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Política

Procurador que deu 'desconto' de quase R$ 7 bilhões à J&F pode ser afastado

A redução da multa foi feita de maneira atípica e questionável, de acordo com o requerimento.

Um grupo de quatro subprocuradores da República fez um pedido de afastamento do colega Ronaldo Albo, que reduziu a multa da J&F de R$ 10,3 bilhões para R$ 3,5 bilhões. Ou seja: um desconto superior a 65% ou correspondente a R$ 6,8 bilhões. A redução da multa foi feita de maneira atípica e questionável. Além disso, Albo responde a inquérito na Corregedoria do Ministério Público Federal (MPF).

No acordo de leniência fechado com o MPF em 2017, a J&F, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista, aceitou livremente pagar a multa para se livrar dos processos por corrupção. Os executivos da empresa admitiram ter praticado esse crime durante os governos de Lula e Dilma Rousseff. Entretanto, em maio, a companhia pediu a revisão da multa e, de forma suspeita, Ronaldo Albo autorizou o desconto de quase R$ 7 bilhões em junho.


Para dar o desconto bilionário, ele anulou o voto de um dos membros da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, Alexandre Camanho. Antes disso, porém, Albo tinha marcado a votação do pedido de abatimento da multa no dia em que esse mesmo procurador estava de férias.

Como Camanho insistiu em votar e votou contra a J&F, Albo anulou o voto dele. O placar, que era de 2 a 1 — o outro procurador titular da 5ª Câmara Eitel Santiago também tinha votado contra — ficou então em 1 a 1. Com o empate, Albo considerou seu próprio voto, como presidente da Câmara, com peso superior ao de Santiago e concedeu o desconto à empresa dos Batista.

Além de Camanho e Santiago, titulares da 5ª Câmara, os procuradores Paulo Eduardo Bueno e Bruno Caiado, suplentes do órgão, também assinam o pedido de afastamento de Albo. O requerimento foi encaminhado ao procurador-geral da República e presidente do Conselho Superior do MPF, Augusto Aras, de quem Ronaldo Albo é “fiel aliado”, segundo a coluna de Malu Gaspar, do jornal O Globo.

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