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TOC: o que é, de onde se origina e como tratar?; ou só quem sofre sabe o que é


Tenho recebido recentemente um número considerável de pacientes com demandas relacionadas ao TOC. Diante do crescente número de casos e com o fito de levar algumas informações a quem sofre ou conhece alguém que sofre da doença, escrevo essas poucas linhas.

Pois bem, TOC ou Transtorno Obsessivo Compulsivo é um desequilíbrio da psique muito estudado, mas nem sempre bem compreendido. Como o próprio nome antecipa é a combinação de obsessão, pensamentos involuntários e indesejados que invadem a consciência; e compulsão, atos decorrentes das obsessões.


Imperioso ressaltar o grande sofrimento que acomete o paciente, em razão das ansiedades, medos, receio da não-aceitação e exclusão de grupos sociais, somatizações, etc. Cumpre lembrar que sofre não só o indivíduo, mas todo o seu núcleo familiar, que, na maioria dos casos, não entende ou considera “frescura” os sintomas, levando em muitos casos ao total desequilíbrio da família.

Em que pese a vasta literatura sobre o tema, ainda não foi possível identificar com clareza suas causas e cura, entretanto observo na clínica que é possível inferir que em vários casos ocorrem a partir de um evento traumático. Por outro lado, em uma amostragem considerável, não foi possível observar um evento único catalisador dos sintomas.

Observo que os sintomas são vários: manias de limpeza, organização, repetição, confirmação, acumulação, dentre outros. A energia psíquica do indivíduo é consumida por um conflito mental interno que tende a minar parte da energia do paciente, levando, em alguns casos, a uma completa imobilização e/ou exaustão. Em outras palavras, procedimentos que em outras pessoas são executados de forma (quase) automática, como lavar as mãos, fechar uma porta, etc, nas pessoas que padecem da enfermidade muita energia é destinada para executar essas tarefas cotidianas.

No contexto da Psicologia Analítica de Jung, o Ego é o centro da consciência, responsável pela execução das tarefas do indivíduo e que em tese é o responsável pela administração e saúde da psique, tendo para tal a liberdade e a autonomia de gerenciar todo o processo psíquico. Pois bem, em indivíduos acometidos pelo TOC essa liberdade e autonomia do Ego são consideravelmente reduzidas, obrigando-o a despender uma vasta parte de seu tempo e energia para administrar a ansiedade e inquietações oriundas do TOC.

Tenho visto também que um considerável número de pacientes desse universo tem uma personalidade forte e tem especial apreço pelo controle. Parece-me que em algum momento da evolução e estruturação da psique, essa necessidade de controle volta-se contra o próprio indivíduo, tornando o controlador, controlado.

Apostar no reequilíbrio da energia psíquica do indivíduo é o cerne do tratamento clínico que utilizo, bem verdade, que essa retomada da harmonização da psique deve ser avaliada caso a caso.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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