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Política

Regina Sousa concede entrevista ao GP1 e fala sobre preparação do partido para eleições

"O PT faz planejamentos, realiza encontros regionais, inclusive já temos vários encontros marcados, por exemplo, em Piripiri, Pedro II, Campo Maior e demais cidades", disse a petista.

A presidente do Diretório Regional do PT do Piauí, Regina Sousa concedeu entrevista exclusiva ao GP1. Na ocasião, a comandante falou de temas variados, fez análises e criticou os adversários. Regina revelou que se surpreendeu com o fato de o ex-prefeito Sílvio Mendes (PSDB) ter aceitado ser vice de Marcelo Castro (PMDB), já que, segundo ela, o tucano já havia declarado que só aceitaria participar do processo eleitoral se fosse como candidato.

Ela acredita que ainda pode contar com a adesão de partidos que pode deixar o Governo. Sobre as declarações do Ouvidor do Estado, João Madison (PMDB) de que Ciro Nogueira (PP) nunca votou em Wellington Dias (PT) e que a oposição não é páreo para enfrentar os governistas, Regina classificou como salto alto e disse que “está onde tem mais partidos, nem sempre é uma soma”.
Imagem: Germana Chaves / GP1Regina Sousa (Imagem:Germana Chaves / GP1)Regina Sousa

A presidente também comentou a pecha de traidor dada a Wellington Dias em decorrência de eleições passadas, onde o petista não teria cumprido com acordos feitos com o senador João Vicente Claudino (PTB). Regina Sousa ainda chamou o secretário Robert Rios Magalhães (PDT) de “inconstante” ao comentar uma declaração dada pelo pedetista ao GP1.

GP1: Robert Rios disse que não era casado com Wellington para traí-lo. Como a senhora analisa a declaração do secretário?

Regina Sousa: As respostas de Robert Rios eu nem gosto de comentar, porque ele é isso. Num dia ele dá declaração de amor e no outro declara guerra. Quantas declarações de amor o Robert já fez ao Wellington? Dizia que a chapa dos sonhos dele era com Wellington Dias. Ele é inconstante. Já estou acostumada a conviver com Robert e volta e meia ele dá as declarações dele.

GP1: Presidente como está o Partido dos Trabalhadores nesse momento?

Regina Sousa: Se preparando para as eleições. Mas não é só isso, o PT faz muitas atividades que as pessoas não percebem porque só nos fazemos. O PT faz planejamentos, realiza encontros regionais, inclusive já temos vários encontros marcados, por exemplo, em Piripiri, Pedro II, Campo Maior, Picos, Oeiras, Floriano e demais cidades. Vamos discutir assuntos variados do partido e claro sobre política. A nossa preparação é assim com a nossa militância e claro, conversando com nossos interlocutores para formar uma chapa competitiva para a eleição de 2014.

GP1: Como a senhora avalia a junção do PMDB, PSDB e PSB?

Regina Sousa: Isso já vinha se desenhando desde julho de 2013. Já percebíamos um movimento, apesar de ainda estarmos no bloco, mas víamos que as coisas estavam andando num rumo que a gente não queria. Então, não foi surpresa. Na verdade, se teve uma surpresa foi o fato de o Silvio Mendes ter aceitado ser vice do PMDB. A todo o momento ele dizia que só disputaria se fosse candidato a governador, por isso a nossa surpresa. Mas, é natural que o PMDB queira ter candidato e o PSB já pode é comandante do Governo.
Imagem: Germana CHaves / GP1Regia Sousa do PT(Imagem:Germana CHaves / GP1)Regia Sousa do PT

GP1: Em que momento a senhora acredita que o cenário começou a mudar?

Regina Sousa:
Desde as eleições de 2012, o PT fez encontros deliberando que teria candidato para o Governo do Estado. Isso foi dito ao governador Wilson Martins. Ele sabia e andava com Wellington pra cima e pra baixo nas agendas dele. Havia um entendimento que Wellington seria candidato a governador e Wilson a senador. Estava explicito esse entendimento, até que em junho do ano passado, em São João do Piauí, o governador declarou que: ‘agora era a vez do PMDB’. Foi a partir daí que a gente se mancou e foi pensar em outras possibilidades. Até então a gente só pensava em continuar no bloco, até porque todos os sinais eram dados pra isso. Depois desse momento, passamos a conversar com PTB e PP e acabamos formando. Mas não fomos nós que demos o ponta pé inicial.

