Lívia Pessoa
Atualmente, a presença de mulheres na política vem alcançando números maiores, mas ainda irrisórios se comparados aos homens no poder. Dessa forma, as dificuldades e amarras históricas que envolvem o gênero se perpetuam, já que não há personagens femininas para promover mudanças.
Apenas em 1932, Getúlio Vargas promulgou a lei no Código Eleitoral, inserindo a participação do voto feminino nas disputas eleitorais em todos os estados do Brasil. Já em setembro de 2021, a Emenda Constitucional 111 determinou que a contagem dos votos para parlamentares mulheres seria feita em dobro, realizando, baseado nisso, o cálculo da distribuição dos recursos dos fundos partidários e eleitoral nas eleições. Essa medida será válida a partir do ano de 2022 até 2030.
O GP1 montou esta reportagem especial para ressaltar a importância de se ter mulheres ocupando espaços na política, enfatizando a esfera piauiense. Nossa equipe conversou com exclusividade com a secretária estadual e ex-governadora do Piauí Regina Sousa (PT) e a deputada estadual Gracinha Moraes Souza (Progressistas).
Regina Sousa (PT)
Compreendendo a escassez da mulher dentro da política e no topo das hierarquias socioeconômicas, Regina Sousa marcou a história do Piauí ao se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de governadora o estado. A petista foi eleita como vice-governadora de Wellington Dias em 2018, no entanto, quando Wellington se afastou do cargo para disputar o pleito de 2022, Regina Sousa chefiou o Palácio do Karnak por 9 meses.
“Olha, o meu exemplo de estar na política foi para demonstrar que a mulher pode, mas não é simples. Tem toda uma luta por trás, desde criança eu sei o que é injustiça. Minha mãe fazia parte da Liga Camponesa, como ela não sabia ler direito, aos 10 anos de idade eu lia os panfletos e fui aprendendo as coisas, o que era latifúndio, exploração e fui entendendo as injustiças que minha família vivia. A partir disso eu me engajei nas lutas e nunca mais saí”, enfatizou Regina Sousa sobre sua jornada.
Atualmente, Regina Sousa ocupa a Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Diretos Humanos do Piauí, desenvolvendo trabalhos para a comunidade piauiense. Ao falar sobre seu lugar enquanto a primeira governadora mulher, a parlamentar explicou como entende seu papel dentro da sociedade e como isso afeta outras mulheres que se espelham em sua jornada.
Gracinha Moraes Souza (Progressistas)
No pleito de 2022 a parnaibana Gracinha Moraes Souza foi eleita como deputada estadual pelo Partido Progressistas, estreando no cenário político piauiense. A parlamentar foi secretária Municipal de Infraestrutura na gestão do pai, o prefeito Mão Santa, na Prefeitura de Parnaíba.
“Eu cresci em um ambiente político, vendo meu pai, Mão Santa, e minha mãe, Adalgisa, desde sempre, em contato com o povo, ocupando cargos públicos, quebrando barreiras. Vivenciei de perto e aprendi a perceber e me posicionar sem medo, contra o machismo no ambiente político. Ainda nos assusta muito o quanto o preconceito contra a mulher na política está tão naturalizado. Basta ver na mídia casos de assédio ocorrendo durante as plenárias. Quando mulheres se posicionam e não se curvam, são taxadas como loucas, falam por cima das nossas vozes, nos colocam como briguentas e mandonas. Quando na verdade, esse discurso é de puro preconceito, machismo e medo. Medo de serem superados, de perderem sua posição ou até mesmo uma simples discussão, para nós, mulheres. Para muitos isso é humilhante, para mim, a certeza de que nós podemos ser quem, quando e onde quisermos ser”, ressaltou a deputada estadual.
Desde sua posse, que ocorreu no dia 1º de fevereiro deste ano, a deputada Gracinha vem enfatizando uma postura independente na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), sendo uma das 5 deputadas estaduais que compõem a Casa, juntamente com os 25 parlamentares homens.
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