A Espanha se tornou nesta quarta-feira (21) o primeiro país da União Europeia a ultrapassar a marca de um milhão de casos de covid-19, de acordo com o Ministério da Saúde, que registrou ontem o recorde de 17 mil novos casos e 156 mortes em 24 horas – o total de óbitos foi a 34,3 mil.
A Espanha, com 47 milhões de habitantes, torna-se o sexto país do mundo a superar a barreira de um milhão de casos. Os outros cinco são EUA, Índia, Brasil, Rússia e Argentina, de acordo com levantamento da Universidade Johns Hopkins.
A realidade, porém, pode ser pior que os dados oficiais. Na primeira onda, em abril, até o fim do estado de emergência, foram registrados 246 mil casos. No entanto, o Estudo Nacional de Epidemiologia, realizado pelo Instituto de Saúde Carlos III, estimou que pelo menos 5,2% dos espanhóis tiveram contato com o vírus, o equivalente a 2,5 milhões de pessoas.
Na segunda onda, mais 750 mil foram diagnosticados com o vírus. O próprio Ministério da Saúde, contudo, reconhece que é possível que apenas entre 60% e 80% do total de casos estejam sendo detectados. Assim, o número real de infecções na Espanha pode ser de pelo menos 3,5 milhões, embora muitos especialistas acreditem que esse número gire em torno de 5 milhões.
O ministro da Saúde, Salvador Illa, se reunirá nesta quinta-feira com representantes das regiões autônomas para atualizar o plano de combate à covid-19. “Semanas muito duras virão, o inverno (europeu) está chegando e a segunda onda não é mais uma ameaça, é uma realidade em toda a Europa”, disse.
O governo do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, estuda a imposição de um toque de recolher em Madri, que concentra cerca de 30% de todas as infecções. No entanto, desde o início da segunda onda, as autoridades da capital espanhola resistem à aplicação de medidas mais rígidas. “Para nós, o mais importante é que a economia não sofra mais”, disse Isabel Díaz Ayuso, governadora da região de Madri.
Mesmo se opondo a medidas radicais, o secretário de Saúde da capital, Enrique Ruiz Escudero, afirmou que o governo regional prepara um decreto para estabelecer um toque de recolher entre meia-noite e 6 horas.
Nas últimas semanas, Sánchez caminha em uma linha tênue entre a necessidade de pressionar por medidas de isolamento mais rígidas e a insatisfação generalizada com a resposta do governo. O Vox, partido de extrema direita, apresentou um moção de censura contra o premiê, que deve ser votada nesta quinta-feira.
Sánchez disse nesta quarta-feira que a iniciativa serve apenas para “promover a propaganda” da extrema direita, provocar o “confronto” e “desperdiçar energias” que deveriam ser dedicadas à resolução dos problemas do país. A moção de censura dividiu a oposição e deve ter apoio apenas dos 82 parlamentares do Vox, longe da maioria necessária de 176 votos de um total de 350 deputados.
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