O influencer Itallo Bruno, preso nessa quinta-feira (11), durante a “Operação Jogo Sujo”, em Teresina, movimentou mais de R$ 4 milhões nos últimos 6 meses, segundo apontou a investigação da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI).
Segundo as investigações, Itallo Bruno possui registro societário no ramo de comércio de peças e acessórios para motocicletas e motonetas e é reincidente em PLD (Prevenção em Alerta de Lavagem de Dinheiro). "O delegado investigante mencionou que foi solicitado ao COAF um Relatório de Inteligência Financeira (RIF), no qual foi identificado um mar de possíveis irregularidades com movimentações financeiras claramente incompatíveis com a renda declarada de Itallo Bruno", diz trecho do relatório da investigação.
Foi constatado que o influencer movimentou mais de R$ 4 milhões nos últimos 6 meses (desde a primeira incidência de PLD), sendo que os recursos foram recebidos majoritariamente da conta de uma empresa atuante como intermediadora de pagamentos, além de duas pessoas físicas sem registro profissional ou societário informado.
Há também pagamentos expressivos via cartão de débito, com características de uso para fins pessoais.
Ao realizar consulta ao Ministério da Fazenda, acerca da legalidade dos jogos praticados por Itallo Bruno, a polícia foi informada que ele não possuía qualquer autorização para a realização de jogos de azar.
Por fim, os investigadores notaram uma alta fragmentação nos débitos, transações arredondadas na unidade de milhar R$ 50,000.00, R$ 30,000.00, R$ 20,000.00, R$ 10,000.00, recebimento de recursos seguido de rápidos repasses, e o valor total transacionado no período analisado, o que é incompatível com a renda presumida de Itallo Bruno, que segundo banco de dados privado é de aproximadamente R$ 2.880,83.
Lavagem de dinheiro
Conforme a investigação, foram identificadas pessoas, incluindo parentes de Itallo, como destinatários das movimentação e consequente lavagem de dinheiro obtido de maneira ilícita.
Participação de faccionado do Bonde dos 40
A investigação apontou ainda movimentações financeiras com José Phablo Rangel Oliveira dos Santos, membro da facção Bonde dos 40.
Conselheiro contábil
De acordo com as informações levantadas através de investigação, foi descoberto que Marcos Victor é uma espécie de conselheiro contábil e jurídico de Itallo Bruno, sendo o responsável por auxiliá-lo nas compras de imóveis e veículos, afirmando até quando e onde comprar e auxiliando na questão contábil dos negócios que são feitos realizando os pagamentos e valores recebidos na Rifa do Itallo Bruno.
Familiares
A ex-namorada de Itallo Bruno, Letícia Evellyn faz propaganda de jogos on-line em seu perfil em rede social e a polícia acredita que os veículos que estão em seu nome foram adquiridos por meio desses jogos.
O pai de Itallo, Valdir Sousa, segundo a investigação, também auxilia o filho na fraude, além de possuir veículos e uma empresa de material de construção em seu nome, assim como Lucilene, a mãe de Itallo, que tem um veículo como sendo de sua propriedade e uma empresa.
Sâmia Camila, irmã de Itallo, assim como ele, é reincidente nas análises em âmbito de Prevenção à Lavagem de Dinheiro (PLD), já tendo sido reportado ao COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) em novembro de 2022 em virtude de movimentação incompatível, transações com valores arredondados na unidade de milhar, indícios de uso da conta em benefício de terceiros, súbita mudança de comportamento transacional, fragmentação, créditos/débitos através de modalidades não usuais para o tipo de atividade do cliente e rápida evasão de recursos.
Entre 01/04/2023 a 12/06/2023, a conta de Samia recebeu mais de R$ 477 mil originários de 8 contrapartes, sendo que mais de R$ 442 mil são originários de uma conta de titularidade do próprio irmão.
No período da amostragem mais de R$ 553 mil foram diluídos entre 39 contrapartes, sendo que os principais destinos dos recursos são duas revendas de veículos distintas, dentre as quais a E N Soares Veículos Multimarcas Ltda (Qualidade Veículos), de titularidade do irmão, Itallo Bruno.
