O jornalista João Paulo Santos Mourão, preso acusado de assassinar a irmã e advogada Izadora Santos Mourão dentro de casa na cidade de Pedro II, região Norte do Piauí, havia obtido recentemente uma decisão favorável na Justiça, interditando o irmão Vencerlau Santos Mourão, sob alegação de ele que possuía esquizofrenia paranoide simples, o que o incapacitaria para atos da vida civil.
A decisão foi dada pelo juiz Antônio Oliveira da Comarca de Pedro II, no último dia 4 de junho de 2020.
Na ação, João Paulo Mourão sustentou que Vencerlau Mourão era portador de esquizofrenia há mais de 26 anos e que, portanto, tinha necessidade de cuidados e proteção de familiares, na maior parte do tempo, exercidos pelo próprio João Paulo Mourão.
No mesmo pedido, João Paulo Mourão acostou atestado médico, indicando que o irmão encontrava-se em estágio estável de fase residual (deterioração neuropsíquica) e totalmente incapacitado para os atos da vida civil.
Pelo exposto, o juiz Antônio Oliveira deferiu o pedido liminar, antecipando os efeitos da tutela, reconhecendo a incapacidade de Vencerlau Mourão, nomeando João Paulo Mourão como seu curador provisório. “Compulsando nos autos, verifico que razão assiste ao autor neste momento processual. Com efeito, nos termos do art. 300 e seguintes do CPC, é possível o deferimento da antecipação dos efeitos da tutela, uma vez que se encontrem configurados os requisitos legais”, disse o juiz na decisão.
Prisão de João Paulo Mourão
A Polícia Civil prendeu na tarde dessa segunda-feira (15) o jornalista João Paulo Mourão. Ele é acusado de assassinar a própria irmã, a advogada Izadora Santos Mourão dentro de casa com sete golpes de faca, no último dia 13 de fevereiro.
Inicialmente, a versão apresentada por João Paulo Mourão logo após o crime dava conta de que uma mulher havia entrado na residência, enquanto ele dormia, e matado a irmã com golpes de faca.
Ainda no domingo (14), o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa – DHPP – assumiu o caso e passou ouvir familiares e pessoas próximas, constando divergências nos depoimentos apresentados pelo próprio irmão e pela mãe, que também estava na residência na hora do crime.
No início da tarde, os policiais acabaram localizando uma faca, além de roupas de João Paulo sujas de sangue. Uma segunda faca também foi encontrada na casa de uma tia e também foi apreendida. Com isso, os policiais se convenceram da participação do irmão como autor material do homicídio de Izadora Mourão.
Briga por herança pode ter provocado morte de Izadora Mourão
O advogado Mauro Benício Júnior, que está acompanhando o caso da morte da advogada Izadora Santos Mourão como representante da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Piauí (OAB-PI), contou ao GP1, na tarde desta terça-feira (16), que a suspeita é de que desavenças relacionadas à herança após a morte do pai podem ter ocasionado o homicídio.
“Nós estamos acompanhando em Pedro II todas as diligências que estão sendo feitas, estamos cooperando, algumas pessoas que nos conhecem e que têm confiança na gente estão prestando informações que estão sendo cruciais para o esclarecimento dos fatos. A gente conseguiu chegar a esse ponto [prisão do irmão] e estamos trabalhando para mais revelações”, declarou o advogado.
Segundo Mauro, além da herança, o comportamento de Izadora, que se divorciou recentemente, também gerou conflito na família. “A gente tem colhido alguns depoimentos que informam que havia conflito na casa em duas situações, primeiro era a questão da herança do pai que faleceu recentemente, do seguro, que não teria acordo para fazer a partilha, e outro ponto era o comportamento da Izadora, depois que o pai faleceu e também depois do divórcio dela, que passou a ter um comportamento mais livre, mais solta, uma menina nova ainda, começou a ter namorado, a andar se divertindo e parece que não era do agrado da família”, relatou.
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