Acusado de pagar propina para uma faxineira que prestava serviços de limpeza na Corregedoria Geral de Justiça em troca de um processo administrativo que comunicava irregularidades em procedimento em tramite na 2ª Vara Cível da Comarca de Teresina/PI, o falso cônsul Adailton Maturino dos Santos, preso em novembro de 2019 pela Polícia Federal no âmbito da “Operação Faroeste”, deflagrada em Salvador/BA, que investiga um esquema de venda de sentenças judiciais, virou réu no Piauí, após o juiz Carlos Hamilton Bezerra Lima, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, receber denúncia em ação penal pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. A decisão foi dada ontem (03).
O magistrado determinou a citação do falso cônsul no prazo de 10 dias para responder a acusação.
Adailton Maturino completou mais de 60 dias preso no complexo penitenciário da Papuda, em Brasilia/DF.
- Foto: Reprodução/Facebook Adailton Maturino
Prisão no Piauí
O empresário e mais dois advogados foram presos em 19 de novembro de 2014 pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado – Greco acusados de pagar propina para uma faxineira que prestava serviços de limpeza na Corregedoria Geral de Justiça em troca de um processo administrativo que comunicava irregularidades em procedimento em tramite na 2ª Vara Cível da Comarca de Teresina/PI. As prisões foram convertidas em preventivas em 21 de novembro de 2014.
Adailton Maturino foi solto no dia 16 de dezembro de 2014 pelo juiz Luiz de Moura Correia, da Central de Flagrantes, sob o compromisso de não se ausentar da Comarca de Teresina ou mudar de endereço sem prévia comunicação.
Falso cônsul recebeu titulo de Cidadão Teresinense
Quase quatro anos após ser preso, o empresário voltou a Teresina, em 2018, para ser homenageado pela Câmara Municipal com a concessão de título honorifico de ‘Cidadão Teresinense’, através de proposição de autoria do vereador Aluísio Sampaio (Progressista). A honraria se justificava “pela especial atenção que [Adailton Maturino] tem dispensado a cidade de Teresina envidando esforços no sentido de instalar o Consulado de Guiné Bissau”.
Após tomar ciência da prisão do falso cônsul na Bahia, o vereador revogou o título.
Prisão na Bahia
A Operação Faroeste cumpriu quatro mandados de prisão temporária e 40 mandados de busca e apreensão em gabinetes, fóruns, escritórios de advocacia, empresas e nas residências dos investigados.
Segundo os investigadores, existe um esquema de corrupção que envolve magistrados e servidores do TJ-BA, advogados e produtores rurais que atuavam juntos na venda de decisões para legitimar terras no oeste baiano.
MPF diz que falso cônsul tem 13 CPF´s em seu nome
O Ministério Público Federal (MPF) faz uma série de acusações contra Maturino, que vão de falsidade ideológica, até suspeita de queima de arquivo e aponta que o falso cônsul possui 13 (treze) CPF´s em seu nome e possui apenas uma carteira de estagiário da OAB, que atualmente está cancelada.
Maturino é acusado de ter relação com José Valter Dias, um borracheiro que se tornou grande latifundiário de forma repentina e afirmava ser dono de área equivalente a cinco vezes o tamanho de Salvador.
O Ministério das Relações Exteriores informou que o Governo Brasileiro não designou Adailton e nem sua esposa, Geciane Souza Maturino dos Santos como agentes diplomáticos ou consulares do país africano.
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