O delegado Luiz Guilherme, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), pediu à Justiça prorrogação por 15 dias do inquérito que investiga o duplo assassinato dos adolescentes Anael Natan Colins Souza da Silva, 17 anos, e Luian Ribeiro de Oliveira, de 16 anos, crime ocorrido em novembro do ano passado.
O prazo se encerra nesta quinta-feira (17), no entanto, o delegado responsável pelas investigações argumentou que restam alguns elementos a serem analisados que podem corroborar com o inquérito.
O empresário João Paulo de Carvalho Rodrigues e os advogados Francisco das Chagas Sousa e Guilherme de Carvalho, tio e primo de João Paulo estão presos preventivamente desde o dia 8 de fevereiro de 2022, data em que o DHPP deu cumprimento aos mandados de prisão. Eles são acusados de envolvimento no duplo homicídio dos adolescentes.
“Motivação” do assassinato
Em entrevista exclusiva ao GP1, ainda no dia 08 de fevereiro, o delegado Luiz Guilherme, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), revelou a versão apresentada pelo advogado Guilherme de Carvalho Gonçalves Sousa sobre o que teria “motivado” o assassinato de Anael e Luian.
De acordo com o delegado, o advogado Guilherme de Carvalho disse em depoimento que a invasão dos adolescentes à residência de sua família foi o estopim de uma situação que já era corriqueira e irritava os moradores da propriedade.
“Ali [a invasão] foi o estopim de uma situação que acontecia corriqueiramente na casa, porque ao lado funcionava uma boate clandestina e eles não conseguiam dormir de quinta a domingo. Fizeram vários BO na delegacia do silêncio, de crimes ambientais e inclusive acionaram o Ministério Público e nunca conseguiram fechar a boate. Segundo ele, a invasão de dois jovens em uma madrugada de estresse grande em razão do barulho causou uma raiva, revolta grande no pai e no filho”, afirmou o delegado Luís Guilherme.
Jovens queriam entrar em festa quando foram mortos
O diretor do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Francisco Costa, o Barêtta, concedeu entrevista exclusiva ao GP1 e revelou que os adolescentes Anael Natan Colins Souza da Silva e Luian Ribeiro de Oliveira só queriam entrar em uma festa que estava sendo realizada em um sítio ao lado da propriedade do tio do empresário João Paulo, dono do restaurante Frango Potiguar. Por isso, os rapazes entraram no local onde foram capturados e logo em seguida torturados e executados.
Conforme o delegado Barêtta, os adolescentes chegaram na festa e não tinham dinheiro para pagar a entrada, foi quando eles perceberam que o muro da casa ao lado era baixo e dava para eles pularem e entrarem no evento. Ao seguirem com a ideia, eles acabaram sendo pegos e mortos.
“Eles chegaram na festa e não tinham o dinheiro completo para pagar a entrada dos dois. Então, eles olharam e viram que a propriedade ao lado do evento, onde o fato aconteceu, tinha uma parte do muro baixo, então, eles estraram lá para acessar a festa pulando pelo muro, quando os cachorros que estavam na propriedade começaram a latir e a presença deles foi percebida. Nesse momento eles foram capturados e torturados”, contou o delegado.
Jovens foram torturados e mortos de joelhos
O laudo cadavérico dos adolescentes Anael Natan Colins Souza da Silva e Luian Ribeiro de Oliveira revela com riqueza de detalhes que as duas vítimas foram torturadas, colocadas de joelhos e mortas com disparo de arma de fogo na nuca, à queima roupa.
Logo após terem sido localizados na zona rural leste de Teresina, os corpos dos dois adolescentes passaram por exames no Instituto de Medicina Legal (IML), às 17h30 do dia 15 de novembro de 2021.
No laudo da primeira vítima, Luian Ribeiro de Oliveira, o exame constatou um tiro de entrada localizado em região da nuca à esquerda, onde formou-se um cone com base maior na porção interna do osso. Já o tiro de saída encontra-se em porção parietal direita, sendo observado na porção externa do osso. “Também se infere que a morte se deu com requinte de crueldade, compatível com execução do indivíduo de joelhos, com cabeça fletida [posicionada para baixo] e disparo por arma de fogo efetuado na região craniana, a curta distância”, diz trecho do laudo.
O laudo da segunda vítima, Anael Natan Colins Souza da Silva, repetiu o mesmo resultado obtido no exame realizado em Luian, portanto, executado em posição de joelhos, com requinte de crueldade.
O desaparecimento
Os familiares dos garotos chegaram a pedir ajuda ao GP1 a fim de localizar os meninos, que desapareceram na madrugada do dia 13 de novembro. Os corpos dos adolescentes Luian Oliveira e Anael Natan foram encontrados no dia 15 de novembro de 2021 em estado de decomposição no KM 12 da rodovia PI 112, próximo ao Povoado Anajás, zona rural leste de Teresina.
Segundo relatos da mãe de Anael, Gilmara Sousa, os rapazes eram amigos, moravam no Planalto Uruguai, zona leste da capital, e costumavam sair juntos. No último dia em que foram vistos, eles saíram em uma motocicleta para o bar Skina do Caranguejo, depois seguiram para o Depósito Mais, na Avenida Dom Severino, e teriam ido a um sítio, onde estava acontecendo uma festa. Desde então eles não foram mais vistos.
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