Sigmund Freud, há mais de 100 anos, afirmara que a humanidade havia sido ferida em seu narcisismo em 3 ocasiões.
A primeira quando foi postulado por Nicolau Copérnico (apesar de a tese já ter sido aventada desde os tempos pré-socráticos) que o planeta Terra não era o centro do Universo como a Teologia Medieval pregara por tanto tempo, mas apenas mais um planeta em uma enorme vastidão sideral.
A segunda ocorreu quando Charles Darwin teorizou e provou que a humanidade nada tinha de especial em relação aos outros seres, posto que surgira a partir das mesmas leis evolutivas que regiam todas as demais espécies.
Já a terceira e mais contundente afronta à mania de grandeza dos humanos, como dizia o pai da Psicanálise, foi quando restou demonstrado pelos estudos e postulados psicanalíticos que o indivíduo não é senhor nem de sua própria casa, tendo em vista o Ego (ou o Eu) é apenas um dos vários elementos da psique e sua suposta autonomia e independência é, na verdade, inteiramente dependente do Inconsciente, onde residem as causas últimas do suposto livre arbítrio humano.
Essa questão do narcisismo humano é tão antiga quanto a própria humanidade, conforme tão bem constatado pelos Padres do Deserto (monges, eremitas e ascetas que habitaram os desertos do Egito a partir do século III d.C.), na medida em que postularam que o Orgulho era o pior dos 7 Pecados Capitais.
As constatações de Freud e dos eremitas monásticos não são apenas de cunho social e religioso, mas aplicam-se cabalmente à questão terapêutica, na medida em que um dos principais aspectos a ser trabalhado pelo paciente é o apego do indivíduo às suas questões egóicas, que tanto o fizeram, fazem e, certamente, farão sofrer, até que haja a tomada de consciência de suas sombras e a efetiva entrega ao processo de Individuação.
Por pertinência, cito Carl G. Jung: "Até você se tornar consciente, o Inconsciente irá dirigir a sua vida e você vai chamá-lo de Destino."
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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