A Índia iniciou neste sábado, 16, o que chamou de "a maior campanha de vacinação do mundo" contra a covid-19, começando em cerca de 3 mil partes do país com o objetivo de inocular mais de 300 mil profissionais de saúde em seu primeiro dia.
Na campanha, estão sendo administradas doses da Covishield, fórmula desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca, e da Covaxin, a vacina do laboratório Bharat Biotech desenvolvida com o Conselho de Pesquisa Médica da Índia (ICMR).
O programa, realizado em todos os Estados e territórios do país, foi lançado esta manhã pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em videoconferência. de Nova Délhi. "O país inteiro está à espera por este dia. Há meses que crianças, jovens e idosos se perguntam quando vai chegar a vacina contra o coronavírus. Agora chegou, e em apenas alguns minutos, a maior campanha mundial de vacinação terá início na Índia", disse Modi, pouco antes do lançamento.
Às 11h14 (hora local), um profissional de saúde do hospital público AIIMS, na capital indiana, recebeu, na presença do ministro da Saúde, Harsh Vardhan, a primeira vacina desta campanha contra o coronavírus.
Foi criado um total de 3.006 postos de vacinação para esta jornada. Cada um administra a primeira dose hoje a cerca de 100 profissionais da saúde dos setores público e privado, identificados como prioritários para a primeira fase.
Nessa fase, serão vacinados 10 milhões de trabalhadores da saúde, seguidos por 20 milhões de profissionais da linha de frente do combate à pandemia, para posteriormente imunizar cerca de 270 milhões de pessoas com mais de 50 anos ou com doenças crônicas graves. Esse primeiro grupo de 300 milhões de pessoas incluiria, até julho deste ano, quase um quarto dos 1,35 bilhão de habitantes da Índia.
Mas o tamanho do país e a pobreza, juntamente com redes de transporte muito deficientes e um dos sistemas de saúde com menos recursos, tornam a tarefa assustadora. A campanha de vacinação contra covid-19 será um "grande desafio", disse Satyajit Rath do Instituto Nacional de Imunologia. As autoridades também precisam garantir que a vacina não vá parar no enorme mercado paralelo de drogas do país.
O governo da Índia comprou até agora cerca de 17 milhões de doses, 10,5 milhões da Covishield e 6,6 milhões da Covaxin. Ambos obtiveram permissão da Controladoria Geral de Drogas da Índia (DGCI, na sigla em inglês) para seu "uso de emergência" há duas semanas, embora a Covaxin ainda esteja em fase de testes e os dados definitivos sobre sua eficácia não sejam conhecidos.
"Normalmente, leva anos para fazer uma vacina, mas em tão pouco tempo, não uma, mas duas vacinas 'Made in India' estão prontas. Entretanto, o trabalho sobre outras vacinas está progredindo em um ritmo acelerado", disse Modi.
Os postos de vacinação, que dependem de uma complexa rede de distribuição, serão interligados a partir de hoje a um posto central em Nova Délhi, do qual o Ministério da Saúde garantirá o cumprimento dos protocolos.
Céticos
Mais de 150 mil pessoas morreram de covid-19 na Índia e a economia é uma das mais afetadas do mundo, com milhões de desempregados. As infecções caíram nos últimos meses, mas os especialistas não descartam a possibilidade de uma nova onda devido às grandes aglomerações nos últimos feriados religiosos.
E, como em outros países, há grande ceticismo em relação à vacina, alimentado em parte pela corrente de boatos e informações infundadas que estão se espalhando na internet sobre o vírus.
Por exemplo, no Facebook e no Twitter, mensagens foram compartilhadas milhares de vezes - negadas pelo serviço de Checagem de Fatos da agência France Presse - que garantem que nenhum vegetariano morreu de covid-19.
Outros acusam a minoria muçulmana da Índia de espalhar deliberadamente o vírus com rótulos como "#CoronaJihad", ou que a pandemia é uma cobertura para a implantação de microchips de rastreamento.
De acordo com uma pesquisa recente com 18 mil pessoas em todo o país, 69% não têm pressa em se vacinar. “Prefiro esperar e ver como funciona com os funcionários da linha de frente que estão sendo vacinados primeiro”, disse a funcionária do banco Sushma Ali, de 54 anos, à France Presse.
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