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Não é difícil ver em adesivos afixados em carros por qualquer cidade brasileira a expressão “Deus é fiel”. Em que pese não saber ao certo qual tipo de fidelidade a expressão se refere, resolvi escrever sobre o que pensam dois dos grandes filósofos sobre o tema. São eles: Baruch de Espinoza e Huberto Rohden.

Segundo ambos, Deus seria a essência una, única, absoluta, infinita e universal, e em assim sendo, deriva dela efeitos múltiplos e incessantes, através de todos os tempos e espaços. Deus seria infinito em sua essência, mas finito em suas existências ou manifestações. Nesse contexto, Deus, como essencialmente uno, seria existencialmente múltiplo: um no seu ser, muitos no seu agir, o que apontaria, necessariamente, para a impossibilidade de qualificar Deus com qualquer qualidade de suas criaturas. Em nenhum dos seus efeitos pode Deus revelar-se total e exaustivamente, o que equivaleria a criar um novo Deus e com isso esgotar todas as suas potencialidades criadoras em um único ato criador.

Existem dois conceitos que talvez devam ser melhor entendidos, o real significado do que seja Relativo e Absoluto. Entenda-se por Relativo tudo que estiver sob a égide da relação tempo-espaço. Se algo está sujeito e, por via de conseqüência, tem seus limites nesta equação, enquadra-se e pertence ao Relativo. Como conseqüência dessa relação, tudo pode ser caracterizado e definido, mantendo-se determinados parâmetros, bem como, alterado qualquer fator anterior de medição, pode ser alterado o resultado final. Em outras palavras, o Relativo está intimamente ligado aos valores do observador e tem como uma de suas principais características a mutabilidade.

Já para o Absoluto, a regra é exatamente a oposta. Ele pertence ao inconcebível, logo não há qualquer parâmetro de aferição. Tentar entender o Absoluto com valores do Relativo, faz-nos, por definição, enveredar por uma seara que jamais poderá ser exatamente delimitada.

Nesse contexto, qualquer característica ou atributo que possa ser associado a Deus não passa de pura questão religiosa, pertencente ao universo relativo de seus seguidores e só.

Boa sorte a (nós) todos.

Eusébio/CE, 22 de fevereiro de 2010.

José Anastácio de Sousa Aguiar

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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