A Polícia Civil do Piauí deflagrou, no dia 18 de maio em Teresina, Timon e Fortaleza, uma operação para dar cumprimento a mandados judiciais em desfavor de um grupo criminoso que utilizava o nome da Agespisa para aplicar golpes. Um empresário e outras três pessoas já foram presas, por determinação do juiz Valdemir Ferreira Santos, a pedido da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática. O GP1 obteve acesso, com exclusividade, a identidade de todos os alvos da operação, incluindo um outro empresário, que está foragido.
Foram presos o empresário Wanderson Fernandes Lima Negreiros, em Fortaleza (CE), dono da WFL Negreiros Veículos, que funcionava como correspondente bancário; Raimundo Lopes Bezerra Filho e Carlos Eduardo Monteiro, em Teresina; e Danilo Ferreira e Silva, em Timon.
O quinto alvo, o empresário Alisson Alencar Jorge, dono da JJ Veículos, fugiu para Portugal e é considerado foragido da Justiça.
Segundo as investigações, essas pessoas integravam um grupo que atraía vítimas com a falsa oferta de emprego de motorista da Agespisa para conseguir seus dados pessoais e, assim, financiar veículos, que eram revendidos posteriormente.
Investigação
A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática instaurou inquérito policial, no dia 02 de setembro de 2022, visando apurar crime de estelionato contra quatro vítimas praticado sempre com o mesmo “modus operandi”, qual seja, a oferta de emprego que faz com que as vítimas sejam atraídas para que entreguem seus documentos e, assim, possibilitem aos criminosos efetuarem financiamentos de veículos, que são revendidos, tudo sem o conhecimento daqueles que têm o nome contratado com a empresa financiadora.
Consta que as vítimas eram atraídas pela oferta de emprego na empresa Agespisa, para exercer o serviço de motorista por meio período, tendo que fornecer os dados pessoais e documentação pertinente com o intuito de efetuar o cadastro junto à empresa de aluguel de veículos.
A investigação apontou que, através desse artifício, os criminosos iniciavam processo de financiamento de veículo com a participação sempre da mesma empresa de venda de veículos, a WFL Negreiros Veículos, sediada em Fortaleza (CE), sendo necessária, para a finalização do golpe, a coleta de biometria facial da vítima, adquirida presencialmente sob o falso argumento de cadastro junto ao RH da empresa e contratação de seguro do veículo a ser utilizado pela vítima no suposto emprego.
Atuação dos alvos
Segundo a apuração da polícia, Danilo Ferreira e Carlos Eduardo se passavam por recrutadores da Agespisa e ofereciam o emprego de motorista para as vítimas, fazendo com que as vítimas entregassem os seus documentos e dados pessoais acreditando que tais dados seriam registrados no RH da empresa. De posse de tais dados, Alisson Alencar fazia as vezes de correspondente bancário e, de posse dos dados das vítimas, realizava o financiamento de veículos junto as instituições financeiras em nome das vítimas, que posteriormente recebiam cobranças via correspondência física e eletrônica dos bancos financiadores.
Já Raimundo Lopes se apresentava como sendo engenheiro da Agespisa e Wanderson apresentou ligações com Alisson Alencar em relação aos carros financiados fraudulentamente.
A polícia constatou ainda que todos os financiamentos fraudulentos foram intermediados pela empresa WFL Negreiros Veículos, cujo dono informou que tal transação teria sido feita pelo parceiro de negócios no Piauí, identificado como Alisson Jorge, corretor da então chamada empresa Eros Veículos, Vitrine Veículos e proprietário da atual empresa JJ Veículos.
Sequestro de bens
O juiz Valdemir Ferreira Santos também autorizou o sequestro dos veículos Mercedes Benz, Placa PII9E31, cor azul; Toyota Hillux CD 4X4, Placa OJJ1A89, cor branca; Chevrolet Spin 1.8, Placa PCP4A11, cor branca.
Pedido de habeas corpus
Alisson Alencar Jorge, Raimundo Lopes Bezerra Filho e Danilo Ferreira e Silva ingressaram com pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça do Piauí.
A defesa de Raimundo Lopes alegou que ele possui comorbidades coronárias de natureza grave, além de alta taxa de diabetes, fazendo uso constante de medicação com controle de horário, necessitando de ser assistido constantemente, contudo o desembargador plantonista Sebastião Ribeiro Martins negou o pedido sob o argumento de que os documentos constantes não comprovam o que foi declarado.
Já Danilo Ferreira chegou a ingressar com habeas corpus, mas desistiu. E Alisson Alencar ainda não teve o pedido julgado.
Operação
A fase ostensiva da operação foi desencadeada pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, coordenada pelo delegado Humberto Macola, com apoio da Gerência de Polícia Especializada, Polinter e, também, do 11º Distrito Policial de Teresina.
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