GP1: Se o PT tivesse aceitado o convite do PMDB para ser vice, não teria sido melhor para os petistas?

Regina Sousa:
O partido já tinha deliberado que teria candidatura própria. Claro que pesquisa é coisa de momento, mas nós tínhamos o candidato mais forte e viável. Se levasse essa discussão ao PT de vice, teria sido uma guerra, mas graças a Deus o partido está pacificado. Não seria consenso essa possibilidade de vice, portanto, não tinha motivo trazer essa briga para o nosso colo.

GP1: A senhora acredita que o PT foi traído pelos antigos aliados?

Regina Sousa: Essa palavra traição é muito forte e nem gosto de usá-la. São as circunstâncias que fazem o cenário político. Na política, as pessoas tem o direito de seguir seus caminhos.

GP1: O PT tem dito que partidos que estão no Governo devem migrar para a oposição. Porque o partido tem essa certeza?


Regina Sousa: A gente conversa com todo mundo, portanto, sabe das coisas. Mas não é fácil fazer um arranjo político quando o grupo é grande demais. Tudo bem, a chapa majoritária é fácil, mas a proporcional, as pessoas vão querer saber onde ficam mais bem acomodadas e onde tem mais chances. Do outro lado está muito grande, é muito candidato a deputado federal e estadual. Todos com vontade de ser eleitos. Está muito cedo. O governador conversou tanto com a gente em dezembro, que nós achávamos que ele iria esperar mais um pouco para agir. Em cinco de abril, a gente vai saber quem sai e quem é candidato mesmo. Ainda tem as convenções. Eu sempre dou um exemplo do próprio Wilson Martins. Quando já estava acontecendo as convenções a gente estava na casa do governador decidindo quem seria o vice. Somente às 14h eu saí correndo para as convenções anunciar que Wilson era o vice. Estão não é simples assim, dizer prego batido, ponta virada. Muita coisa pode acontecer, inclusive nada, como diz a música.
Imagem: Germana Chaves / GP1Regina Sousa do PT(Imagem:Germana Chaves / GP1)Regina Sousa do PT

GP1: O deputado Jesus Rodrigues demonstrou insatisfação com a pré-candidatura de Rejane Dias a Câmara Federal. Há realmente, com a entrada da deputada a possibilidade de prejudicar outros nomes do PT na disputa?


Regina Sousa:
Em toda eleição, essa resistência ocorre. Agora, acho equivocado. Nesse momento, a lei diz que tem que ter mulher. Se a Rejane não for quem vai ser? Só tem candidatura de homem se tiver mulher na disputa. No estatuto do PT é paridade. Eu não acho que ela atrapalhe claro que tem gente que se muda, mas isso é normal. Nós temos o voto do Nazareno Fonteles e do Antonio Neto dando sopa. Quem vai ficar com esses votos? O mais provável que seja a Rejane. Mas eu não acho que ela atrapalhe. Tem preocupação com privilégios, mas nós teremos cuidados com esse tipo de coisa na campanha para não gerar guerra no PT.

GP1: Os adversários falam que Wellington Dias quando foi governador não realizou obras estruturantes no Estado. Isso é verdade?


Regina Sousa:
Tem que ver a concepção de obra estruturante. Tem gente que acha que obra estruturante é aquela feita de cimento. O PT sempre disse que quando chegasse ao Governo a opção seria pelos pobres e mais necessitados, que ia governar pra todos, mas a prioridade seria para os necessitados. Quando você faz moradia popular, quando você tira pessoas da rua, do aluguel, do barraco, isso é obra estruturante. Nunca teve tanta moradia popular como nesses últimos dez anos. Quando você tira 25 mil famílias da lamparina, na zona rural distante, isso é obra estruturante na vida das pessoas. Isso não seria possível sem ajuda do Governo Federal. Agora, claro que o governante estadual vai buscar recursos. Governo nenhum faz tudo com recurso próprio. O governador Wilson Martins não esta fazendo obras com recursos próprios, isso é recurso de empréstimo. Vai pagar, e vai pagar caro. Inclusive, o próximo governo vai ter esse problema para enfrentar. O importante é que o Estado tenha capacidade de se endividar. Não sei se o Piauí terá essa capacidade, pois está muito comprometido. Esses empréstimos começarão a ser pagos somente em 2015. O Estado fica com pouca capacidade de endividamento. A gente tinha muito, tinha duas vezes e meio o PIB para se endividar. O Albertão é uma obra de cimento e ajuda as pessoas em que? Quantos milhões foram enterrados ali? Não é que não precise, precisa! Mas, a gente não pode fazer as duas coisas, faz o que muda a vida das pessoas.

