O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que pretende acelerar a vacinação no País, saltando dos atuais cerca de 300 mil para 1 milhão de doses aplicadas por dia. Em sua primeira entrevista após assumir o cargo, ele demonstrou alinhamento ao presidente Jair Bolsonaro e disse ser preciso evitar o "lockdown", que inclui medidas como fechamento de escolas, comércio e restrições de circulação. "Quem quer lockdown? Ninguém quer lockdown."
A meta de vacinar um milhão de pessoas por dia depende mais da chegada das doses do que a capacidade da rede pública. Em 2019, por exemplo, foram vacinadas 5,5 milhões de pessoas contra a gripe no “dia D”, feito em maio. Já em 2010, a campanha de vacinação contra a H1N1 vacinou 81 milhões de pessoas em 3 meses. A expectativa do Ministério da Saúde é receber 38 milhões de unidades de imunizantes contra a covid-19 no mês que vem.
Ao se opor a um lockdown nacional, Queiroga disse que uma comissão formada por representantes dos Estados e Congresso irá discutir "políticas de distanciamento social que sejam adequadas". "O que nós temos, do ponto de vista prático, é adotar medidas sanitárias eficientes que evitem lockdown. Até porque a população não adere a lockdown", afirmou.
Em boletim extraordinário do Observatório covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado nesta terça, 23, pesquisadores falam em “crise humanitária”e pedem adoção imediata de lockdown por pelo menos 14 dias. Segundo a instituição, essa seria a forma de reduzir o ritmo de transmissão da doença e aliviar a pressão nos hospitais.
Queiroga ainda negou intenção de esconder dados da covid-19 com alterações na forma de notificar óbitos da doença, que viraram alvos de reclamações de secretários de Estados e municípios. "Eu não sou maquiador, eu sou médico", disse.
Queiroga também confirmou que irá substituir militares de cargos estratégicos da Saúde. O médico disse que terá liberdade para montar a sua equipe.
Para o cargo de secretário-executivo, o "número 2" da pasta, será nomeado o engenheiro Rodrigo Otávio da Cruz. O posto hoje é ocupado pelo coronel da reserva Élcio Franco. Já o médico Sérgio Yoshimasa assumirá a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES), comandada atualmente pelo coronel Franco Duarte. A área lida com o envio de recursos e insumos a hospitais em todo o País.
Secretaria
O novo ministro também disse que irá criar uma secretaria para tratar apenas de assuntos da covid-19. Ele afirmou que a pasta terá um núcleo para avaliar protocolos do tratamento da doença, liderado pelo professor Carlos Carvalho, da Faculdade de Medicina da USP.
Questionado sobre o que fará de diferente do seu antecessor, Eduardo Pazuello, na Saúde, o cardiologista se esquivou: "Vocês vão perceber ao longo do tempo".
Queiroga assume o cargo no momento em que a pandemia está descontrolada. Além disso, o Bolsonaro está sob forte pressão e tenta dar sinais de que não é negacionista, ao passar a usar máscara e defender a vacinação. O presidente, porém, segue defendendo tratamentos sem eficácia e rejeita a adoção de medidas mais rígidas para evitar a circulação do vírus.
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