Brunno Suênio
Davi Fernandes
A Operação Conexão Cajueiro, que resultou na prisão dos sargentos da Polícia Militar Anderson Lustosa de Castro e Edvaldo Oliveira Costa, nesta quinta-feira (23), em Teresina, foi deflagrada pela Polícia Federal após a morte do advogado Raimundo José Costa Siqueira, ocorrida em abril de 2022, na zona rural de Luís Correia. O advogado era responsável por receber cargas de mercadorias contrabandeadas do Suriname que chegavam ao Litoral do Piauí e foi assassinado devido a uma disputa interna na organização criminosa. A informação foi obtida com exclusividade pelo GP1.
As diligências da PF tiveram como objetivo desarticular uma organização criminosa transnacional estruturada para internalizar mercadorias estrangeiras em território brasileiro por meio de portos clandestinos em Cajueiro da Praia, no estuário formado pelos rios Timonha e Ubatuba. Além dos policiais militares, a organização contava com a participação de comerciantes chineses que enviavam as mercadorias do Suriname para serem revendidas na 25 de Março, em São Paulo (SP).
Durante as investigações, que começaram após o assassinato do advogado Raimundo José Costa Siqueira, foram identificadas movimentações financeiras que ultrapassam R$ 250 milhões. A Justiça Federal determinou o sequestro de bens e valores desse montante, além da apreensão de caminhões, embarcações e dois fuzis sem numeração de série usados no transporte e na logística do esquema criminoso.
As operações resultaram na apreensão de diversos caminhões e embarcações, bem como produtos de marcas conhecidas com indícios de falsificação e cigarros cuja venda é proibida no Brasil, que eram internalizados a partir dos portos clandestinos em Cajueiro da Praia. Além disso, foram encontrados e apreendidos dois fuzis sem numeração de série, utilizados pela organização.
Núcleos da organização criminosa
A organização criminosa era estruturada em quatro núcleos principais. O primeiro, situado em Cajueiro da Praia, era responsável por receber, descarregar e distribuir as cargas. O segundo, composto por empresários chineses, controlava os produtos contrabandeados. O terceiro núcleo realizava a lavagem de dinheiro por meio de pessoas interpostas. Já o quarto núcleo cuidava do transporte das mercadorias do Suriname até o Piauí, utilizando portos clandestinos na região.
Os investigados, incluindo os dois policiais militares, poderão responder pelos crimes de organização criminosa, contrabando, descaminho e lavagem de dinheiro.
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