Sousa Martins em quatro legislaturas consecutivas (deputado geral) para o Parlamento do Império no Rio de Janeiro. E nomeou prefeito de Parnaguá o sobrinho major José Martins de Sousa. Além da influência na Província de outros membros da sua família.
Descendente ou não, o atual governador Wilson Martins tem algo em comum com o governador imperial, pois também é chamado de Wilsão. Não diríamos bravura, porque as circunstâncias políticas e históricas da época do brigadeiro eram totalmente diferentes do Estado Democrático de Direito que estamos gozando agora. O visconde da Parnaíba era reconhecidamente autoritário, já o mandatário piauiense governa em tempos modernos, ainda assim é intitulado “tratorzão”.
O governador do Piauí também é benfeitor da sua família. Nomeou a esposa Lílian Martins para a Secretaria da Saúde, depois a indicou, com a aprovação da Assembleia Legislativa do Piauí, conselheira do Tribunal de Contas do Estado, e quando ainda era Secretária da Saúde foi divulgado que os dois filhos médicos (Raphael Martins e Victor Martins) foram aprovados em concurso público daquele órgão. Nomeou o irmão Rubens Martins titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Piauí. Exceção aos eleitos, o sobrinho vereador Rodrigo Martins, presidente da Câmara Municipal de Teresina, e a sobrinha Jandira Martins, prefeita de Santa Cruz do Piauí.
Por fim, em 4 de março de 2012, o deputado Cícero Magalhães (PT) denunciou que o governador do Piauí estava construindo um grande prédio próximo à avenida Miguel Rosa, e aproveitou para disparar na mídia: “Tomara que o governador esteja construindo essa obra com dinheiro dele mesmo. E não com dinheiro público”. A imprensa checou e descobriu que se tratava de Hospital, como disse a vizinhança. Mas, na verdade, a obra é da Clínica Clinass e depois de um ano de construção atualmente está em estágio avançado de execução no famoso “Polo de Saúde de Teresina”. Está sendo edificada pela Sírius Serviços de Locação Ltda. E o seu responsável técnico é o engenheiro Felipe Melo Martins que, segundo consta, já celebrou contratos com o governo do Estado. Eis, pois, os fatos. Nem tudo que parece é, mas que parece, parece.
* Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito
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Há fatos, acontecimentos, personagens, objetos, edificações, enfim, uma variedade de feitos, passagens, comportamentos e vicissitudes que apesar da distância no tempo ou no espaço parece ou se repete na atualidade. Por isso a importância do estudo da História, para se distinguir ou realçar os dados passados com os fatos presentes tendo em vista a perspectiva futura. Mas tudo dentro do panorama em que a pessoa humana se harmonize com a permanente evolução da sociedade, que se denomina também de busca incessante do aprimoramento da civilização.
Seguindo nesse diapasão, nada mais alvissareiro do que relembrar o vulto político piauiense do brigadeiro Manuel de Sousa Martins. E para retratarmos tão emblemática figura da historiografia mafrensina, volvemos ao livro do engenheiro-historiador Cid de Castro Dias: “Piauhy – Das Origens à Nova Capital”. Personagem marcante da política do Piauí, o brigadeiro também era chamado de Né de Sousa. Na fase colonial, exerceu os cargos de Comandante das Armas e Tesoureiro Geral da Junta da Capitania do Piauí.
O autor reporta que o brigadeiro, também nobiliárquico visconde da Parnaíba, governou o Piauí por vinte anos, ou mais precisamente de 1823 a 1829, na primeira vez, e de 1831 a 1843, na segunda governadoria. Foi personagem decisiva na Adesão da Província do Piauí à Independência do Brasil em 1822 e no enfrentamento da Balaiada (1839-1841). Afastado do cargo por vontade própria, seus adversários diziam que por sua longa permanência no poder teria adquirido muitos bens e se tornado homem rico.
Na dúvida, Cid de Castro Dias transcreve Clodoaldo Freitas: “A voz das ruas dava como fonte principal dessa grande riqueza (de Manuel de Sousa Martins) o latrocínio mais vergonhoso. Semelhante acusação, uma das muitas em que são férteis os seus inimigos, não é digna de crédito. Fora injusta e temerária uma afirmativa tão grave e cruel para a memória de um homem que, apesar do muito que fez de mal, honrou nossa terra natal por atos de verdadeiro patriotismo (pag. 207)”.
O governador Manuel de Sousa Martins foi pródigo em amparar a sua família. Protegeu o sobrinho e genro major Manuel Clementino de Sousa Martins. Elegeu o sobrinho Francisco de Sousa Martins em quatro legislaturas consecutivas (deputado geral) para o Parlamento do Império no Rio de Janeiro. E nomeou prefeito de Parnaguá o sobrinho major José Martins de Sousa. Além da influência na Província de outros membros da sua família.
Descendente ou não, o atual governador Wilson Martins tem algo em comum com o governador imperial, pois também é chamado de Wilsão. Não diríamos bravura, porque as circunstâncias políticas e históricas da época do brigadeiro eram totalmente diferentes do Estado Democrático de Direito que estamos gozando agora. O visconde da Parnaíba era reconhecidamente autoritário, já o mandatário piauiense governa em tempos modernos, ainda assim é intitulado “tratorzão”.
O governador do Piauí também é benfeitor da sua família. Nomeou a esposa Lílian Martins para a Secretaria da Saúde, depois a indicou, com a aprovação da Assembleia Legislativa do Piauí, conselheira do Tribunal de Contas do Estado, e quando ainda era Secretária da Saúde foi divulgado que os dois filhos médicos (Raphael Martins e Victor Martins) foram aprovados em concurso público daquele órgão. Nomeou o irmão Rubens Martins titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Piauí. Exceção aos eleitos, o sobrinho vereador Rodrigo Martins, presidente da Câmara Municipal de Teresina, e a sobrinha Jandira Martins, prefeita de Santa Cruz do Piauí.
Por fim, em 4 de março de 2012, o deputado Cícero Magalhães (PT) denunciou que o governador do Piauí estava construindo um grande prédio próximo à avenida Miguel Rosa, e aproveitou para disparar na mídia: “Tomara que o governador esteja construindo essa obra com dinheiro dele mesmo. E não com dinheiro público”. A imprensa checou e descobriu que se tratava de Hospital, como disse a vizinhança. Mas, na verdade, a obra é da Clínica Clinass e depois de um ano de construção atualmente está em estágio avançado de execução no famoso “Polo de Saúde de Teresina”. Está sendo edificada pela Sírius Serviços de Locação Ltda. E o seu responsável técnico é o engenheiro Felipe Melo Martins que, segundo consta, já celebrou contratos com o governo do Estado. Eis, pois, os fatos. Nem tudo que parece é, mas que parece, parece.
* Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito
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