GP1: Qual teria sido o maior erro do PT de 2002 até 2014, ou não houve erros?

Regina Sousa:
Todo mundo erra, até Jesus foi julgado. Acho que na parte da economia por não ter mexido no poder financeiro, não ter dado um freio. E um nó que ninguém teve coragem de desatar. As reformas que não foram feitas, se tivesse tido coragem de comprar briga. Quando a gente defende que tem que ter uma constituinte, porque com o Congresso que está não faz. Tem que ter o custeio exclusivo para fazer, ou um plebiscito ou uma Assembleia Constituinte. Tem interesses que chocam. Me entendo no mundo falando em reforma politica, o PT mesmo já escreveu várias teses, livros, e desde de 1980 apresenta projetos.

GP1: A senhora é favor da lista partidária e do voto distrital para governador?

Regina Sousa:
Eu acho que o partido tem que ser forte e não as pessoas. Tem que discutir, porque o distrital se torna um risco sério do curral eleitoral. No PT, estamos acostumados com as pessoas falando que alguém vai se perpetuar no poder. Mas não, é preciso que os outros partidos criem regras. No PT tem regras claras, três mandatos e acabou. Está valendo da última eleição pra cá. As pessoas não podem ficar se repetindo a vida inteira. Então, é necessário que os partidos assumam isso e façam a guerra interna que o PT faz sempre.

GP1: Falando de politica partidária qual teria sido o maior erro do PT?

Regina Sousa: O mensalão foi um episódio que, infelizmente, o PT embarcou. Marcos Valério foi invenção do governo Fernando Henrique e já era financiador. O PT caiu no erro de apontar o mesmo financiador. O erro foi fazer caixa dois. Nós temos erros, essa coisa de expor as feridas na imprensa é um erro gravíssimo. Quando meus companheiros começam a colocar essa briga de nós com nós eu digo sempre: minha gente não pode brigar lá fora, nós somos companheiros e temos que discutir internamente. Mostramos isso com os nossos companheiros Genoíno, José Dirceu... Enfim, não é a toa que somos chamados de companheiros, porque outros partidos não fariam isso. Mas, tem gente que gosta de holofote e alguns setores da imprensa fomentam isso.

GP1: Quando será definida a vaga de vice do PT?

Regina Sousa: Quanto a vaga de vice, resolvermos deixar pra depois, lá para abril ou maio. É uma forma de atração, pois se a gente fechar a chapa não tem mais atração alguma. É um atrativo. O Ciro diz que está aberto para atrair outros aliados.
Imagem: Germana Chaves / GP1Regina Soiusa do PT (Imagem:Germana Chaves / GP1)Regina Soiusa do PT

GP1: O Ouvidor Geral do Estado, João Madison disse que Ciro Nogueira nunca votou em Wellington Dias e que a oposição não é páreo para bater o Governo. Como a senhora avalia essa declaração?


Regina Sousa:
Essa coisa de provocação não é o PT que está provocando ninguém. O Wellington Dias e o Marcelo Castro são amigos. O PT vai fazer uma campanha de alto nível, sem agressão barata. O tempo dirá se somos páreos ou não. Isso pra mim é salto alto. Está do lado onde tem mais partidos, nem sempre é uma soma. Então eu acho salto alto. Quando eu fui perguntada das pesquisas, disse que elas são a fotografia do momento e que temos que trabalhar como se estivesse começando. Ciro sempre votou em Wellington. Agora, claro que o PT já foi oposição. Mas, em 2010, Ciro Nogueira votou em Wellington assim como em Wilson no segundo turno.

GP1: Os adversários chamam Wellington Dias de traidor por não ter apoiado o senador João Vicente e nem o ex-prefeito Elmano Férrer. Essa acusação faz sentido?

Regina Sousa: Essa é uma coisa que não pega. Na época não pegou porque não tinha inimizade. O João Vicente quis ser candidato a governador, mas não teve nada de inimizade e nem agressão. No caso do Elmano, o Wellington entrou contra a minha vontade ao ser candidato a prefeito. Porque eu achava que aquele momento já era muito tarde, pois tudo já estava praticamente resolvido. Mas, com a estrada do PT a eleição foi levada para o segundo turno, além disso, o PT apoiou o Elmano no segundo turno.

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