O delegado Ferdinando Martins, coordenador da Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), concedeu entrevista coletiva, na tarde desta quinta-feira (01), sobre a Operação Faker, deflagrada nesta manhã, que culminou com a prisão do proprietário de um escritório de contabilidade, identificado como Elinaldo Soares Silva.
De acordo com o delegado, a investigação da Deccor teve início em 2020 e teve como objetivo identificar os CPFs e CNPJs falsos que foram criados pelo grupo criminoso.
“Nós aprofundamos os trabalhos para identificar CPFs e CNPJs de pessoas fakes criadas e usadas dolosamente por esse grupo, capitaneado pelo Elinaldo e dentro desse trabalho nós identificamos algumas empresas de fachadas e outras empresas verdadeiras para onde eram transferidos passivos”, explicou Ferdinando Martins.
Ainda segundo o delegado Ferdinando Martins, o patrimônio de uma empresa verdadeira com débitos era transferido para pessoas com CPF falso, a fim de que o grupo concluísse a engenharia criminosa, que envolvia a falsificação de documentos. “Por exemplo, uma determinada empresa era verdadeira, tinha débitos e o alvo principal transferia para pessoas fakes o patrimônio dessa empresa, inviabilizando cobrança bancária, cobrança da Receita Federal, Receita Estadual e isso permitiu a gente identificar mais CPFs, mais CNPJs e com a informação do COAF descobrimos que ele usava familiares e pessoas próximas para abrir empresas e movimentar quantias”, afirmou o delegado.
Ferdinando Martins não descartou ainda a possibilidade dessas empresas fantasmas terem firmado contratos com administração pública. A hipótese poderá ser comprovada com o avanço das investigações, que serão aprofundadas com o material apreendido durante a fase ostensiva da operação deflagrada nesta manhã de quinta-feira (01).
“Essa é uma das frentes de atuação. Alguns órgãos de controle, possivelmente, vão receber esse relatório compartilhado e vão analisar, o que a gente imagina que sim, se as empresas mantinham contrato com administração pública”, declarou Ferdinando Martins.
Envolvimento de cartórios no esquema
Outro ponto a ser investigado pela Polícia Civil será o envolvimento de cartórios no esquema criminoso. Durante as diligências, os policiais encontraram selos de um cartório localizado no município de Timon-MA e a partir de agora a investigação deverá apontar como esses selos chegaram até as mãos do grupo criminoso.
“A investigação revelou outras frentes porque a gente só estava no núcleo da organização, que é familiar. Mas depois do trabalho algumas informações têm chegado à polícia sobre fraudes em outras frentes: bancárias, órgãos, Receita Federal, e dependendo da situação a gente vai compartilhar com a Polícia Federal. Havia também o uso de certificadora digital, de certificado digital falso. No início da investigação houve muita abertura de empresas com documentação falsificada em cartórios e agora eles já diversificaram atuação com o certificado digital. Nós apreendemos vários certificados digitais, inclusive, um dos clientes do escritório de contabilidade, que é um empresário, ficou surpreendido pelo fato de um certificado digital dele [empresário] ter sido usado para figurar como sócio de outra empresa”, relatou o delegado Ferdinando Martins.
Operação Faker
A Polícia Civil do Estado do Piauí, por meio da Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor) e do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) cumpriu na manhã desta quinta-feira (01), um mandado de prisão preventiva no âmbito da "Operação Faker" contra o proprietário de um escritório de contabilidade identificado como Elinaldo Soares Silva. Esta é a terceira vez que ele é preso pela Polícia Civil.
Segundo o delegado Tales Gomes, do Greco, Elinaldo foi preso por conta do mandado de prisão preventiva e flagrante de posse irregular de arma de fogo com numeração suprimida, receptação qualificada de bem público, uso de documento falso e falsificação de documento público.
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