O paciente Paulo Peregrino, de 61 anos, voltou a fazer caminhadas quase 90 dias depois de passar por um tratamento inovador contra o câncer, em São Paulo. O publicitário lutava contra a doença havia 13 anos e conseguiu a remissão completa do linfoma.
Anteriormente, Peregrino iria começar a receber cuidados paliativos — quando o paciente já não tem chance de cura. No entanto, entre março e abril de 2023, ele se tornou o 14º paciente a ser tratado pela terapia CAR-T Cell, técnica que utiliza as próprias células de defesa do paciente, modificadas em laboratório. Ele narrou que “desde a alta, praticamente não parei de caminhar. No começo, eram caminhadas curtas, de cerca de 10 minutos”. Agora, o paciente disse que caminha por mais tempo. “A fisioterapeuta ficou impressionada e orgulhosa quando me viu caminhando”, contou.
A iniciativa de aplicar a terapia CAR-T Cell faz parte de um estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Até o momento, todos os pacientes tratados com esse método tiveram remissão de, pelo menos, 60% dos tumores.
CAR-T Cell no Brasil
A técnica é utilizada em poucos países. No Brasil, no segundo semestre, 75 pacientes devem ser tratados com o CAR-T Cell. O Estado deve custear os tratamentos, depois da autorização da Anvisa para o estudo clínico. Atualmente, a terapia só existe na rede privada brasileira, ao custo de pelo menos R$ 2 milhões por pessoa.
“Para disponibilizá-lo à população brasileira, é necessário obter um financiamento do tratamento para 75 pacientes com linfoma e leucemia e gerar os dados clínicos que permitam o registro do produto na Anvisa”, explicou Dimas Costa, coordenador do Centro de Terapia Celular (CEPID-USP) e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto. Ele é responsável pelo desenvolvimento da versão brasileira dessa tecnologia.
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