O coordenador do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO), delegado Tales Gomes, afirmou nesta quinta-feira (01), em entrevista ao GP1, que o proprietário de escritório de contabilidade Elinaldo Soares Silva, causou o débito total de R$ 28 milhões à Receita Estadual da Secretaria de Fazenda do Piauí, com suas práticas criminosas.
De acordo com o delegado, a investigação contra Elinaldo teve início em 2019, com o Greco, e em 2020 passou para a Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), que também vai investigar o envolvimento de cartórios do município de Timon-MA, que podem ter atuado junto com o grupo criminoso. Durante as diligências, os policiais apreenderam selos de cartórios da cidade maranhense.
“As investigações vão continuar, porque outras pessoas que prestam apoio, nem que seja de forma subsidiária ao Elinaldo, devem e vão ser presas no momento adequado a partir da formalização do que a gente aprendeu hoje. A autenticidade desses selos a gente ainda vai constatar mediante perícia, mas a questão dos cartórios é somente a validação das procurações, porque uma das técnicas de crime do Elinaldo é criar as empresas tanto com dados verdadeiros, quanto com dados falsos e essas empresas faziam negociações bancárias, empréstimos, principalmente financiamentos, e ele, com uma procuração, assumia o comando dessa empresa, sugava a empresa até onde não dava mais e passava para frente. Utilizando, principalmente dados fictícios, ele fez gerar esse quantitativo todo de R$ 28 milhões de débitos na Receita Estadual”, destacou o delegado.
Ainda conforme o delegado Tales Gomes, as empresas que foram utilizadas no esquema criminoso, possuíam endereços em Timon e a suspeita é que um cartório da cidade maranhense era utilizado, em função da facilidade que Elinaldo encontrava no município. “Muitas das empresas utilizadas possuem os endereços em Timon, porque a maioria nem existe fisicamente. A escolha pelos cartórios de lá [Timon] se dá em função da facilidade que ele encontrava lá e isso vai ser tudo apurado, com certeza”, ressaltou Tales Gomes.
Saiba como atuava o dono do escritório de contabilidade
De acordo com a investigação da Deccor, a investigação teve início em 2020 e teve como objetivo identificar os CPFs e CNPJs falsos que foram criados pelo grupo criminoso. A ação criminosa consista em transferir o patrimônio de uma empresa verdadeira, com débitos, para pessoas com CPF falso, a fim de que o grupo concluísse a engenharia criminosa, que envolvia a falsificação de documentos.
“Por exemplo, uma determinada empresa era verdadeira, tinha débitos e o alvo principal transferia para pessoas fakes o patrimônio dessa empresa, inviabilizando cobrança bancária, cobrança da Receita Federal, Receita Estadual e isso permitiu a gente identificar mais CPFs, mais CNPJs e com a informação do COAF descobrimos que ele usava familiares e pessoas próximas para abrir empresas e movimentar quantias”, afirmou o delegado Ferdinando Martins, coordenador da Deccor.
Além disso, a Polícia Civil suspeita da possibilidade dessas empresas fantasmas terem firmado contratos com administração pública.
Operação Faker
A Polícia Civil do Estado do Piauí, por meio da Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor) e do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) cumpriu na manhã desta quinta-feira (01), um mandado de prisão preventiva no âmbito da "Operação Faker" contra o proprietário de um escritório de contabilidade identificado como Elinaldo Soares Silva. Esta é a terceira vez que ele é preso pela Polícia Civil.
Segundo o delegado Tales Gomes, do Greco, Elinaldo foi preso por conta do mandado de prisão preventiva e flagrante de posse irregular de arma de fogo com numeração suprimida, receptação qualificada de bem público, uso de documento falso e falsificação de documento público.
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