Imagem: DivulgaçãoA função da ovelha negra ou o poder destruidor da vida de aparências
Era evidente a tristeza e o abatimento de Maia, mulher contando com cerca de 40 anos, aparentando, entretanto, muito mais. Contou-me ela que me procurara em razão dos problemas causados pela filha, Mara Eco. Relatou a desolada mãe, que a sua filha única era considerada na família a ovelha negra, pois a partir da pré-adolescência tornou-se rebelde, indócil e irritadiça. Já na adolescência, envolveu-se com drogas e chegava a passar dias sem dormir em casa.
Pedi que ela me reportasse a sua vida e a sua relação com o marido. Após uma hesitação inicial, contou-me, acompanhado de muitas lágrimas, que o seu casamento era um desastre. Ela casara cedo em razão de ter engravidado, entretanto, na verdade, nunca o amara (nem ele a ela, supunha). A vida do casal, desde sempre, era uma falácia, mas a situação piorara quando ela descobriu que o marido levava uma vida dupla, posto que o mesmo se relacionava com outro homem. Assim, Maia passou a dedicar-se totalmente ao trabalho como fuga de seus problemas pessoais. Nesse ambiente, Mara crescera.
Pois bem, a filha do casal representava todo o desajuste da relação familiar, funcionando, na verdade, como um espelho da vida de aparências levada por aquela família. Mara, que à primeira vista era tida como algoz da tranquilidade do lar, era, em verdade, vítima do desamor de seus pais.
A inexistência da sinceridade, companheirismo e diálogo gerou todo o desequilíbrio familiar. Assim, a toda evidência, somente com o cultivo das referidas qualidades poder-se-ia restabelecer a harmonia.
José Anastácio de Sousa Aguiar
* nomes, sexos e alguns detalhes foram alterados para proteger a identidade dos pacientes.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
Ver todos os comentários | 0 |