Imagem: DivulgaçãoA crise da meia-idade; ou a individuação junguiana
Um dos conceitos mais importantes na teoria junguiana é a individuação, que pode ser entendido como um processo de auto realização e de tomada de autoconsciência. Jung afirma que esse é um processo típico da segunda metade da vida na qual a energia psíquica de cada um se voltaria para o mundo interno, após ter passado a primeira parte da existência canalizando os esforços físicos, cognitivos e emocionais para o mundo externo, na busca da realização material, subsistência e definição de parceiro.
Pois bem, nesse contexto passo a relatar o seguinte caso clínico. Amélia contava pouco mais de 40 anos quando me procurou, informando que se encontrava em plena crise existencial, pois nada mais a interessava. Estava casada há cerca de 20 anos e dedicara sua vida a criar dois filhos, bem como desempenhar suas atividades profissionais no ramo da estética. Sentia, entretanto, um profundo vazio que estava influenciando sobremaneira o seu casamento, bem como a sua profissão, tendo em vista que desde algum tempo ela considerava o seu trabalho fútil e vazio. Como se não bastasse, ela era acometida por medos sem qualquer razão plausível.
Em verdade, Amélia estava passando pelo arquétipo da meia-idade, um período de grande potencial curativo, mas também de grande crise na psique. Somente por meio da integração das sombras de Amélia, ela conseguirá desenvolver a contento o processo de individuação, harmonizando a sua energia interior e exterior.
José Anastácio de Sousa Aguiar
*nomes, sexos e alguns detalhes foram alterados para proteger a identidade dos pacientes.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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