Outros investigados
Israel Veloso, Vinícius Alves, Kelton Douglas e Rikelme de França foram apontados como integrantes do grupo de trabalho de Itallo Bruno.
Alvos da operação
O GP1 divulgou com exclusividade, nesta sexta-feira (12), os nomes dos 13 alvos da “Operação Jogo Sujo”. Entre eles está o influenciador Itallo Bruno, conhecido na internet por promover rifas virtuais, que foi preso em casa, além de seus pais, irmã e ex-namorada.
Os investigados são: Itallo Bruno Nunes e Silva; Lucas Soares Campos de Carvalho; Samia Camila Nunes e Silva (irmã de Itallo); Thales Victor Costa; Lucilene Nunes de Sousa (mãe de Samia e Itallo); Kelton Douglas da Silva Moura; Rikelme de Franca Silva Soares Moura; Leticia Evellyn dos Santos Carneiro (ex-namorada de Itallo); Marcos Victor Pereira Silva; José Phablo Rangel Oliveira dos Santos; Valdir Sousa e Silva (pai de Itallo); Israel Veloso da Silva e Vinicius Alves da Silva Barbosa. Todos eles são acusados de jogos de azar, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Revogação de prisão
O juiz Valdemir Ferreira Santos, da Central de Inquéritos de Teresina, revogou a prisão preventiva de Lucas Soares Campelo de Carvalho, preso durante a Operação Jogo Sujo, deflagrada pela Polícia Civil do Piauí, nessa quinta-feira (11).
O alvará de soltura foi assinado ainda na tarde de ontem depois de requerimento da autoridade policial que alegou que após o cumprimento do mandado de prisão, Lucas esclareceu os fatos apurados na investigação ao demonstrar que seu envolvimento no caso se revestiu de natureza tangencial aos fatos principais.
O magistrado então acolheu o pedido da autoridade policial e revogou a prisão de Lucas Soares, determinando a expedição do alvará de soltura. Lucas Soares é servidor comissionado da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi).
“Operação Jogo Sujo”
A Polícia Civil do Estado do Piauí, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública do Piauí, deflagrou a “Operação Jogo Sujo” nas primeiras horas da manhã dessa quinta-feira (11), em Teresina. O objetivo da ação foi reprimir os crimes de jogos de azar, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Foram expedidos 15 mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão em residências de suspeitos de obter vantagem ilegal por meio de jogos de azar, além da ocultação de patrimônios que teriam sido adquiridos por meio da prática de jogos.
Durante a investigação da polícia, foram identificadas grandes movimentações financeiras entre pessoas vinculadas a facções criminosas. A polícia ainda divulgou que os suspeitos estão sendo investigados pela prática de crimes, como o de organização criminosa, lavagem de dinheiro e jogos de azar, cujas penas de reclusão podem atingir até 18 anos de prisão.
Blogueiro dos “graus” e das rifas
Itallo Bruno acumula quase 680 mil seguidores no seu Instagram e é conhecido por ostentar motos de luxo, as quais faz manobras de empinar a roda dianteira, conhecido como “grau”. O blogueiro também divulgava rifas que prometiam prêmios de grandes valores, com sorteios de valor bem abaixo.
Por meio do seu perfil, ele realizava diversas publicações em viagens pelo Brasil e também fazendo o uso de veículos de alto valor financeiro. Constantemente, o influenciador postava e comentava sobre a compra de novos veículos para uso pessoal.
Ligação com facção criminosa
Segundo o delegado Matheus Zanatta, superintendente de Operações Integradas da Secretaria de Segurança, durante as investigações foram encontradas movimentações bancárias dos alvos da operação com um membro de facção, denotando vínculo dos investigados com a organização criminosa, por meio da prática de jogos de azar e lavagem de capitais.
“Com relação a essa operação, encontramos movimentações bancárias com uma pessoa que está dentro do sistema prisional, que faz parte de uma facção criminosa e que, possivelmente [Itallo e os demais presos], estavam fazendo a lavagem do dinheiro para essa facção criminosa. Vamos esclarecer os fatos para determinar o porquê dessas movimentações bancárias com essa pessoa que estava presa”, esclareceu o delegado Matheus Zanatta.
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