“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.”
(Immanuel Kant)
Poucos temas foram tão exaustivamente estudados quanto as questões que envolvem a arte de educar, normalmente chamada educação.
Desde que nos entendemos por gente, somos introduzidos em algum tipo de aprendizado, sem que saibamos exatamente porque necessitaremos dele. O primeiro dia na escola para alguns é semelhante a um segundo parto. Colocam-nos em um lugar estranho, com gente estranha e sem qualquer explicação para tal ato – afinal, criança não precisa de explicação. Para aqueles sortudos que conseguem sair sem algum trauma, é um alívio.
E assim passamos praticamente toda a nossa infância e adolescência – tentando cumprir metas e atingir notas que, repito, ainda não sabemos o porquê.
Depois de uma série de anos que parece infinita, muitos, sim, digo muitos, porque alguns já ficaram pelo caminho - chegam finalmente ao vestibular. Esse tão almejado objetivo paira na cabeça de todos como a última fronteira a ser vencida.
Ledo engano. Primeiro, porque com cerca de 18 anos temos muito mais probabilidade de errar na escolha do curso do que acertar. Segundo, porque essa é apenas a primeira barreira do segundo grande ciclo educacional.
O interessante de descobrir é que muito do estudado nesse novo ciclo pelo atual sistema terá pouca utilidade nos anos vindouros. As questões de real importância serão resolvidas pelo bom senso, criatividade e razoabilidade, que por sinal, destaque-se, não é ensinada em lugar algum.
Chego ao ponto central do artigo. Somos massacrados e massacramos, na seara educacional, com uma infinidade de informações de nenhum significado para a nossa sociedade, em outras palavras, preocupamo-nos muito em passar informação e pouquíssimo em proporcionar formação.
É bem verdade que idéias como as de Vygotsky, Piaget e alguns autores construtivistas, trouxeram algum arrefecimento ao obsoleto modelo educacional ainda utilizado, entretanto, pode-se ainda perceber que a memorização tem precedência em relação à criação e a repetição de padrões tem mais importância do que o debate construtivo.
Creio que um primeiro e importante passo seria a valorização do profissional de educação com o efetivo reconhecimento da sua importância na sociedade, por meio de um salário digno.
Para encerrar acrescento que pouquíssimos serão aqueles que ao se aposentar continuarão fazendo o que passaram a vida inteira estudando. Ao final, talvez Einstein tenha razão ao asseverar: “Educação é aquilo que fica depois que você esquece o que a escola ensinou.”
Boa sorte a (nós) todos.
Londres/RU, 22 de novembro de 2008.
José Anastácio de Sousa Aguiar
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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