Motoristas e cobradores do sistema de transporte público de Teresina se reuniram, na manhã desta quarta-feira (03), em um ato de protesto em frente à Prefeitura Municipal para reivindicar direitos trabalhistas da categoria.
Os trabalhadores estão há 21 dias com suas atividades paralisadas desde que iniciaram um movimento grevista por conta da falta de acordo entre a categoria e o Setut. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Rodoviário do Piauí (SINTETRO), Fernando Feijão, os funcionários reivindicam a proposta de empresários que visa retirar alguns direitos dos cobradores e motoristas, como suspensão do ticket alimentação e do plano de saúde durante a pandemia do novo coronavírus.
“Quando a categoria resolveu entrar em greve os motivos eram os atrasos e as demissões, agora se intensificou porque a proposta dos empresários é retirar os direitos dos trabalhadores, retirar o ticket e o plano de saúde. A situação hoje é complicada, a prefeitura não se pronuncia e viemos pedir ao prefeito que faça valer esses direitos, porque não vamos abrir mão deles. Todos os meses há um subsídio para o transporte público de Teresina e os empresários querem que aumentem esse subsidio, enquanto não aumenta os trabalhadores ficam sem receber, não paga ticket, nem plano de saúde”, disse Fernando Feijão ao GP1.
Demissões
Fernando Feijão afirmou ainda que mais de 300 trabalhadores da categoria já foram demitidos durante a pandemia. Ele afirma que estão realizando doações entre eles para distribuir cestas básicas aos demitidos, que se encontram sem recursos para alimentação.
“Já foram demitidos mais de 300 trabalhadores e a grande maioria deles estão com os direitos depositados judicialmente. Nós entramos com uma ação junto ao Ministério Público para garantir isso, mas muitos estão passando fome. Estamos nos ajudando dentro da própria categoria, juntamos 20 reais de cada um para fazer uma cesta básica a quem estiver precisando. Queremos a sensibilização do prefeito diante de tudo isso. Nós somos do grupo de risco também e não estamos sendo respeitados, não adianta nos mandar para casa sem nada”, concluiu o presidente do Sintetro.
O que diz o Setut
Por meio de nota, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros de Teresina (Setut) informou que houve uma convenção coletiva em janeiro de 2020, possibilidade de nova renegociação com os trabalhadores, dentro das possibilidades e das projeções econômicas para este ano.
Confira a nota na íntegra
O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros de Teresina (SETUT) informa que o prazo da última convenção coletiva encerrou em janeiro de 2020 e, ao final deste período, não houve possibilidade de nova renegociação com os trabalhadores, dentro das possibilidades e das projeções econômicas para este ano.
Com o surgimento da pandemia da Covid-19, o sistema passou a transportar apenas 5% da demanda, durante estes 50 dias, até o momento, resultando em um impacto negativo na arrecadação que não cobre sequer os custos básicos, como o óleo diesel. Após o início da greve (15/5/20), o sistema de transporte está totalmente parado há 20 dias.
Diante desta queda na arrecadação, o SETUT informou ao Sindicato dos Trabalhadores em Empresa de Transportes Rodoviários do Piauí (Sintetro-PI) que as empresas cumprirão o que rege à normativas concedidas pelo Governo para ajudar o setor patronal.
O SETUT reforça ainda que compreende o atual momento enfrentado pela classe laboral, mas não julga possível realizar acordos diante deste atual período de incertezas.
As projeções econômicas nacionais para o setor de transportes preveem queda próximo aos 50% na demanda. Portanto, as empresas reforçam que seguirão realizando o que está ao seu alcance e de acordo com a legislação vigente.
Paulatinamente, serão revistos periodicamente o cenário do setor e conforme os avanços ou decréscimos observados na economia será discutido com o sindicato laboral o que ainda poderá ser feito para, juntos, tentar manter o sistema de transporte público ativo.
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