O Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí (Simepi) manifestou-se contra o afastamento do médico que foi flagrado discutindo com pacientes. O caso foi reportado nesta quinta-feira (27), após o GP1 ter acesso ao vídeo que registrou o momento em que o profissional, que estava de plantão no Hospital João Luís de Moraes, em Demerval Lobão, ameaça parar de atender os pacientes.
No vídeo, é possível ver o momento em que o médico chega à sala de espera e ameaça não continuar com as consultas, mesmo com um idoso e uma criança esperando pelo atendimento. “Se frescar, eu não atendo mais ninguém”, pronunciou o profissional.
Segundo o sindicato, ao analisar as imagens, é possível perceber que o médico estava apenas fazendo o trabalho que lhe foi atribuído, que era atender urgências e emergências. A partir daí, foi apontado que uma das pacientes exigiu atendimento imediato, o que desrespeitava a ordem legal de atendimentos de urgência e emergência. Além disso, o órgão aponta que a resposta atravessada do profissional teria sido causada pela pressão no trabalho.
"Vê-se que a reação exaltada do profissional é uma das nefastas consequências da sobrecarga de trabalho e atendimento nos plantões médicos, onde não há médicos nem leitos suficientes para atender a excessiva demanda. As razões expostas pelo médico, ainda que de forma inflamada, foram corretas", comunicou o SIMEPI.
Em seguida, o Sindicato informou que já denunciou as más condições dos plantões médicos, especialmente pela sobrecarga nos serviços de urgência e emergência prestados, causados pela precariedade nos serviços básicos de saúde pública. Por fim, a associação recomendou que o profissional seja acompanhado pelos empregadores. "O SIMEPI veementemente repudia o afastamento do médico em questão, o qual, diante da pressão e repercussão sofridas e da sobrecarga de trabalho, necessita receber apoio e acompanhamento de seus empregadores, inclusive em relação à sua saúde mental e psíquica."
Confira a nota na íntegra
O Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí – SIMEPI, entidade representativa da categoria profissional médica, instado a se manifestar sobre o acontecido fartamente veiculado na mídia envolvendo o médico que estava de plantão no Hospital Estadual João Luís de Moraes, no município de Demerval Lobão-PI, vem a público, por meio desta, incialmente esclarecer que tomou conhecimento do ocorrido apenas através do vídeo divulgado, não sendo procurado pelo citado profissional. Contudo, em cumprimento ao seu dever na defesa dos direitos e interesses da categoria médica, o SIMEPI ressalta que, pela análise do vídeo, percebe-se que o profissional estava no lídimo exercício de suas atribuições funcionais, atendendo aos casos de urgência e emergência, de acordo com a gravidade, quando foi pressionado pela paciente, que exigia imediato atendimento, à qual o médico, claramente exaltado pela sobrecarga de trabalho e pela infundada pressão sofrida, declarou que estava respeitando a ordem legal de atendimento aos pacientes de urgência e emergência, e, em defesa própria e de toda a equipe hospitalar, afirmou que não admitiria qualquer tipo de desrespeito.
Vê-se que a reação exaltada do profissional é mais uma das nefastas consequências da sobrecarga de trabalho e de atendimento nos plantões médicos, onde não há médicos e nem leitos suficientes para a excessiva demanda. As razões expostas pelo médico, ainda que de forma inflamada, foram corretas. Há muito tempo o SIMEPI vem denunciando e alertando sobre as más condições de trabalho médico nos plantões, inclusive com a campanha “PLANTÃO MÉDICO NÃO É CONSULTA”, em razão do deficiente funcionamento dos serviços de atenção básica na saúde pública, que consequentemente sobrecarregam os serviços de urgência e emergência e o número de atendimentos, desvirtuando o serviço e penalizando os profissionais.
Por fim, o SIMEPI veementemente REPUDIA o afastamento do médico em questão, o qual, diante da pressão e repercussão sofrida e da sobrecarga de trabalho, necessita receber apoio e acompanhamento dos seus empregadores, inclusive quanto à sua saúde mental e psíquica, recomenda fortemente à Direção do hospital que, caso inexistente, adote e cumpra serviço de triagem, além de respeitar a autonomia profissional do médico. Recomendamos, ainda, de forma URGENTE, aos gestores, a melhoria das condições de trabalho do médico e das estruturas físicas adequadas para atendimento, a realização de concurso público imediato com um número de médicos adequado para a grande demanda e a garantia de segurança nos hospitais.
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